Saúde mental e meio ambiente
Freud explica nº 6
A religião nº 4
Os ovos de Santa Clara que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, encaminhou para as Irmãs Clarissas do Mosteiro da Gávea. Mais cedo o papa Francisco havia recomendado que ele colocasse ovos aos pés de Santa Clara para que a chuva parasse.
Nestes últimos exemplos, como em tantos outros do funcionamento da magia, o elemento da distância é desprezado; em outras palavras, a telepatia é admitida como certa. (…)
Se desejo que chova, tenho apenas de efetuar algo que se assemelhe à chuva ou faça lembra-la. Numa fase posterior da civilização, em vez dessa chuva mágica, serão feitas procissões até um templo e preces pedindo chuva serão dirigidas à divindade que nele habita. (…)
Enquanto a magia ainda reserva a onipotência apenas para os pensamentos, o animismo transmite um pouco dela para os espíritos, preparando assim o caminho para a criação de uma religião. (…)
Sigmund Freud, Totem e Tabu, 1913; Rio de Janeiro, Imago Editora, 1974; páginas 96, 97 e 109; foto: BOL Fotos
Rui Martins Iwersen
Darwin tinha razão nº 6
Devoção religiosa
Como a devoção se relaciona em certa medida com a afeição, apesar de apoiada principalmente na reverência, muitas vezes combinada com o medo, a expressão desse estado de espírito pode ser brevemente descrita aqui. (página 205)
A devoção se exprime principalmente dirigindo-se o rosto em direção aos céus, com os olhos voltados para cima. (…) Como durante as preces os olhos frequentemente estão voltados para cima, sem que a mente esteja tão absorvida a ponto de se aproximar do estado de inconsciência do sono, o movimento é provavelmente convencional – resultado da crença comum de que o Céu, a fonte do poder Divino para o qual rezamos, está situado acima de nós. (página 206)
Um ajoelhar-se humilde, com as mãos juntas e viradas para o alto, parece-nos, pela força do hábito, um gesto tão apropriado para a devoção que poderíamos pensar que é inato. Mas não encontrei nenhuma evidência desse fato nas inúmeras raças humanas fora da Europa. (página 206)
O sr. Heinsleigh Wedgwood aparentemente deu a explicação certa, supondo mesmo que a atitude seja uma submissão semelhante à do escravo: “Quando o suplicante se ajoelha e levanta suas mãos com as palmas unidas, ele age como o prisioneiro provando a totalidade de sua submissão ao oferecer suas mãos para o vitorioso amarrar. É a representação pictórica do dare manus latino significando submissão”. Portanto, é pouco provável que elevar os olhos e juntar as mãos espalmadas sejam gestos inatos ou verdadeiramente expressivos; e dificilmente poderíamos pensar que o fossem, já que é duvidoso que sentimentos, como os de devoção, pudessem afetar o coração do homem ainda não civilizado do passado. (página 206)
Charles Darwin, A expressão das emoções no homem e nos animais, 1872, São Paulo, Companhia das Letras, 2000
Rui Iwersen
Freud explica nº 5
A agressividade nº 2
“Acho que se tem de levar em conta o fato de estarem presentes em todos os homens tendências destrutivas e, portanto, anti-sociais e anticulturais, e que, num grande número de pessoas, essas tendências são suficientemente fortes para determinar o comportamento delas na sociedade humana.”
“Provavelmente uma certa percentagem da humanidade (devido a uma disposição patológica ou a um excesso de força instintual) permanecerá sempre associal; se, porém, fosse viável simplesmente reduzir a uma minoria a maioria que hoje é hostil à civilização, já muito teria sido realizado – talvez tudo o que pode ser realizado.”
Sigmund Freud, O Futuro de uma ilusão, 1927; Rio de Janeiro, Imago Editora, 1974, páginas 17 e 19; foto: Câmara Municipal de Curitiba
Rui Iwersen
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