Reflexões ecológicas
O Homem e a natureza nº 49
Os males ocultos da poluição nº 6
As consequências da poluição no cérebro humano
(…) Perder os cabelos, de qualquer forma, não é nada perto do que pode acontecer alguns centímetros abaixo do couro cabeludo: no cérebro. Ainda se sabe pouco sobre como a poluição alcança e afeta a massa cinzenta. Uma pesquisa recente do Laboratório de Poluição Atmosférica, porém, traz uma pista.
Os cientistas observaram um acúmulo de poluentes no bulbo olfatório, a área do cérebro responsável por processar os cheiros. Conclusão: em vez de pegar carona pelo sangue, as partículas provavelmente usaram uma via expressa para chegar à massa cinzenta pelo epitélio olfatório. Ele fica no teto da cavidade nasal e tem acesso direto ao cérebro.
Ainda não há indícios de partículas de poluição em outras partes do cérebro, mas talvez ela chegue lá. A poluição já foi relacionada ao aumento de riscos de Alzheimer, depressão e suicídio. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 50; foto: Dreamstime
Rui Iwersen
Homem e a natureza nº 48
Os males ocultos da poluição nº 5
As consequências da poluição ao atravessar a pele humana
(…) O material particulado também pode entrar por outras vias, além do sistema respiratório. Da mesma forma que o material particulado consegue driblar as barreiras do pulmão, ele pode atravessar a pele.
A principal consequência do acúmulo de poluentes na derme está, é claro, na aparência: rugas precoces, olheiras, manchas, acne.
A queda de cabelo é um caso à parte. Um estudo de 2019 revelou o mecanismo de atuação do material particulado nas células do couro cabeludo. O PM10 afeta a produção de beta-catenina, uma proteína essencial para o crescimento de cabelo. Não menos pior: a exposição ao ar poluído ainda diminui a concentração de certas proteínas, responsáveis por manter o cabelo bem preso na cabeça (a CK12, a ciclina D1 e a ciclina E). (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 50; foto: Conexão Planeta
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 47
Os males ocultos da poluição nº 4
O efeito da poluição na reprodução humana
(…) Mesmo que haja fecundação, não significa que a gravidez vá para a frente sem percalços. Altas concentrações de material particulado também estão relacionados ao aumento de abortos espontâneos.
Pois é. Assim que o espermatozoide fecunda o óvulo, ele deve grudar na parede do útero para se desenvolver. Acontece que a poluição também bagunça todo o ciclo menstrual e a preparação da parede uterina. Dependendo do grau de intoxicação, ela não consegue sustentar o feto.
Um estudo feito com mais de mil mulheres na Mongólia examinou a relação entre abortos e a polição sazonal em Ulaanbaatar, a capital do país. Não deu outra. O pico de aborto sempre acontecia nos meses mais frios – os mais poluídos, já que as temperaturas baixas dificultam a dispersão dos gases e das partículas. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 50; foto: Sputinik News
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 46
Os males ocultos da poluição nº 3
Os efeitos da poluição no corpo humano
(…) Quanto menor a partícula [sólida suspensa no ar], mais fundo ela consegue penetrar no corpo. A via respiratória é a porta da frente para a entrada de poluentes. Quando inalados, eles chegam até os alvéolos pulmonares, os responsáveis por enviar oxigênio para o sangue.
Lá nos alvéolos existe uma barreira formada por células “gigantes”, mil vezes maiores que o PM2,5. Esse obstáculo, então, é poroso o bastante para que partículas de 0,01 micrômetro cheguem ao sangue.
Uma vez na corrente sanguínea, eles alcançam lugares inusitados do corpo. Estudos recentes relacionaram a presença de PM2,5 na atmosfera com casos de baixa densidade dos ossos, condição que aumenta o risco de osteoporose.
A hipótese é que as partículas afetem a produção do hormônio da paratireoide, responsável por regular a concentração de cálcio no sangue. Sem esse mineral, os ossos perdem massa e ficam mais suscetíveis a fraturas, principalmente em idosos.
Para os mais jovens, há outros perigos. Já se sabe que os gases e o material particulado afetam a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. A quantidade e a qualidade dos espermatozoides diminui, enquanto a ovulação fica desregulada. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 49; foto: Dreamstime
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 45
Os males ocultos da poluição nº 2
A poluição nas grandes cidades
(…) Nas cidades grandes, a maior parte desse material [partículas sólidas suspensas no ar] vem diretamente do escapamento dos carros. 63% do material particulado fino de São Paulo é de origem veicular, 18% vem das indústrias, e só os 19% restantes são liberados pelo ambiente naturalmente – na forma de pólen, por exemplo.
Esses compostos não são classificados pela sua origem, mas pelo tamanho. No jargão científico, vai de PM10 até o PM2,5. A sigla é uma abreviação de “material particulado” em inglês, e o número seguinte equivale ao tamanho da partícula em milésimos de milímetro (os “micrômetros”) (…)
Pense em um grão de areia bem fininho. Por minúsculo que seja, ele tem em média 100 micrômetros de diâmetro – dez vezes mais que o maior tipo de material particulado. Os mais perigosos para a saúde são até menores do que isso, podendo chegar a 0,01 micrômetro. Esses são, de longe, os mais abundantes no ar.
Não tem como escapar. A Organização Mundial da Saúde estima que nove a cada dez pessoas no mundo respiram ar altamente poluído. Ele já é responsável por 4,2 milhões de mortes anualmente – mais do que malária e os acidentes de trânsito juntos. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 48; foto: Estudo Prático
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 44
Os males ocultos da poluição nº 1
Os gazes e as partículas sólidas suspensas no ar
Primeiro artigo de uma série de 7 que apresentarei a partir deste artigo da Super Interessante
99% dos gases que entram nos seus pulmões são uma mistura de nitrogênio com oxigênio, numa proporção de 78% para 21%. O outro 1% é basicamente argônio (0,93%), e aí vai traços de CO2 e vapor d’água. Isso é o que a gente chama de ar puro. O perigo mora nos menos de 0,001 restantes.
Ali entram pitadas de outros gases: dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2) – “temperos” que deveriam passar bem longe do seu corpo. Eles são responsáveis por agravar a asma, alergias, insuficiência respiratória, conjuntivites e, no caso do monóxido de carbono, até levar à asfixia.
E os gases nem são a pior parte da poluição nas cidades. Quem causa mais danos são as partículas sólidas suspensas no ar. Essa parte sólida da poluição tem nome e sobrenome: material particulado. Trata-se de uma selva de grãozinhos minúsculos, bem diferentes entre si.
Tem de tudo ali: pedaço de motor de carro (na forma de poeira metálica), cimento (que voa das construções) e muita fuligem – que deixa seu pulmão parecendo uma churrasqueira suja. (…)
Maria Clara Rossini, Os males ocultos da poluição, Super Interessante, edição 412, fevereiro 2020, página 48; foto: UOL Notícias
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 43
Micro-plásticos nos oceanos e no Planeta
Eles estão na água que você bebe, no solo e até no seu cocô.
Se os microplásticos pareciam ter se espalhado pelo planeta inteiro, agora isso é oficialmente verdade: cientistas encontraram quantidades consideráveis deles na neve do Estreito de Fram, que liga o Oceano Ártico ao mar da Groenlândia.
Esses microdejetos costumam acabar na água perto de áreas densamente povoadas. No caso das zonas remotas do Ártico, onde não vive ninguém, os pesquisadores supõem que eles tenham chegado suspensos no ar, carregados pelo vento.
Maria Clara Rossini, Fatos – Até tu Ártico?, Super Interessante, edição 409, novembro de 2019, página 11; foto: Nosso Futuro Roubado.
Rui Iwersen
O Homem e a natureza nº 42
Oceanos mais poluídos por plásticos
A quantidade de microplásticos nos oceanos pode ser um milhão de vezes maior do que se pensava.
As pesquisas que fazem essa medição usam redes que captam pedaços de plásticos de até um terço de milimetro, mas um novo método coleta amostra menores que um fio de cabelo.
Considerando estes [microplásticos], a concentração sobe de 10 pedaços por metro cúbico de água para 8,3 milhões.
Notícias sobre plástico – nanoplásticos, Super Interessante, edição 411, janeiro de 2020, página 18; foto: Revista Planeta
Rui Iwersen
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4 Comments to “ Reflexões ecológicas”
Olá Maduca.
Assim como eu, talvez outros demorem a perceber que teu nome, escrito em vermelho em teu comentário, é o link de teu site.
Aproveito esta autocrítica e estas reflexões para divulgar teu link e recomendar teu site (que eu visitei e gostei). Importantes e graves as revelações sobre a história e as estratégias da sociedade capitalista de consumo (tão nefasta para o meio ambiente) mostradas e documentadas no vídeo sobre “obsolescência programada”.
Continuo com a opinião de que deverias, sempre que possivel e conveniente, divulgar o endereço eletrônico de teu site, o que poderia facilitar o acesso dos interessados.
Abraço.
Rui
Oi. Visite o meu blog de design ecológico; já coloquei um
link para vocês em meio ambiente. Abraço. Maduca.
Oi Maduca.
No teu comentário a Gaianet tu não deste o nome e o endereço do teu site. Por favor, apresente para mim e para os leitores de GaiaNet o endereço eletrônico de teu blog. Seria bom e importante para nós visitarmos o teu site e lermos, vermos e aprendermos mais sobre design ecológico.
Obrigado pelo vínculo com GaiaNet.
Abraço.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet
Olá Rui… Gostei muito do seu trabalho… E de como voce traz as informações… Parabéns!
Estou linkando este espaço no blogue 365 Atos… Um grande abraço.