Antropoceno
A Vingança de Gaia nº 10
Como morre um rio
Em vez de usarem fertilizantes de nitrato, [os fazendeiros de Devon, na Inglaterra] passaram a espalhar em sua terra o esterco coletado no inverno, quer diretamente ou como estrume misturado com água. Para um ambientalista urbano, tratava-se de uma forma orgânica apropriada de atividade rural. Mas, no início da década de 1980, as águas límpidas do rio Carey haviam se tornado marrons e espumosas, com cheiro de esgoto ao ar livre.
No verão, os trechos tranquilos, onde os peixes saltavam para capturar moscas, estavam cobertos de algas verdes viscosas e plantas daninhas, e o rio aos poucos morria. Essa nova atividade rural orgânica vinha enchendo o rio de quantidades de esterco bem acima do que ele conseguia digerir. Cada tempestade levava esterco dos campos para o rio, e logo o nível de oxigênio do rio caiu para zero.
Muitas das espécies parceiras que constituem o ecossistema de um rio – as plantas verdes que colocam oxigênio na água, as numerosas espécies de insetos que vivem no rio e sob as pedras ao longo de seu leito – morreram, principalmente por falta de luz para a fotossíntese e de anoxia.
Já não havia insetos para alimentar os peixes do rio, de modo que eles não tinham chance de voltar nas épocas em que a poluição por estrume líquido fosse menor.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, cap. 6 – Produtos químicos, alimentos e matérias-primas, 2006, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006, página 112; foto: ND Mais
Rui Iwersen, médico planetário
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A Vingança de Gaia nº 7
Devemos estar preparados para um período quente tão longo quanto uma era glacial
As superfícies de terra e oceano, durante o período quente do Eoceno [de 55 milhões de anos a 35 milhões de anos], eram áridas, e talvez por isso o dióxido de carbono [CO2] maior tenha permanecido mais tempo no ar. Além disso, a Terra permaneceu quente porque outros mecanismos de resfriamento biológicos que atuam em uma Terra saudável form desativados durante o período quente do Eoceno.
Se as condições agora equivalerem às das emissões do Eoceno, devemos estar preparados para um período quente tão longo quanto uma era glacial [10 mil anos], ou ainda mais.
Embora as condições iniciais do evento do Eoceno se assemelhem às atuais da Terra, existem duas diferenças importantes: o Sol está agora 0,5 por cento mais quente do que a 55 milhões de anos, o equivalente a cerca de 0,5ºC na temperatura global, e transformamos cerca de metade da superfície de terra do planeta de floresta natural em terra cultivável, cerrado e deserto, reduzindo assim a capacidade da Terra de se autoregular.
Agora, além de dióxido de carbono e metano, vários outros gases de estufa presentes no ar aumentam o aquecimento global, entre estes os CFCs, óxido nitroso e outros produtos da agricultura e indústria.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, cap. 4 – Previsões para o Século XXI, 2006, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006, página 65; foto: Blog da Pimenta
Rui Iwersen, médico planetário
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Aplicação de pesticidas agrícolas e a morte de pássaros
Raquel Carson argumentou [em seu livro Silent Spring – Primavera silenciosa – escrito na década de 1960], de forma convincente, que a aplicação desenfreada de pesticidas agrícolas vinha causando a morte generalizada de pássaros.
Ele mostrou como os pássaros, ao comerem insetos envenenados por pesticidas, se intoxicavam, e temia uma mortandade de pássaros tamanha que a primavera ficaria silenciosa.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, Cap. 6 – Produtos químicos, alimentos e matérias-primas, 2006, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006, página 107; foto: Escola Kids – UOL
Rui Iwersen, médico planetário
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A Vingança de Gaia nº 6
O que corre mais risco é a civilização
A Terra já se recuperou de febres assim, e não há razão para achar que o que estamos fazendo destruirá Gaia, mas se continuarmos deixando as coisas como estão, nossa espécie poderá nunca mais desfrutar o mundo viçoso e verdejante que tinhamos faz apenas cem anos.
O que corre mais risco é a civilização; os seres humanos são resistentes o suficiente para que casais procriadores sobrevivam, e Gaia é ainda mais resistente. O que estamos fazendo a enfraquece, mas dificilmente a destruirá. Ela sobreviveu a catástrofes enormes em seus 3 bilhões de anos ou mais de vida. (…) Mas, se essas enormes mudanças ocorrerem, provavelmente poucos bilhões de seres humanos que agora proliferam sobreviverão.
Acho necessário repetir que o aumento gradual da temperatura do terceiro relatório do IPCC mostra uma mudança média estimada do clima global, mas o que ele não mostra são extremos imprevistos, incluindo inundações e tempestades fortíssimas. Devemos esperar mudanças climáticas de um tipo nunca antes imaginado, eventos únicos afetando apenas uma região.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, Cap. 4 – Previsões para o Século XXI, 2006, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006, páginas 65 e 66; foto: WWF Brasil
Rui Iwersen, médico planetário
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A Vingança de Gaia nº 5
Mudanças observáveis e mudanças previsíveis do planeta
As mudanças passíveis de ocorrer serão, à sua maneira diferente, tão grandes quanto ou ainda maiores do que aquela [do fim da última era glacial]. É verdade que o mar não pode subir mais que outros oitenta metros, a quantidade de água extra que seria liberada se o gelo da Groenlândia e Antártida derretesse.
Mas as tórridas condições do mundo reduziriam a produtividade da terra e mar restantes, e a perda de vegetação retardaria o grau de remoção de dióxido de carbono [CO2], sustentando assim a era mais quente por 100 mil anos ou mais.
As maiores mudanças observáveis até agora ocorrem no Ártico, como previsto no primeiro relatório do IPCC em 1990.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, Cap. 4 – Previsões para o Século XXI, 2006, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006, página 60; foto: Águas do Algarve
Rui Iwersen, médico planetário
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