Colapso
Os males ocultos da poluição nº 3
Os efeitos da poluição no corpo humano
(…) Quanto menor a partícula [sólida suspensa no ar], mais fundo ela consegue penetrar no corpo. A via respiratória é a porta da frente para a entrada de poluentes. Quando inalados, eles chegam até os alvéolos pulmonares, os responsáveis por enviar oxigênio para o sangue.
Lá nos alvéolos existe uma barreira formada por células “gigantes”, mil vezes maiores que o PM2,5. Esse obstáculo, então, é poroso o bastante para que partículas de 0,01 micrômetro cheguem ao sangue.
Uma vez na corrente sanguínea, eles alcançam lugares inusitados do corpo. Estudos recentes relacionaram a presença de PM2,5 na atmosfera com casos de baixa densidade dos ossos, condição que aumenta o risco de osteoporose.
A hipótese é que as partículas afetem a produção do hormônio da paratireoide, responsável por regular a concentração de cálcio no sangue. Sem esse mineral, os ossos perdem massa e ficam mais suscetíveis a fraturas, principalmente em idosos.
Para os mais jovens, há outros perigos. Já se sabe que os gases e o material particulado afetam a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. A quantidade e a qualidade dos espermatozoides diminui, enquanto a ovulação fica desregulada. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 49; foto: Dreamstime
Rui Iwersen
Os males ocultos da poluição nº 2
A poluição nas grandes cidades
(…) Nas cidades grandes, a maior parte desse material [partículas sólidas suspensas no ar] vem diretamente do escapamento dos carros. 63% do material particulado fino de São Paulo é de origem veicular, 18% vem das indústrias, e só os 19% restantes são liberados pelo ambiente naturalmente – na forma de pólen, por exemplo.
Esses compostos não são classificados pela sua origem, mas pelo tamanho. No jargão científico, vai de PM10 até o PM2,5. A sigla é uma abreviação de “material particulado” em inglês, e o número seguinte equivale ao tamanho da partícula em milésimos de milímetro (os “micrômetros”) (…)
Pense em um grão de areia bem fininho. Por minúsculo que seja, ele tem em média 100 micrômetros de diâmetro – dez vezes mais que o maior tipo de material particulado. Os mais perigosos para a saúde são até menores do que isso, podendo chegar a 0,01 micrômetro. Esses são, de longe, os mais abundantes no ar.
Não tem como escapar. A Organização Mundial da Saúde estima que nove a cada dez pessoas no mundo respiram ar altamente poluído. Ele já é responsável por 4,2 milhões de mortes anualmente – mais do que malária e os acidentes de trânsito juntos. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 48; foto: Estudo Prático
Rui Iwersen
Os males ocultos da poluição nº 1
Os gazes e as partículas sólidas suspensas no ar
Primeiro artigo de uma série de 7 que apresentarei a partir deste artigo da Super Interessante
99% dos gases que entram nos seus pulmões são uma mistura de nitrogênio com oxigênio, numa proporção de 78% para 21%. O outro 1% é basicamente argônio (0,93%), e aí vai traços de CO2 e vapor d’água. Isso é o que a gente chama de ar puro. O perigo mora nos menos de 0,001 restantes.
Ali entram pitadas de outros gases: dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2) – “temperos” que deveriam passar bem longe do seu corpo. Eles são responsáveis por agravar a asma, alergias, insuficiência respiratória, conjuntivites e, no caso do monóxido de carbono, até levar à asfixia.
E os gases nem são a pior parte da poluição nas cidades. Quem causa mais danos são as partículas sólidas suspensas no ar. Essa parte sólida da poluição tem nome e sobrenome: material particulado. Trata-se de uma selva de grãozinhos minúsculos, bem diferentes entre si.
Tem de tudo ali: pedaço de motor de carro (na forma de poeira metálica), cimento (que voa das construções) e muita fuligem – que deixa seu pulmão parecendo uma churrasqueira suja. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 48; foto: UOL Notícias
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 43
Micro-plásticos nos oceanos e no Planeta
Eles estão na água que você bebe, no solo e até no seu cocô.
Se os microplásticos pareciam ter se espalhado pelo planeta inteiro, agora isso é oficialmente verdade: cientistas encontraram quantidades consideráveis deles na neve do Estreito de Fram, que liga o Oceano Ártico ao mar da Groenlândia.
Esses microdejetos costumam acabar na água perto de áreas densamente povoadas. No caso das zonas remotas do Ártico, onde não vive ninguém, os pesquisadores supõem que eles tenham chegado suspensos no ar, carregados pelo vento.
Maria Clara Rossini, Fatos – Até tu Ártico?, Super Interessante, edição 409, novembro de 2019, página 11; foto: Nosso Futuro Roubado.
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 42
Oceanos mais poluídos por plásticos
A quantidade de microplásticos nos oceanos pode ser um milhão de vezes maior do que se pensava.
As pesquisas que fazem essa medição usam redes que captam pedaços de plásticos de até um terço de milimetro, mas um novo método coleta amostra menores que um fio de cabelo.
Considerando estes [microplásticos], a concentração sobe de 10 pedaços por metro cúbico de água para 8,3 milhões.
Notícias sobre plástico – nanoplásticos, Super Interessante, edição 411, janeiro de 2020, página 18; foto: Revista Planeta
Rui Iwersen
Soluções preconizadas pelo Giec para a degradação ambiental
Quatro grandes categorias de soluções são preconizadas. A primeira engloba as estratégias de evitamento. Trata-se parar de desmatar e de destruir zonas úmidas e outras. É preciso também limitar as perdas agrícolas e o desperdício alimentar que se elevam a mais de 25% da produção no mundo. (…)
A segunda categoria de soluções diz respeito à melhora da gestão dos sistemas agrícolas, dos sistemas pastoris, das florestas. Certas práticas emitem menos gás de efeito estufa que outras e estocam mais CO2. (…) Nós as agrupamos sob os termos de agroecologia, de agroflorestação, etc. Trata-se de levar mais em conta os ecossistemas no seu conjunto, e de misturar, por exemplo, culturas ou pastoreio com plantas arbustivas perenes. (…)
A terceira categoria agrupa os sistemas alerta. Temos sistemas de alerta precoce, que permitem reagir rápido quando um incêndio inicia, que uma inundação se anuncia ou quando uma insto predador penetra numa região e ameaça arruinar as colheitas. Mas Também sistemas de alerta a médio prazo quando terras mostram sinais de degradação extrema ou que espécies são ameaçadas de extinção. (…)
Enfim, a quarta categoria diz respeito aos nossos hábitos alimentares. Os regimes alimentares que incluem uma forte proporção de cereais, de nozes, de legumes e de frutas da estação tem geralmente uma pegada de carbono 10 a 100 vezes menor que o regime da carne. Mais da metade das emissões de metano provém dos ruminantes (bovinos, ovelhas e cabras) e dos arrozais. (…)
La Recherche, nº 553, novembre 2019; Dossier spécial: Climat – faire face à l’urgence; entrevista com Nathalie de Noblet-Ducoudré, páginas 34 e 35; tradução livre de Rui Iwersen; Foto: Bayer Jovens
Rui Iwersen, Oceano Atlântico, aproximando de Salvador.
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