Colapso
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 2
Os homens que avistamos eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas
Neste dia [22 de abril], a hora de véspera, houvemos vista de terra. Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao monte alto o capitão pôs o nome – o Monte Pascal e à terra – a Terra de Vera Cruz. (…)
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem primeiro. (…) E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens.
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Pero Vaz de Caminha, A Carta, abril de 1500, Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2019, páginas 7 e 8; foto: Século Diário.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
#1501
#OBrasildepoisdeCabral
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 1
Dou conta a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou
Senhor,
Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu. (…)
Pero Vaz de Caminha, A Carta, abril de 1500, Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2019, página 5 (1ª frase da Carta); foto: BBC
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
#1501
#OBrasildepoisdeCabral
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral
O que os portugueses fizeram para construir o Brasil, como fizeram, a que preço, e por quê deste modo? Vejamos nesta nova Série de GaiaNet!
No livro 1499, o repórter historiador Reinaldo José Lopes mostra como era “o Brasil antes de Cabral”, e como, infelizmente, ficou depois do “achamento” da “nova terra”, que “o capitão pôs o nome de a Terra da Vera Cruz”, como diz Caminha. Neste livro, o autor, estudioso da pré-história, descreve como viveram por cerca de 12 mil anos os povos que habitavam o continente sul americano, e também como viveram, lutaram e morreram nossos indígenas após a colonização europeia, impregnada de valores nacionalistas, dominantes, maquiavélicos.
Em 1500, Pero Vaz de Caminha escreve A Carta a “vossa Alteza”, o rei de Portugal. Nesta carta ele descreveu como eram e como viviam os nativos “pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas”. Ele descreve ao novo proprietário como é a nova terra achada, e como são e como vivem os nativos “desta vossa nova terra”.
No livro O Príncipe, Maquiavel descreve como eram os europeus no século XVI, mostra o nacionalismo nascente e o poder dos governantes sobre os subordinados, e nos ajuda a entender o Epílogo do livro 1499: “Por que o Brasil pré-histórico foi derrotado”, triste capítulo do qual extraí textos para esta Série.
1501, a nova Série de GaiaNet, terá cerca de 20 pequenos artigos extraídos destes 3 livros. Iniciarei dia 30 de dezembro com trechos de A Carta que mostram como eram os indígenas do continente com os quais os portugueses tiveram contato, continuarei com trechos do livro 1499, especialmente do Epílogo deste livro que mostram o que aconteceu na relação dos dominantes sobre os povos dominados, e concluirei com citações de Maquiavel aconselhando os príncipes europeus a manter e expandir seus domínios. Veremos, então, como eram os seres humanos que viviam no continente, como eram os “descobridores” dominantes, o que aconteceu aos povos originários, por que, e como os povos que restaram estão vivendo ou sobrevivendo hoje.
Esta Série será editada a cada 15 dias na página https://gaianet.com/saude-ambiental/, em outras páginas de GaiaNet – www.gaianet.com – e em suas paginas do Facebook (@gaianet.com) e Instagram (@bloggaianet).
Boa leitura, boas reflexões e boas ações pela possível existência pacífica e saudável dos nossos povos originários, os primeiros brasileiros, os frutos da terra e guardiões de nossas florestas.
Fonte da foto de fundo: Fundação 1º de Maio
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
#1501
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Síntese do livro A Vingança de Gaia de James Lovelock
6. Precisamos urgentemente selar uma paz justa com Gaia enquanto somos fortes o bastante para negociar
Capítulo 9 – Além da Estação Final
Concluindo, neste capítulo James Lovelock analisa, entre outras coisas, as condições sanitárias do Planeta após milênios de maltrato por um de seus filhos –Homo sapiens – e convida os seres humanos a fazerem as pazes com Gaia. Diz Lovelock nas páginas 139 e 145:
“Gaia, a Terra viva, está velha e não mais tão forte como há 2 bilhões de anos. Ela luta contra o aumento inevitável do calor solar a fim de manter a Terra fresca o bastante para sua profusão de vida. Mas, para agravar suas dificuldades, uma dessas formas de vida – os seres humanos, animais tribais aguerridos com sonhos de conquistar até outros planetas – tentou governar a Terra em seu próprio benefício somente”. (…)
“De várias maneiras, estamos em guerra involuntária contra Gaia, e para sobreviver com nossa civilização intacta precisamos urgentemente selar uma paz justa com Gaia enquanto somos fortes o bastante para negociar, e não uma ralé derrotada e debilitada em vias de extinção”.
Matéria editada originalmente em 2009 nesta página, e reeditada em dezembro de 2018; foto: Carta Capital
Rui Iwersen, médico planetário
Veja mais…