Antropoceno
Queimadas no Pantanal têm pior cenário em 22 anos, diz Inpe
Dados do Inpe mostram que, desde janeiro deste ano, bioma teve maior área queimada e maior quantidade de focos de incêndio.
(…) O cenário é grave, tendo em vista que em 16 de julho o governo federal publicou um decreto que proíbe queimadas no Pantanal e na Amazônia por 120 dias. A ação foi uma tentativa de resposta da União a empresários e investidores do Brasil e do exterior que passaram a cobrar de forma mais enfática uma ação por parte do governo para frear o desmatamento e as queimadas no país, em especial na Amazônia Legal (que engloba nove estados).
Especialistas apontam que a redução do volume de chuvas colaborou com o cenário: sem a cheia tradicional do começo do ano no Pantanal, a vegetação ficou bem mais seca, favorecendo as queimadas. Coordenador técnico do MapBiomas, que trabalha em parceria com a ONG SOS Pantanal, Marcos Rosa pondera que existem ciclos climáticos naturais com secas ou chuvas maiores. “A maior preocupação é que a seca que ocorreu neste ano seja o começo de um novo padrão”, diz. (…)
Para evitar novas queimadas de grandes proporções, há ações em três níveis que podem ser adotadas, segundo ele. A primeira é manter o uso tradicional da pastagem natural. “Ação que conserva tanto a vegetação, quanto a cultura do pantaneiro”, pontua Rosa. A segunda é a preservação das matas dos rios que desaguam no Pantanal. Elas funcionam como um filtro dos sedimentos. Sem elas, os rios do bioma ficam mais rasos, inundando áreas que antes ficavam secas. A terceira é a preservação da Amazônia, pois regula o regime hídrico — incluindo de chuvas — de todo o caminho até o Sudeste. (…)
Fonte: O Estado de Minas Nacional; foto: Campo Grande News
Mundo trata os sintomas, mas ignora a causa das pandemias, diz ONU
A destruição continua da natureza resultará num fluxo de doenças animais saltando para os humanos, afirma relatório
O mundo está tratando os sintomas clínicos e econômicos da pandemia de coronavírus, mas não sua causa ambiental, segundo os autores de um relatório da ONU. Como resultado, espera-se que um fluxo constante de doenças passe dos animais para os seres humanos nos próximos anos, diz a organização.
O número dessas epidemias zoonóticas está aumentando, da Ebola ao Sars, da Febre do Nilo Ocidental à febre de Vale do Rift, tendo como causa principal a destruição da natureza pelos seres humanos e a crescente demanda por carne, afirma o relatório.
Mesmo antes da Covid-19, cerca de 2 milhões de pessoas morriam de doenças zoonóticas todos os anos, principalmente nos países mais pobres. O surto de Coronavírus era altamente previsível, disseram os especialistas. “Covid-19 pode ser o pior, mas não é o primeiro”, disse a chefe de meio ambiente da ONU, Inger Andersen. (…)
O relatório afirma que é de importância vital uma abordagem de “saúde unificada” que aborde a saúde humana, animal e ambiental, incluindo mais vigilância e pesquisa sobre ameaças de doenças e os sistemas alimentares que as transportam às pessoas. “Houve bastante resposta à Covid-19, mas grande parte a tratou como um desafio médico ou como um choque econômico”, disse a professora Delia Grace, principal autora do relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (Ilri).
“Suas origens estão no meio ambiente, nos sistemas alimentares e na saúde animal. Isto é muito parecido com ter alguém doente e tratar apenas os sintomas e não tratar a causa subjacente, e existem diversas outras doenças zoonóticas com potencial pandémico.” (…)
Fonte: ANDA.JOR.BR; foto: Royalmaquinas
Matéria enviada por Sandra Bittencourt Espíndola via Facebook
Enquanto se pensa, com razão, na Amazônia…
Consequências da devastação das nascentes do Cerrado
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil: são mais de 2 milhões de quilômetros quadrados espraiados por 12 estados. É também lar de uma imensa diversidade de vida: mais de 13 mil espécies de plantas, 850 de aves e 250 de mamíferos.
Está encarapitado sobre três dos principais aquíferos da América do Sul: o Guarani, o Bambuí e o Urucuia. A água que chove no Cerrado penetra o solo e fica armazenada na rocha porosa. É distribuída para o Brasil inteiro: estima-se que, em diferentes proporções, o Cerrado abasteça oito das 12 regiões hidrográficas do país. A água do subsolo ainda responde por cerca de 90% da vasão dos rios do bioma. (…)
Com frequência cada vez maior, a água que deveria penetrar o solo, para alimentar aquíferos e lençóis freáticos, escorre pela superfície e se evapora. (…) O fenômeno é consequência de um acelerado processo de desmatamento.
Fonte: Revista Época nº 979; 27 de março de 2017; Fronteiras ecológicas; Falta água, sobra pasto; páginas 70 e 71
Matéria editada originalmente em GaiaNet em 22 de setembro de 2017
Rui Iwersen
As possíveis origens do Coronavírus
Morcego Ferradura, provável fonte do Coronavírus
Ainda não há conclusões sobre como o novo coronavírus pulou de animais para seres humanos. Uma das hipóteses é que tenha sido em um mercado de alimentos em Wuhan, na China, o que fez com que muitos defendessem o fechamento de mercados do tipo, com venda de animais vivos e silvestres. Há outras hipóteses correntes.
“Nós estamos negligenciando o cenário maior”, diz à BBC News Brasil o ecologista especializado em doenças Richard Ostfeld, do Cary Institute of Ecosystem Studies, nos Estados Unidos.
“Tivemos alguns exemplos de surgimento de doenças nesses mercados com animais selvagens, como a Sars. E é importante entender que essas atividades humanas de agrupamentos estranhos de espécies que nunca ocorrem juntas na natureza influenciam esses eventos. Mas há outras maneiras pelas quais nossas atividades humanas podem facilitar o surgimento ou transmissão de doenças, como o desmatamento, a abertura de terra para agricultura, entre outros. Isso não pode ser esquecido.”
Da BBC News Brasil em Londres; foto: UOL Notícias
Matéria enviada pela colaboradora Shirley Albuquerque
Veja mais…