Saúde mental
Freud Explica nº 24
A Guerra nº 4
A guerra se constitui na mais óbvia oposição à atividade psíquica que nos foi incutida pelo processo de civilização
A pedido de Einstein e da Liga das Nações (a atual ONU), Freud explica a guerra.
Prezado Professor Einstein
(…) As modificações psíquicas que acompanham o processo de civilização são notórias e inequívocas. Consistem num progressivo deslocamento dos fins instintuais e numa limitação imposta aos impulsos instintuais. (…) Dentre as características psicológicas da civilização, duas aparecem como as mais importantes: o fortalecimento do intelecto, que está começando a governar a vida instintual, e a internalização dos impulsos agressivos com todas as suas consequências e perigos. Ora, a guerra se constitui na mais óbvia oposição à atividade psíquica que nos foi incutida pelo processo de civilização.
Mas uma coisa podemos dizer: tudo o que estimula o crescimento da civilização trabalha simultaneamente contra a guerra.
Cordialmente, Sigmund Freud
Einstein e Freud, Por que a Guerra?, 1932-1933; Edição Standard Brasileira das Obras de Freud, Imago Editora, Rio de Janeiro, 1974, páginas 258 e 259
Rui Iwersen
Em Defesa da Ciência nº 5
Freud Explica nº 23
O Propósito da Vida
A questão do propósito da vida já foi levantada várias vezes; nunca, porém, recebeu resposta satisfatória e talvez não a admita. Alguns daqueles que a formularam acrescentaram que, se fosse demonstrado que a vida não tem propósito, esta perderia todo o valor para eles.
Tal ameaça, porém, não altera nada. Pelo contrário, faz parecer que temos o direito de descartar a questão, já que ela parece derivar-se da presunção humana, da qual muitas outras manifestações já nos são familiares.
Ninguém fala sobre o propósito da vida dos animais, a menos, talvez, que se imagine que ele resida no fato de os animais se acharem a serviço do homem. Contudo, tampouco essa opinião é sustentável, de uma vez que existem muitos animais de que o homem nada pode aproveitar, exceto descrevê-los, classificá-los e estudá-los; ainda assim, inumeráveis espécies de animais escaparam inclusive a essa utilização, pois existiram e se extinguiram antes que o homem voltasse seus olhos para elas.
Mais uma vez, só a religião é capaz de resolver a questão do propósito da vida. Dificilmente incorreremos em erro ao concluirmos que a ideia de a vida possuir um propósito se forma e desmorona com o sistema religioso.
Sigmund Freud, O Mal-Estar na Civilização (1930), Imago Editora, Rio de Janeiro, 1974, página 32
Rui Iwersen
Em Defesa da Ciência n° 4
O Dilúvio
Depois da Idade do Gelo
A rápida elevação do nível do mar no curso dos últimos 10 000 anos resultou do aquecimento pós-glacial que começou a manifestar-se há 100 000 anos. (…)
Com o aquecimento pós-glacial sobreveio uma época em que os rios tiveram enormes enchentes, particularmente no verão, em consequência do derreter do gelo. (…) Grandes alterações na paisagem decorreram da rápida elevação do nível do mar, que durante alguns milhares de anos se processou a uma média de um metro por século. (…)
Chegou-se a ter como certo que, desse modo, a idade do gelo criou uma dessas situações, raras na história, em que a população global da humanidade foi consideravelmente reduzida. A isso se prende, segundo tudo indica, a origem das lendas amplamente disseminadas sobre o dilúvio – uma gigantesca inundação ocorrida nos primórdios da história da humanidade.
Enciclopédia Britânica do Brasil 1977, As Mudanças do Clima na Terra – Depois da Idade do Gelo, páginas 36, 37 e 38
Rui Iwersen
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