Saúde mental
Darwin tinha razão nº 5
Criação ou evolução?
“Apesar de negar enfaticamente que qualquer músculo tenha sido desenvolvido unicamente para exprimir emoções, Gratiolet parece nunca ter refletido sobre o princípio da evolução. Aparentemente, vê cada espécie como uma criação isolada. Assim também pensam os outros autores que escreveram sobre a Expressão.
Por exemplo, o dr. Duchenne, depois de falar sobre os movimentos das pernas, refere-se aos que formam as expressões do rosto e observa: ‘O Criador não teve, portanto, de preocupar-se com as necessidades da mecânica nesse caso; ele pôde, seguindo sua sabedoria, ou – perdoem-me o modo de falar – por uma fantasia divina, por em ação este ou aquele músculo, somente um ou vários ao mesmo tempo, para que os sinais característicos das paixões, mesmo as mais fugazes, se inscrevessem passageiramente na face dos homens.
Uma vez criada essa linguagem da fisionomia, bastou-lhe, para torná-la universal e imutável, dar a todo ser humano a faculdade instintiva de sempre exprimir seus sentimentos pela contração dos mesmos músculos’.” (página 21)
“Sem dúvida, enquanto considerarmos o homem e todos os outros animais como criações independentes, não avançaremos em nosso desejo natural de investigar até onde for possível as causas da Expressão. De acordo com essa doutrina, toda e qualquer coisa pode ser igualmente bem explicada; e isso se provou tão pernicioso com respeito à Expressão quanto com respeito a qualquer outro ramo da história natural.” (página 21 e 22)
“Aquele que admitir que, no geral, a estrutura e os hábitos de todos os animais evoluíram gradualmente, abordará toda a questão da Expressão a partir de uma perspectiva nova e interessante.” (página 22)
Charles Darwin, A expressão das emoções no homem e nos animais, 1872, São Paulo, Companhia das Letras, 2000
Rui Iwersen
Freud explica nº 4
A religião nº 3
Os motivos que conduziram os homens a praticar a magia são os desejos humanos
“Não é de se supor que os homens foram inspirados a criar seu primeiro sistema do universo por pura curiosidade especulativa. A necessidade prática de controlar o mundo que os rodeava deve ter desempenhado seu papel.” (…)
“É fácil perceber os motivos que conduziram os homens a praticar a magia: são os desejos humanos. Tudo o que precisamos admitir é que o homem primitivo tinha uma crença imensa no poder de seus desejos. A razão básica porque o que ele começa a fazer por meios mágicos vem a acontecer é, em última análise, simplesmente que o deseja. De início, portanto, a ênfase é colocada apenas no seu desejo.” (…)
“Para resumir, pode-se dizer, então, que o princípio que dirige a magia, a técnica da modalidade animista de pensamento, é o princípio da ‘onipotência de pensamentos’.” (…)
“Se estivermos dispostos a aceitar a explicação oferecida da evolução da maneira do homem visualizar o universo – uma fase animista seguida de uma fase religiosa e esta, por sua vez, de uma fase científica – não será difícil acompanhar as vicissitudes da ‘onipotência de pensamentos’ através dessas diferentes fases. Na fase animista, os homens atribuem a onipotência a si mesmos. Na fase religiosa, transferem-na para os deuses, mas eles próprios não desistem dela totalmente, porque se reservam o poder de influenciar os deuses através de uma variedade de maneiras, de acordo com os seus desejos.
A visão científica do universo já não dá lugar à onipotência humana; os homens reconheceram a sua pequenez e submeteram-se resignadamente à morte e às outras necessidades da natureza.” (…)
Sigmund Freud, Totem e Tabu, 1913; Rio de Janeiro, Imago Editora, 1974, páginas 94, 100, 102 e 105; foto: DarkBlog
Rui Iwersen
Veja mais…