Antropoceno
Em Defesa da Ciência nº 25
Monitoramento global do Programa Espacial
Previsões de mudanças climáticas não dependem unicamente de modelos teóricos em forma de simulações computadorizadas da Terra. Existe agora uma grande variedade de atividades de monitoramento globais.
As temperaturas do ar e do mar são medidas continuamente, bem como os gases da atmosfera, a cobertura de nuvens, o gelo flutuante e as geleiras, e a saúde dos ecossistemas no oceano e em terra. A verdade dos modelos é, portanto, constantemente testada em relação às observações do mundo real.
Satélites em órbita ao redor da Terra monitoram seu cenário em constante mudança. Os instrumentos mais sutis a bordo desses veículos espaciais monitoram temperaturas em diferentes níveis no ar e muitos gases atmosféricos diferentes, além de verificarem a saúde dos ecossistemas.
Muitas vezes acho que a grande maravilha não celebrada do programa espacial é o quanto revelou sobre a Terra.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, capítulo 4 – Previsões para o Século XXI, página 63; foto: Sputinik Brasil
Rui Iwersen, médico planetário
#DesmatamentoNão
#ReflorestamentoSim
#DesmatamentoNãoReflorestamentoSim
Alerta à Humanidade nº 49
Dia da Sobrecarga da Terra chega mais cedo
Em 2021, a humanidade excedeu sua cota anual de recursos regeneráveis em 29 de julho, três semanas antes do que em 2020. Seriam necessárias 1,7 Terras para satisfazer nossas necessidades de consumo.
Hoje, a humanidade consome 74% a mais do que o que os ecossistemas globais podem regenerar
Após um adiamento temporário devido à pandemia em 2020 – quando o Dia da Sobrecarga da Terra foi em 22 de agosto – em 2021 a data em que a humanidade esgotou todos os recursos biológicos que a Terra regenera ao longo de um ano acontece três semanas antes, neste 29 de julho. No Brasil, a cota foi esgotada dois dias antes, em 27 de julho.
“Apesar de nos restar quase meio ano, já esgotamos nossa cota de recursos biológicos para 2021”, advertiu Susan Aitken, líder do Conselho Municipal de Glasgow, onde lideranças mundiais se reunirão em novembro para a cúpula climática COP26. “Se precisamos lembrar que estamos sob uma emergência climática e ecológica, o Dia da Sobrecarga da Terra é a ocasião para isso”, lembrou.
Como grande parte do mundo estava vivendo sob lockdowns impostos devido ao coronavírus no ano passado, o Dia da Sobrecarga aconteceu quase um mês depois do recorde de 2018, quando foi em 25 de julho. Mas mesmo que as emissões de carbono causadas por viagens aéreas e transporte rodoviário ainda estejam abaixo dos altos índices de 2019, a economia global em ascensão está empurrando as emissões e o consumo de volta para cima. (…)
O Dia da Sobrecarga da Terra existe desde 2006. A Global Footprint Network (GFN), organização de pesquisa que apresenta a data a cada ano junto com o grupo ambiental WWF, compara o cálculo a um extrato bancário que rastreia receitas em relação aos gastos. Ele considera milhares de dados da ONU sobre recursos como florestas biologicamente produtivas, pastagens, terras de cultivo, áreas de pesca e áreas urbanas. Esse cálculo é então medido em relação à demanda desses recursos naturais, entre eles alimentos de origem vegetal, madeira, gado, peixe e a capacidade das florestas de absorver emissões de dióxido de carbono.
Hoje, a humanidade consome 74% a mais do que o que os ecossistemas globais podem regenerar. Para continuar vivendo nos padrões atuais, precisaríamos dos recursos de cerca de 1,7 planetas. E isso não parece mudar tão cedo. (…)
Matéria enviada pelo colaborador de GaiaNet Jorge F. Schneider; fonte: DW – Made for minds
#DesmatamentoNãoReflorestamentoSim
Alerta à Humanidade nº 48
Mudanças climáticas: chuvas torrenciais na Europa e China; secas e incêndios nas Américas do Sul e do Norte
Imensa quantidade de água tem causado inundações gigantescas, alagado cidades e derrubado casas em países da Europa Central. É o maior número de mortos na Alemanha desde 1962. (…) As inundações no rio Elba, que em 2002 foram anunciadas como “inundações que acontecem uma vez por século”, mataram centenas de pessoas no leste da Alemanha e em toda a Europa. As chuvas deste ano têm afetado também a Bélgica, e Holanda, França e Luxemburgo em menor intensidade. (1)
Na China, 12 pessoas morreram em uma linha de metrô que foi inundada em Zhengzhou, que registrou as chuvas mais fortes em mil anos, segundo autoridades meteorológicas. (2)
A onda de calor na América do Norte apareceu em junho de 2021 devido a uma crista excepcionalmente forte centrada sobre a área, cuja força foi um efeito das mudanças climáticas. (…) A onda de calor provocou inúmeros e extensos incêndios florestais atingindo centenas de quilômetros quadrados de área, que levaram a uma grande perturbação em diversas estradas. Um deles destruiu em grande parte a vila de Lytton, Columbia Britânica, local onde foi estabelecido o recorde de temperatura na história do Canadá. (…) (3)
O centro e o sul do Brasil enfrentam no momento a pior seca em quase um século, e imagens recentemente capturadas por satélite da NASA na região do Lago das Brisas, no rio Parnaíba, em Minas Gerais, ilustram a gravidade de tal quadro. (…) Dos 14 reservatórios próximos monitorados pela agência americana, 7 apresentaram os níveis mais baixos medidos desde 1999 na região, e nas proximidades da fronteira do Brasil com o Paraguai o Rio Paraná apresenta níveis em 8,5 metros abaixo da média (…) (4)
Artigo publicado na Nature por pesquisadores brasileiros revela que o leste do bioma amazônico já emite mais carbono do que remove da atmosfera, graças ao desmatamento e mudanças climáticas. A Amazônia desempenha um papel crucial para o planeta, absorvendo e concentrando carbono que poderia estar na atmosfera. Mas essa capacidade está sendo reduzida, em decorrência do desmatamento descontrolado e das mudanças climáticas, sobretudo no leste da Amazônia. O bioma está se transformando em emissor de carbono, em vez de um sumidouro. Pesquisadores brasileiros constataram que a intensificação da estação seca e o crescente desmatamento promovem um distúrbio no ecossistema, a ponto de aumentar a incidência de queimadas e das emissões de gases de efeito estufa. (…) (5)
Fontes: (1) e (2) G1; (3) Wikipédia; (4) Hypeness; (5) National Geographic. foto: MetSul Meteorologia
Rui Iwersen, médico planetário
#DesmatamentoNãoReflorestamentoSim
Veja mais…