Colapso
Temperatura do planeta pode subir quase 5ºC até fim do século, estima IPCC
2013: O planeta teve o quinto junho mais quente já registrado na série história, segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, a NOAA. A temperatura média global de junho ficou em 16,14 graus Celsius, empatado com a de junho de 2006, o que representa 0,64ºC acima da média do século 20. Leia mais NOAA Climate.gov team
A temperatura do planeta subirá quase 5 graus Celsius (ºC) até 2100, afirma a previsão mais pessimista do novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado nesta sexta-feira (27). O painel reunido em Estocolmo, na Suécia, analisou quatro cenários possíveis sobre as mudanças climáticas até 2100. No caso mais otimista, a elevação da temperatura varia entre 0,3°C e 1,7ºC no período 2081-2100 frente à média observada entre 1986 e 2005. Já na hipótese mais pessimista, o planeta ficará entre 2,6ºC e 4,8°C mais quente na mesma comparação. Os especialistas apresentaram essa variação baseada em quanto o planeta pode emitir, nas próximas décadas, de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera. (…)
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Elevação do nível do mar pode superar 80 cm até o fim do século
Estocolmo – Especialistas revisarão para cima a elevação do nível do mar esperada para o próximo século na sexta-feira (27), durante a conferência sobre o clima em Estocolmo, na Suécia, alertando para uma ameaça importante provocada pelas mudanças climáticas que não deve preocupar apenas os atóis do Pacífico.
Em 2007, em seu relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) avaliou que a alta média dos oceanos poderia alcançar entre 18 e 59 centímetros em 2100. Em sua nova análise sobre o estado do planeta, que terá sua primeira parte publicada na sexta-feira, a organização científica revisará estes números para cima, referindo-se a uma alta das águas que pode superar os 80 cm no fim do século, segundo versão provisória do resumo que ainda pode ser modificada. (…)
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Mensagem Quixotesca nº 2
Mensagem ao prefeito da cidade do Rio de Janeiro
Estou acostumado a aconselhar governador de ilha. Confesso humildemente que nunca aconselhei o prefeito de alguma grande cidade moderna. Mas, embora eu não saiba tudo do seu município e da sua cidade, o Rio de Janeiro, estou percebendo que o senhor está numa situação delicada, e acho que eu sou a pessoa mais indicada para aconselhá-lo sobre administração existencial.
Entre outros problemas e dificuldades enfrentados na Jornada Mundial da Juventude, realizada pela Igreja Católica no Rio de Janeiro em julho, em Guaratiba, na região oeste da cidade, uma área de mangue de 1,7 milhão de metros quadrados foi aterrada para construir um templo religioso para o evento. A ação foi nitidamente anticonstitucional e, certamente, ilegal frente ao Instituto de Planejamento Urbano e à Vigilância Sanitária e Ambiental do município do Rio de Janeiro.
Com as chuvas daquela semana, a área do templo, uma área de preservação permanente, conforme a Constituição Federal de 1988, ficou inutilizável para fins cerimoniais, e as atividades religiosas daquela área foram transferidas para Copacabana. Com as reclamações dos moradores da região de Guaratiba, que pensavam ter melhorias permanentes no bairro e lucrar com hospedagem e alimentação dos peregrinos, o senhor prometeu, sem perceptíveis reflexões técnicas, éticas e ecológicas, construir naquele terreno um bairro popular, a Comunidade da Fé, ou coisa parecida.
No passado, eu aconselhei o governador de uma ilha. Mas, o senhor é o prefeito de uma das maiores cidades do Brasil, uma cidade conhecida em todo o mundo por seu povo, por sua beleza e por sua natureza. Aconselhá-lo me parece mais difícil, porém também importante. O senhor, que me parece um cristiano viejo – eu diria mesmo, um cristão primitivo, daqueles que oferecem ovos para Santa Clara para parar a chuva -, não se deixe levar por opiniões místicas, especulativas ou eleitoreiras.
Tenha as suas próprias opiniões, e assessore-se para que elas sejam as melhores para tudo e para todos. Além da devida atenção às minhas recomendações, recomendo-lhe também que esteja atento às suas naturais assessorias. O conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), por exemplo, reforça tecnicamente minha humilde opinião social, cultural e ambiental. Veja se eu não tenho razão, analisando a matéria Crea aponta riscos de construção de bairro no Campo da Fé, da Agência Brasil:
“A construção de um bairro popular no terreno de Guaratiba, na zona oeste da cidade, onde estava sendo preparado o Campo da Fé (Campus Fidei), que abrigaria eventos da Jornada Mundial da Juventude, pode gerar graves riscos para a população, alertou o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). Em nota à imprensa, o Crea ressaltou que o terreno, de 1,7 milhão de metros quadrados, que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pretende transformar em bairro, está situado em uma área de mangue e, por isso, fica sujeito a alagamentos (…) Segundo o conselho, o que ocorreu com o terreno com as chuvas da semana passada foi “apenas uma amostra” do que poderá ocorrer no futuro.”
Senhor Prefeito: um dia o movimento das ruas pode passar a lutar também pela natureza e decidir defender o que resta de animais, de florestas e de mangues. Neste momento, assumir uma atitude complacente e permissiva com interesses místicos ou ilegais não será bom para o prefeito de uma importante cidade de um país laico, democrático e cosmopolita como o Brasil.
Além disso, como nós conhecemos a relação dos nossos conterrâneos contemporâneos com a natureza, nós sabemos que se hoje o senhor der o mangue, amanhã terá que dar o rio que margeia o mangue, e terá que dar outros mangues, outros rios; terá que dar as matas ciliares, as nascentes dos rios e as encostas de morros. Depois terá que dar os morros. Um dia lhe exigirão a Floresta da Tijuca, e o senhor terá que dar. Um dia o senhor não terá mais nada para dar e eles tomarão o seu cargo, senhor Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. E, pelo que eu imagino, não haverá ninguém para oferecer alguma coisa para Santa Clara ou para algum outro santo para ajuda-lo. E nós sabemos que não ajudaria nada mesmo!
Ao contrário, se o senhor ajudar a preservar e recuperar estes 1,7 milhões de metros quadrados do mangue de Guaratiba, ajudará a preservar este mangue e seu rio, e fará bem à cidade do Rio, que não é só de janeiro, fevereiro e março e dos cariocas; o Rio de Janeiro é de todos o ano todo!
Além de inconstitucional, uma atitude permissiva frente a ocupação religiosa ou urbana de um mangue poderá ser vista como populista. Ao contrário, uma atitude de proteção e de recuperação do Mangue de Guaratiba seria interpretada, ao menos pelos homens menos místicos e mais realistas da sociedade e, portanto, formadores de opinião, como um ato politica, social e ecologicamente correto. Lembre-se que Dom João VI, o último imperador português do Brasil, recuperou a Floresta da Tijuca na cidade o Rio de Janeiro e, duzentos anos depois, é lembrado com simpatia e gratidão pela maior floresta urbana do planeta Terra. Mas lembre-se: das outras florestas é que resta menos!
Se o senhor decidir poupar e recuperar o Mangue de Guaratiba, conte comigo nessa aventura!
O Sancho pediu para lembrar o senhor que “quem mata tudo mata a galinha dos ovos de ouro”.
Rui Iwersen
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