Colapso
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 16
Cada grupo indígena enfrentou o evento apocalíptico do contato com os europeus à sua própria maneira
Desde os primeiros momentos da colonização, não faltaram estratégias, por parte dos indígenas, para que a presença dos portugueses e espanhóis fosse utilizada em favor dos objetivos das próprias sociedades nativas. (…)
Assim como os ingleses do século XVIII reagiram à Revolução Industrial de formas totalmente diferentes das que prevaleceram entre os japoneses do fim do século XIX, cada grupo indígena enfrentou o evento apocalíptico do contato à sua própria maneira, às vezes até tirando partido com algum sucesso das novas condições impostas pela presença europeia (embora essa possibilidade tenha sido claramente a exceção, e não a regra).
Reinaldo José Lopes, 1499 – O Brasil antes de Cabral, Epílogo – Por que o Brasil pré-histórico foi derrotado, Editora Harper Collins, página 202; foto: Tucum Brasil
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Prêmio Aquecedor Global
No mês mais quente da história do planeta Terra, GaiaNet oferece a Homo sapiens um triste reconhecimento do papel da espécie na destruição progressiva de seu berço, de seu lar e das outras espécies animais e vegetais de Gaia, a Terra viva.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 5
Começou a cobiça portuguesa pelo ouro e a prata da terra
[Os nativos] Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs o olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados.
Pero Vaz de Caminha, A Carta, abril de 1500, Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2019, páginas 12 e 13; foto: Minas Jr
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
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Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 4
Andam nus, sem nenhuma cobertura; nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas
(…) e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa almadia [embarcação rústica usada pelos indígenas]. Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; mas de nada lhes serviram. Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festa.
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
Pero Vaz de Caminha, A Carta, abril de 1500, Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2019, páginas 10 e 11; foto: BBC
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
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Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 3
Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
Ali não pode deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramalhete grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira [árvore de cujas sementes se fazem contas semelhantes às de aljôfar], as quais creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
Pero Vaz de Caminha, A Carta, abril de 1500, Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2019, páginas 8 e 9; foto: Toda Matéria
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
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