Colapso
Do vírus nipah ao coronavírus: destruição da natureza expõe ser humano a doenças do mundo animal
Em 1998, morcegos na Malásia começaram a migrar em busca de alimento. Desmatamento na região para abrir espaço para agricultura e pecuária havia eliminado suas fontes de comida. Estabeleceram-se em uma nova região onde havia produção de mangas ao lado de criações de porcos e passaram a se alimentar das frutas. Parcialmente comidas, elas caíam em cima dos porcos, que as comiam também.
Vírus carregados por morcegos muitas vezes não causam doenças neles. Em outros animais, contudo, esses vírus podem causar patologias graves. E foi assim que um vírus saiu do morcego, pulou para porcos, onde passou por uma mutação que o deixou mais perigoso para seres humanos. Depois, espalhou entre os porcos, vendidos entre fazendeiros, e finalmente pulou para pessoas.
Chamado de “vírus Nipah”, por causa de um vilarejo na Malásia, desde 1998 este vírus já infectou centenas de pessoas na Malásia, Cingapura, Bangladesh e Índia, com alta taxa de letalidade. É um exemplo de como a interferência do ser humano no meio-ambiente dá meia-volta e nos devolve doenças infecciosas, algo que cientistas apontam ser um problema recorrente e cada vez maior. (…)
Da BBC News Brasil em Londres; foto: Bahia
Matéria enviada pela colaboradora Shirley Albuquerque
50 anos do Dia Mundial da Terra
A poluição do Planeta antes e durante o distanciamento social da epidemia de coronavírus.
Foto: Folha de São Paulo e NASA
Os males ocultos da poluição nº 7
Escapamentos e cigarro liberam monóxido de carbono e muito material particulado
Última edição desta série
(…) O Brasil está longe de ser um dos países mais poluídos do mundo. Esse posto fica com nações asiáticas abarrotadas de indústrias da área química e usinas termelétricas (…) [Mas] Se você mora na maior metrópole do Brasil, você é fumante. Não tem como fugir. Pode ser em maior ou menor escala, mas é.
Uma outra pesquisa feita pelo pessoal do Laboratório da USP avaliou o pulmão de mais de 400 cadáveres de moradores de São Paulo. As conclusões não foram animadoras. “Não dava para diferenciar quem era fumante e quem não era, de tanto material particulado que tinha lá”, disse Matera, que participou do estudo.
É como se todo paulistano fumasse pelo menos quatro cigarros por dia. Tanto os escapamentos como os cilindros de papel [cigarro] liberam monóxido de carbono e muito material particulado. O mecanismo dos dois é o mesmo: a combustão.
A diferença é o que está sendo queimado – combustível ou tabaco. Para os pulmões, dá praticamente na mesma: vira tudo fuligem lá dentro.
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 51; foto: ONU
Rui Iwersen
Os males ocultos da poluição nº 6
As consequências da poluição no cérebro humano
(…) Perder os cabelos, de qualquer forma, não é nada perto do que pode acontecer alguns centímetros abaixo do couro cabeludo: no cérebro. Ainda se sabe pouco sobre como a poluição alcança e afeta a massa cinzenta. Uma pesquisa recente do Laboratório de Poluição Atmosférica, porém, traz uma pista.
Os cientistas observaram um acúmulo de poluentes no bulbo olfatório, a área do cérebro responsável por processar os cheiros. Conclusão: em vez de pegar carona pelo sangue, as partículas provavelmente usaram uma via expressa para chegar à massa cinzenta pelo epitélio olfatório. Ele fica no teto da cavidade nasal e tem acesso direto ao cérebro.
Ainda não há indícios de partículas de poluição em outras partes do cérebro, mas talvez ela chegue lá. A poluição já foi relacionada ao aumento de riscos de Alzheimer, depressão e suicídio. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 50; foto: Dreamstime
Rui Iwersen
Os males ocultos da poluição nº 5
As consequências da poluição ao atravessar a pele humana
(…) O material particulado também pode entrar por outras vias, além do sistema respiratório. Da mesma forma que o material particulado consegue driblar as barreiras do pulmão, ele pode atravessar a pele.
A principal consequência do acúmulo de poluentes na derme está, é claro, na aparência: rugas precoces, olheiras, manchas, acne.
A queda de cabelo é um caso à parte. Um estudo de 2019 revelou o mecanismo de atuação do material particulado nas células do couro cabeludo. O PM10 afeta a produção de beta-catenina, uma proteína essencial para o crescimento de cabelo. Não menos pior: a exposição ao ar poluído ainda diminui a concentração de certas proteínas, responsáveis por manter o cabelo bem preso na cabeça (a CK12, a ciclina D1 e a ciclina E). (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 50; foto: Conexão Planeta
Rui Iwersen
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