Reflexões ecológicas
Mensagem Quixotesca nº 2
Mensagem ao prefeito da cidade do Rio de Janeiro
Estou acostumado a aconselhar governador de ilha. Confesso humildemente que nunca aconselhei o prefeito de alguma grande cidade moderna. Mas, embora eu não saiba tudo do seu município e da sua cidade, o Rio de Janeiro, estou percebendo que o senhor está numa situação delicada, e acho que eu sou a pessoa mais indicada para aconselhá-lo sobre administração existencial.
Entre outros problemas e dificuldades enfrentados na Jornada Mundial da Juventude, realizada pela Igreja Católica no Rio de Janeiro em julho, em Guaratiba, na região oeste da cidade, uma área de mangue de 1,7 milhão de metros quadrados foi aterrada para construir um templo religioso para o evento. A ação foi nitidamente anticonstitucional e certamente ilegal frente ao Instituto de Planejamento Urbano e à Vigilância Sanitária e Ambiental do Estado e do Município do Rio de Janeiro.
Com as chuvas daquela semana, a área do templo, uma área de preservação permanente, conforme a Constituição Federal de 1988, ficou inutilizável para fins cerimoniais, e as atividades religiosas daquela área foram transferidas para Copacabana. Com as reclamações dos moradores da região de Guaratiba, que pensavam ter melhorias permanentes no bairro e lucrar com hospedagem e alimentação dos peregrinos, o senhor prometeu, sem perceptíveis reflexões técnicas, éticas e ecológicas, construir naquele terreno um bairro popular, a Comunidade da Fé, ou coisa parecida.
No passado, eu aconselhei o governador de uma ilha. Mas, o senhor é o prefeito de uma das maiores cidades do Brasil, uma cidade conhecida em todo o mundo por seu povo, por sua beleza e por sua natureza. Aconselhá-lo me parece mais difícil, porém não mais importante. O senhor, que me parece um cristiano viejo – eu diria mesmo, um cristão primitivo, daqueles que oferecem ovos para Santa Clara parar a chuva -, não se deixe levar por opiniões místicas, comerciais ou eleitoreiras.
Tenha as suas próprias opiniões, e assessore-se para que elas sejam as melhores para tudo e para todos. Além da devida atenção às minhas recomendações, recomendo-lhe também que esteja atento às suas naturais assessorias. O conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), por exemplo, reforça tecnicamente minha humilde opinião social, cultural e ambiental. Veja se eu não tenho razão, analisando a matéria Crea aponta riscos de construção de bairro no Campo da Fé, da Agência Brasil:
“A construção de um bairro popular no terreno de Guaratiba, na zona oeste da cidade, onde estava sendo preparado o Campo da Fé (Campus Fidei), que abrigaria eventos da Jornada Mundial da Juventude, pode gerar graves riscos para a população, alertou o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). Em nota à imprensa, o Crea ressaltou que o terreno, de 1,7 milhão de metros quadrados, que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pretende transformar em bairro, está situado em uma área de mangue e, por isso, fica sujeito a alagamentos (…) Segundo o conselho, o que ocorreu com o terreno com as chuvas da semana passada foi “apenas uma amostra” do que poderá ocorrer no futuro.”
Senhor Prefeito: um dia o movimento das ruas pode passar a lutar também pela natureza e decidir defender o que resta de animais, de florestas e de mangues. Assumir uma atitude complacente e permissiva com interesses místicos ou ilegais não será bom para o prefeito de uma importante cidade de um país laico, democrático e cosmopolita como o Brasil.
Além disso, como nós conhecemos a relação dos nossos conterrâneos contemporâneos com a natureza, nós sabemos que se hoje o senhor der o mangue, amanhã terá que dar o rio que margeia o mangue, e terá que dar outros mangues, outros rios; terá que dar as matas ciliares, as nascentes dos rios e as encostas de morros. Depois terá que dar os morros. Um dia lhe exigirão a Floresta da Tijuca, e o senhor terá que dar. Um dia o senhor não terá mais nada para dar e eles tomarão o seu cargo, senhor Prefeito da cidade do Rio de Janeiro. E, pelo que eu imagino, não haverá ninguém para oferecer alguma coisa para Santa Clara ou para algum outro santo para ajuda-lo. E nós sabemos que de nada ajudaria mesmo!
Ao contrário, se o senhor ajudar a preservar e recuperar estes 1,7 milhões de metros quadrados do mangue de Guaratiba, ajudará a preservar este mangue e seu rio, e fará bem à cidade do Rio, que não é só de janeiro, fevereiro e março e dos cariocas; o Rio de Janeiro é de todos o ano todo!
Além de inconstitucional, uma atitude permissiva frente a ocupação religiosa ou urbana de um mangue poderá ser vista como populista. Ao contrário, uma atitude de proteção e de recuperação do Mangue de Guaratiba seria interpretada, ao menos pelos homens menos místicos e mais realistas da sociedade, como um ato politica, social e ecologicamente correto. Lembre-se que Dom João VI, o último imperador português do Brasil, recuperou a Floresta da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro e, duzentos anos depois, é lembrado com simpatia e gratidão pela maior floresta urbana do planeta Terra. Mas lembre-se: das outras florestas é que resta menos!
Se o senhor decidir poupar e recuperar o Mangue de Guaratiba, conte comigo nessa aventura!
O Sancho pediu para lembrar o senhor que “quem mata tudo mata a galinha dos ovos de ouro”.
Rui Martins Iwersen
Darwin tinha razão nº 7
Sobre macacos e homens
Na Exposição de 1815 em Londres, as pessoas se aglomeravam para ver os modelos de dinossauros feitos a partir de esqueletos preservados; eles achavam que eram animais que não conseguiram entrar na arca de Noé e se afogaram na lama.
Curta! O canal independente;No Jardim de Darwin; O Grande Debate; 03 de agosto de 2013
Nós refizemos algumas pesquisas que Darwin fez. Seus seres preferidos eram a minhoca e as plantas. (…) Darwin provou que as minhocas tem, sim, inteligência; é uma questão de nível. Os seus estudos sobre as emoções dos animais ele publicou em 1872 em seu livro sobre a expressão das emoções nos animais [A expressão das emoções nos homens e nos animais; Companhia das Letras].
A curiosidade e o medo são as expressões que mais identificam os primatas. No caso da curiosidade de olhar uma cobra [uma falsa coral colocada em uma caixa], animal que tanto os amedronta, eu diria que a curiosidade dos macacos é maior ainda que a dos humanos.
Darwin foi o primeiro a pesquisar a consciência em crianças e em primatas. No Teste do Batom, em que uma bochecha da criança é pintada com batom vermelho, as crianças de um ano não reconhecem sua imagem e vão olhar atrás do espelho, como os macacos fazem.
As crianças de dois anos reconhecem a sua imagem no espelho, como os chimpanzés, gorilas e orangotangos. Nos testes de olhar-se no espelho, gorilas e orangotangos mostram-se mais conscientes de si que crianças. Na época de Darwin não havia nenhum fóssil humano intermediário entre o homem e o macaco, mas ele seguiu confiante que um dia seria encontrado.
Curta! O canal independente; No Jardim de Darwin; Sobre Macacos e Homens; 03 de agosto de 2013
Rui Martins Iwersen
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4 Comments to “ Reflexões ecológicas”
Olá Maduca.
Assim como eu, talvez outros demorem a perceber que teu nome, escrito em vermelho em teu comentário, é o link de teu site.
Aproveito esta autocrítica e estas reflexões para divulgar teu link e recomendar teu site (que eu visitei e gostei). Importantes e graves as revelações sobre a história e as estratégias da sociedade capitalista de consumo (tão nefasta para o meio ambiente) mostradas e documentadas no vídeo sobre “obsolescência programada”.
Continuo com a opinião de que deverias, sempre que possivel e conveniente, divulgar o endereço eletrônico de teu site, o que poderia facilitar o acesso dos interessados.
Abraço.
Rui
Oi. Visite o meu blog de design ecológico; já coloquei um
link para vocês em meio ambiente. Abraço. Maduca.
Oi Maduca.
No teu comentário a Gaianet tu não deste o nome e o endereço do teu site. Por favor, apresente para mim e para os leitores de GaiaNet o endereço eletrônico de teu blog. Seria bom e importante para nós visitarmos o teu site e lermos, vermos e aprendermos mais sobre design ecológico.
Obrigado pelo vínculo com GaiaNet.
Abraço.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
Olá Rui… Gostei muito do seu trabalho… E de como voce traz as informações… Parabéns!
Estou linkando este espaço no blogue 365 Atos… Um grande abraço.