Colapso
Alerta à Humanidade nº 49
Dia da Sobrecarga da Terra chega mais cedo
Em 2021, a humanidade excedeu sua cota anual de recursos regeneráveis em 29 de julho, três semanas antes do que em 2020. Seriam necessárias 1,7 Terras para satisfazer nossas necessidades de consumo.
Hoje, a humanidade consome 74% a mais do que o que os ecossistemas globais podem regenerar
Após um adiamento temporário devido à pandemia em 2020 – quando o Dia da Sobrecarga da Terra foi em 22 de agosto – em 2021 a data em que a humanidade esgotou todos os recursos biológicos que a Terra regenera ao longo de um ano acontece três semanas antes, neste 29 de julho. No Brasil, a cota foi esgotada dois dias antes, em 27 de julho.
“Apesar de nos restar quase meio ano, já esgotamos nossa cota de recursos biológicos para 2021”, advertiu Susan Aitken, líder do Conselho Municipal de Glasgow, onde lideranças mundiais se reunirão em novembro para a cúpula climática COP26. “Se precisamos lembrar que estamos sob uma emergência climática e ecológica, o Dia da Sobrecarga da Terra é a ocasião para isso”, lembrou.
Como grande parte do mundo estava vivendo sob lockdowns impostos devido ao coronavírus no ano passado, o Dia da Sobrecarga aconteceu quase um mês depois do recorde de 2018, quando foi em 25 de julho. Mas mesmo que as emissões de carbono causadas por viagens aéreas e transporte rodoviário ainda estejam abaixo dos altos índices de 2019, a economia global em ascensão está empurrando as emissões e o consumo de volta para cima. (…)
O Dia da Sobrecarga da Terra existe desde 2006. A Global Footprint Network (GFN), organização de pesquisa que apresenta a data a cada ano junto com o grupo ambiental WWF, compara o cálculo a um extrato bancário que rastreia receitas em relação aos gastos. Ele considera milhares de dados da ONU sobre recursos como florestas biologicamente produtivas, pastagens, terras de cultivo, áreas de pesca e áreas urbanas. Esse cálculo é então medido em relação à demanda desses recursos naturais, entre eles alimentos de origem vegetal, madeira, gado, peixe e a capacidade das florestas de absorver emissões de dióxido de carbono.
Hoje, a humanidade consome 74% a mais do que o que os ecossistemas globais podem regenerar. Para continuar vivendo nos padrões atuais, precisaríamos dos recursos de cerca de 1,7 planetas. E isso não parece mudar tão cedo. (…)
Matéria enviada pelo colaborador de GaiaNet Jorge F. Schneider; fonte: DW – Made for minds
#DesmatamentoNão
#ReflorestamentoSim
#DesmatamentoNãoReflorestamentoSim
Alerta à Humanidade nº 48
Mudanças climáticas: chuvas torrenciais na Europa e China; secas e incêndios nas Américas do Sul e do Norte
Imensa quantidade de água tem causado inundações gigantescas, alagado cidades e derrubado casas em países da Europa Central. É o maior número de mortos na Alemanha desde 1962. (…) As inundações no rio Elba, que em 2002 foram anunciadas como “inundações que acontecem uma vez por século”, mataram centenas de pessoas no leste da Alemanha e em toda a Europa. As chuvas deste ano têm afetado também a Bélgica, e Holanda, França e Luxemburgo em menor intensidade. (1)
Na China, 12 pessoas morreram em uma linha de metrô que foi inundada em Zhengzhou, que registrou as chuvas mais fortes em mil anos, segundo autoridades meteorológicas. (2)
A onda de calor na América do Norte apareceu em junho de 2021 devido a uma crista excepcionalmente forte centrada sobre a área, cuja força foi um efeito das mudanças climáticas. (…) A onda de calor provocou inúmeros e extensos incêndios florestais atingindo centenas de quilômetros quadrados de área, que levaram a uma grande perturbação em diversas estradas. Um deles destruiu em grande parte a vila de Lytton, Columbia Britânica, local onde foi estabelecido o recorde de temperatura na história do Canadá. (…) (3)
O centro e o sul do Brasil enfrentam no momento a pior seca em quase um século, e imagens recentemente capturadas por satélite da NASA na região do Lago das Brisas, no rio Parnaíba, em Minas Gerais, ilustram a gravidade de tal quadro. (…) Dos 14 reservatórios próximos monitorados pela agência americana, 7 apresentaram os níveis mais baixos medidos desde 1999 na região, e nas proximidades da fronteira do Brasil com o Paraguai o Rio Paraná apresenta níveis em 8,5 metros abaixo da média (…) (4)
Artigo publicado na Nature por pesquisadores brasileiros revela que o leste do bioma amazônico já emite mais carbono do que remove da atmosfera, graças ao desmatamento e mudanças climáticas. A Amazônia desempenha um papel crucial para o planeta, absorvendo e concentrando carbono que poderia estar na atmosfera. Mas essa capacidade está sendo reduzida, em decorrência do desmatamento descontrolado e das mudanças climáticas, sobretudo no leste da Amazônia. O bioma está se transformando em emissor de carbono, em vez de um sumidouro. Pesquisadores brasileiros constataram que a intensificação da estação seca e o crescente desmatamento promovem um distúrbio no ecossistema, a ponto de aumentar a incidência de queimadas e das emissões de gases de efeito estufa. (…) (5)
Fontes: (1) e (2) G1; (3) Wikipédia; (4) Hypeness; (5) National Geographic. foto: MetSul Meteorologia
Rui Iwersen, médico planetário
#DesmatamentoNão
#ReflorestamentoSim
#DesmatamentoNãoReflorestamentoSim
Como a floresta vai para o chão
Ação coordenada (e ilegal) é responsável pela escalada de destruição da Amazônia:
DERRUBADA
Latifundiários e grileiros (que fraudam os títulos de propriedade das terras) contratam madeireiros para extrair as árvores de alto valor econômico da área que pretendem desmatar. Assim, “preparam o terreno” antes da destruição da floresta e ainda lucram com a venda da madeira.
CORRENTÃO
Dois tratores interligados por uma enorme corrente atuam em conjunto para derrubar o que sobrou da mata. Eles literalmente dão uma rasteira na floresta: o processo é tão violento que chega a arrancar algumas árvores pela raiz. É assim que a Amazônia morre.
SOL
Hora de ter um pouco de paciência e deixar a própria natureza fazer sua parte. Restos e tocos de vegetação secam ao sol por alguns meses durante a estação mais seca para que fiquem no ponto de queimar. Por sua alta umidade, a Amazônia não sofre com queimadas naturais.
FOGO
Responsáveis pelo desmatamento ilegal iniciam a queimada, que transforma a vegetação cortada em cinzas, permitindo que se plante soja ou capim naquele terreno que antes abrigava o verde das árvores. O fogo muitas vezes acaba invadindo áreas de conservação.
PECUÁRIA
Por fim, a maior floresta tropical do planeta dá lugar a pastagens para a criação de gado. A pecuária é, de longe, a grande responsável pela destruição da Amazônia: estima-se que esteja por trás de 65% do desmatamento do bioma no Brasil.
A. J. Oliveira e Bruna Scorsatto, Como a floresta vai para o chão?, revista Galileu, Edição 339, outubro de 2019, página 30; foto: BBC
#DesmatamentoNão
#ReflorestamentoSim
#DesmatamentoNãoReflorestamentoSim
Rui Iwersen, médico planetário, editor de GaiaNet
Alerta à Humanidade nº 46
Cientistas estimam entre 631 mil e 827 mil o número de vírus capazes de passar do animal ao homem
- Para o senhor, o mundo não estava preparado para esta epidemia?
- O mundo subestima os perigos. Há provavelmente uma relação direta entre o desmatamento, principalmente na América do Sul, e o fato de que animais que viviam distantes dos humanos estejam, hoje, em contato. Nos próximos anos, devemos prever novas transmissões de vírus de animais para nós. Devemos tirar também uma lição em relação ao meio ambiente nesta crise. Um grande artigo publicado na revista Science explica isso: cientistas estimam entre 631 mil e 827 mil o número de vírus capazes de passar do animal ao homem se não dermos atenção à gestão do meio ambiente. Isso ainda não acabou.
Fhilippe Juvin, médico francês, diretor do Hospital Europeu Georges Pompidou em Paris; revista Época nº 1175, 25 de janeiro de 2021, página 35; foto: Climainfo
Rui Iwersen
Pantanal: antes de fechar o mês, outubro tem recorde de queimadas
Foram registrados 2.825 focos de incêndio até esta quinta-feira (29/10), maior acumulado para o mês no histórico dos levantamentos
Mesmo antes de terminar, outubro de 2020 já bateu recorde histórico de queimadas no Pantanal para o mês. Segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma registrou, até quinta-feira (29/10), 2.825 focos de incêndio, um aumento de 16% em relação a outubro de 2019. Esta é a pior marca para o mês desde que o instituto passou a monitorar as chamas nos biomas brasileiros, em 1998.
Até então, o maior acumulado de incêndio no Pantanal em outubro tinha sido em 2002, quando foram somados 2.761 focos. Os números seguem a tendência de recordes do ano. Com 8.106 registros, setembro deste ano foi o mês em que mais o Pantanal queimou na comparação com todos os outros meses do ano na história do levantamento.
O alerta de que o bioma sofreria uma das piores perdas foi evidenciado em julho, que também extrapolou o máximo de registros até então, somando 1.684 focos. Já agosto de 2020, que somou 5.935 incêndios, só não superou a marca de 2005, quando o fogo atingiu 5.993 pontos. (…)
Fonte: Correio Braziliense
Queimadas no Pantanal têm pior cenário em 22 anos, diz Inpe
Dados do Inpe mostram que, desde janeiro deste ano, bioma teve maior área queimada e maior quantidade de focos de incêndio.
(…) O cenário é grave, tendo em vista que em 16 de julho o governo federal publicou um decreto que proíbe queimadas no Pantanal e na Amazônia por 120 dias. A ação foi uma tentativa de resposta da União a empresários e investidores do Brasil e do exterior que passaram a cobrar de forma mais enfática uma ação por parte do governo para frear o desmatamento e as queimadas no país, em especial na Amazônia Legal (que engloba nove estados).
Especialistas apontam que a redução do volume de chuvas colaborou com o cenário: sem a cheia tradicional do começo do ano no Pantanal, a vegetação ficou bem mais seca, favorecendo as queimadas. Coordenador técnico do MapBiomas, que trabalha em parceria com a ONG SOS Pantanal, Marcos Rosa pondera que existem ciclos climáticos naturais com secas ou chuvas maiores. “A maior preocupação é que a seca que ocorreu neste ano seja o começo de um novo padrão”, diz. (…)
Para evitar novas queimadas de grandes proporções, há ações em três níveis que podem ser adotadas, segundo ele. A primeira é manter o uso tradicional da pastagem natural. “Ação que conserva tanto a vegetação, quanto a cultura do pantaneiro”, pontua Rosa. A segunda é a preservação das matas dos rios que desaguam no Pantanal. Elas funcionam como um filtro dos sedimentos. Sem elas, os rios do bioma ficam mais rasos, inundando áreas que antes ficavam secas. A terceira é a preservação da Amazônia, pois regula o regime hídrico — incluindo de chuvas — de todo o caminho até o Sudeste. (…)
Fonte: O Estado de Minas Nacional; foto: Campo Grande News
Enquanto se pensa, com razão, na Amazônia…
Consequências da devastação das nascentes do Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil: são mais de 2 milhões de quilômetros quadrados espraiados por 12 estados. É também lar de uma imensa diversidade de vida: mais de 13 mil espécies de plantas, 850 de aves e 250 de mamíferos.
Está encarapitado sobre três dos principais aquíferos da América do Sul: o Guarani, o Bambuí e o Urucuia. A água que chove no Cerrado penetra o solo e fica armazenada na rocha porosa. É distribuída para o Brasil inteiro: estima-se que, em diferentes proporções, o Cerrado abasteça oito das 12 regiões hidrográficas do país. A água do subsolo ainda responde por cerca de 90% da vasão dos rios do bioma. (…)
Com frequência cada vez maior, a água que deveria penetrar o solo, para alimentar aquíferos e lençóis freáticos, escorre pela superfície e se evapora. (…) O fenômeno é consequência de um acelerado processo de desmatamento.
Fonte: Revista Época nº 979; 27 de março de 2017; Fronteiras ecológicas; Falta água, sobra pasto; páginas 70 e 71
Matéria editada originalmente em GaiaNet em 22 de setembro de 2017
Rui Iwersen
As possíveis origens do Coronavírus
Morcego Ferradura, provável fonte do Coronavírus
Ainda não há conclusões sobre como o novo coronavírus pulou de animais para seres humanos. Uma das hipóteses é que tenha sido em um mercado de alimentos em Wuhan, na China, o que fez com que muitos defendessem o fechamento de mercados do tipo, com venda de animais vivos e silvestres. Há outras hipóteses correntes.
“Nós estamos negligenciando o cenário maior”, diz à BBC News Brasil o ecologista especializado em doenças Richard Ostfeld, do Cary Institute of Ecosystem Studies, nos Estados Unidos.
“Tivemos alguns exemplos de surgimento de doenças nesses mercados com animais selvagens, como a Sars. E é importante entender que essas atividades humanas de agrupamentos estranhos de espécies que nunca ocorrem juntas na natureza influenciam esses eventos. Mas há outras maneiras pelas quais nossas atividades humanas podem facilitar o surgimento ou transmissão de doenças, como o desmatamento, a abertura de terra para agricultura, entre outros. Isso não pode ser esquecido.”
Da BBC News Brasil em Londres; foto: UOL Notícias
Matéria enviada pela colaboradora Shirley Albuquerque
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