Saúde mental
Freud explica nº 3
A religião nº 2
(…) O animismo [a doutrina de seres espirituais em geral] é um sistema de pensamento. Ele não fornece simplesmente uma explicação de um fenômeno específico, mas permite-me apreender todo o universo como uma unidade isolada, de um ponto de vista único. A raça humana, se seguirmos as autoridades no assunto, desenvolveu, no decurso das eras, três desses sistemas de pensamento – três grandes representações do universo: animista (ou mitológica), religiosa e científica. (…)
Ao examinar o fato de as mesmas idéias animistas haverem surgido entre os povos mais variados e em todos os períodos, Wundt declara que ‘elas constituem o produto psicológico necessário de uma consciência mitocriadora (…) e assim, neste sentido, o animismo primitivo deve ser encarado como a expressão espiritual do estado natural do homem’.
Com esses três estágios em mente [animismo, religião e ciência], pode-se dizer que o animismo em si mesmo não é ainda uma religião, mas contém os fundamentos sobre os quais as religiões posteriormente foram criadas.
Sigmund Freud, Totem e Tabu, 1913; Rio de Janeiro, Imago Editora, 1974; páginas 93 e 94; foto: Enciclopédia Global
Rui Iwersen
Freud explica nº 2
A religião nº 1
Wundt descreve o tabu como o código de leis não escrito mais antigo do homem. É suposição geral que o tabu é mais antigo que os deuses e remonta a um período anterior à existência de qualquer espécie de religião. (…)
A punição pela violação de um tabu era, sem dúvida, originalmente deixada a um agente interno automático: o próprio tabu violado se vingava. Quando, numa fase posterior, surgiram as idéias de deuses e espíritos, com os quais os tabus se associaram, esperava-se que a penalidade proviesse automaticamente do poder divino. (…)
Nem o medo nem os demônios podem ser considerados pela psicologia como as coisas mais primitivas, impenetráveis a qualquer tentativa de descobrimento de seus antecedentes. A coisa seria diferente se os demônios realmente existissem. Mas sabemos que, como os deuses, eles são criações da mente humana: foram feitos por algo e de algo.
Sigmund Freud, Totem e Tabu, 1913; Imago Editora, Rio de Janeiro, 1974, páginas 32, 34 e 38; foto: Maiores e Melhores
Rui Iwersen
Darwin tinha razão nº 4
A expressão das emoções no homem e nos [outros] animais
“Finalmente, a respeito de minhas próprias observações [sobre a expressão das emoções nos animais], posso dizer que as iniciei no ano de 1838; e, daquela época até hoje [1872], dediquei-me ocasionalmente ao assunto. Naquela data, já me encontrava inclinado a acreditar no princípio da evolução, ou da origem das espécies a partir de outras formas inferiores.” (página 28)
“A partilha de certas expressões por espécies diferentes ainda que próximas, como na contração dos mesmos músculos faciais durante o riso pelo homem e por vários grupos de macacos, torna-se mais inteligível se acreditarmos que ambos descendem de um ancestral comum.” (página 22)
Charles Darwin, A expressão das emoções no homem e nos animais, 1872, São Paulo, Companhia das Letras, 2000
Rui Iwersen
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