Colapso
Reedição de 2018
Antropoceno
70 mil anos de transformações humanas do ‘seu planeta’
Desde o surgimento da vida [na Terra], há cerca de 4 bilhões de anos, uma única espécie jamais havia mudado sozinha a ecologia global. Embora não tenham faltado revoluções ecológicas e eventos que causaram extinções em massa, eles não foram causados pelas ações de um determinado lagarto, morcego ou fungo, e sim pela ação de poderosas forças naturais, como mudanças climáticas, movimentação de placas tectônicas, erupções vulcânicas e colisão de asteroides. (…)
O Homo sapiens reescreveu as regras do jogo. Essa espécie singular de macacos conseguiu mudar em 70 mil anos o ecossistema global de modo radical e sem precedentes. O impacto que causamos já é comparável com o da idade do gelo e dos movimentos tectônicos. Em um século ele pode superar o do asteroide que exterminou os dinossauros 65 milhões de anos atrás.
Aquele asteroide mudou a trajetória da evolução terrestre, mas não suas regras fundamentais, que permanecem fixas desde o aparecimento do primeiro organismo, há 4 bilhões de anos. Durante toda essa eternidade, se você fosse um vírus ou um dinossauro, você evoluiu de acordo com os princípios imutáveis da seleção natural. (…)
Mesmo se deixarmos de lado as perspectivas futuras e só olharmos para trás, para os últimos 70 mil anos, é evidente que o Antropoceno alterou o mundo de maneira única.
Yuval Noah Harari, Homo deus – uma breve história do amanhã, Companhia das Letras, São Paulo, 2016, 12ª reimpressão, 2018; 2. O Antropoceno, páginas 80 e 81
Rui Iwersen
Matéria editada nesta página de GaiaNet em 24 de julho de 2018
O Homem e a natureza nº 35
A política ambiental governamental
Engana-se que pensa que o novo presidente não tem política ambiental. Ela pode não ser compatível com a constituição de 1988 ou com o interesse nacional, mas é conhecida. Nela não cabe Ministério do Meio Ambiente, Acordo de Paris, sediar conferência climática (COP 25) ou exercer qualquer liderança internacional na proteção do meio ambiente. Não cabe índio nem quilombola. Não cabe árvore em pé. Não cabe ciência, nem a do clima e muito menos a que estuda os serviços (ecossistêmicos) que as florestas nos prestam.
As condições de vida da sociedade brasileira e o desenvolvimento econômico dependem desses serviços. Mas bolsonaro professa a filosofia de um aforismo: “Desmatar para aquecer, aquecer para empobrecer”.
Desmatar é o seu fim, no duplo sentido de “fim”: como “propósito “, na tentativa de maximizar ganho imediato da bancada dos amigos, sem enxergar perdas ao país dois palmos á frente; e como “ocaso”, pois esse mesmo agronegócio predatório, por razões climáticas, não sobrevive dois palmos a frente. (…)
Conrado Hübner Mendes, Desmatar para aquecer, aquecer para empobrecer, nº 1067, 10.12.18, página 82
Rui Iwersen
O homem e a natureza nº 33
Planeta atinge esgotamento de recursos naturais mais cedo em toda a série histórica
Índice é medido desde 1970. A partir desta segunda (29), humanidade entrará ‘no vermelho’ no uso de recursos naturais, ou seja, usará mais do que a Terra consegue repor.
Planeta Terra fotografado durante a missão Apollo 17, em 1972 — Foto: Nasa
O Planeta Terra atinge nesta segunda-feira (29) o ponto máximo de uso de recursos naturais que poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente. Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três dias antes que em 2018 – e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970.
Isso significa que, a partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros pontos) entrarão em uma espécie de “crédito negativo” para a humanidade. (…)
Fonte: G1
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