Antropoceno
Informações sobre as transformações do planeta Terra produzidas pela espécie humana no último milhão de anos, desde que iniciamos e aprimoramos o controle e o uso do fogo, de ferramentas e de armas – o Antropoceno.
Área queimada no Brasil cresce 79% em 2024
Território devastado pelo fogo no ano passado é maior que o da Itália; Amazônia foi o bioma mais atingido
A área devastada por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024 com relação a 2023, segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Foram queimados 30.867.676 hectares no ano passado –uma área maior que todo o território da Itália. Desses mais de 30 milhões de hectares, 73% foram de vegetação nativa, sendo 25% em formações florestais. Os fogos em áreas de pastagens somaram 21,9% do total de 2024.
“Chama a atenção a área afetada por incêndios florestais em 2024. Normalmente, na Amazônia, a classe de uso da terra mais afetada pelo fogo tem sido historicamente as pastagens. Em 2024, foi a 1ª vez desde que começamos a monitorar a área queimada que essa lógica se inverteu. A floresta úmida passou a representar a maioria absoluta da área queimada, sem dúvida um fato preocupante visto que uma vez queimada, aumenta a vulnerabilidade e a chance dessa floresta queimar novamente”, disse Ane Alencar, diretora de Ciências do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas.
A Amazônia foi o bioma com o maior número de área devastada pelo fogo: foram 17,9 milhões de hectares incendiados em 2024. É seguida por Cerrado (9,7 milhões), Pantanal (1,9 milhão), Mata Atlântica (1 milhão), Caatinga (330 mil) e Pampa (3.400). (…)
Fonte: Poder 360; foto: ANDI – Comunicação e Direitos.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 24
A dramática história dos índios norte-americanos – nº 6
Em pouco tempo, os oito mil índios powhatan foram reduzidos a menos de mil
Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.
Eram lentas, naquela época, as comunicações entre as tribos do Novo Mundo, e raramente as notícias das barbaridades dos europeus ultrapassavam a disseminação rápida de novas conquistas e colonizações. Porém, bem antes dos homens brancos que falavam inglês chegarem à Virginia em 1607, os powhatan haviam ouvido algo sobre as técnicas civilizatórias dos espanhóis. Os ingleses passaram a usar métodos mais sutis.
E para garantir a paz por tempo suficiente, enquanto estabeleciam uma colônia em Jamestown, colocaram uma coroa de ouro na cabeça de Wahunsonacook, chamaram-no rei Powhatan e o convenceram de que deveria pôr seu povo a trabalhar, fornecendo comida para os colonizadores brancos. (…) Depois da morte de Wahunsonacook, os powhatan insurgiram-se para mandar os ingleses de volta ao mar de onde haviam vindo, mas os índios subestimaram o poder das armas inglesas. Em pouco tempo, os oito mil powhatan foram reduzidos a menos de mil.
Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 20 e 21; foto: InfoEscola.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 38
Os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica
Paralelamente às disputas pelo domínio da terra, os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica. A utilização do indígena como mão de obra, desarticulou rapidamente o sistema econômico tribal, com reflexos diretos em todos os demais aspectos da sociedade, enquanto entidade autônoma.
O mesmo ocorreu em decorrência da utilização sexual da mulher indígena. A contaminação do grupo com doenças até então desconhecidas, e para as quais os indivíduos não apresentavam qualquer resistência biológica, rebentou definitivamente com as possibilidades de o grupo continuar a viver independente. A submissão foi total.
Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 18 e 19; foto: Mongabay Brasil.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
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Série de GaiaNet nº 20
Saúde do Planeta nº 48
99% do território original do pandas foi perdido devido ao desmatamento e à interferência humana
Os pandas são especialmente sensíveis a mudanças ambientais: qualquer diminuição na área de floresta de bambu pode significar morrer de fome.
Há milhares de anos, a espécie se estendia por todo o sudeste asiático; hoje, 99% de seu território original foi perdido devido ao desmatamento e à interferência humana. Agora, pandas existem em apenas seis pequenas regiões montanhosas no interior da china.
Fonte: Super Interessante, edição 470, dezembro de 2024, A geopolítica dos pandas, página 48; foto: G1 – Globo.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 25
Mensagem de 1973 à COP 30 – nº 3
A estrutura agrícola de hoje tem por objetivo maximizar sua produção
O segundo tipo [de estrutura paisagística] é representado pela “paisagem de produção agrícola”, que hoje tem por objetivo maximizar sua produção por meio de ampla mecanização das empresas de produção agrícola. A paisagem de civilização, devido à sua concentração humana, só pode suprir sua demanda alimentar quando está presente a de produção agrícola.
Embora, nesta, os danos causados à paisagem primitiva local não sejam tão elevados como os ocasionados pela da civilização, continuam a predominar, com vistas à economia da natureza, os sinais negativos. Desmatamentos, monoculturas, o perigo das erosões, a regulagem dos cursos de água, a drenagem e o emprego excessivo de fertilizantes caracterizam este tipo de paisagem.
Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, página 173; foto: Geo Agri.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 22
Colapso nº 23 – O apocalipse da Idade do Bronze nº2
Os Povos do Mar parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados
As semelhanças entre a Idade do Bronze tardia e o século 21 não podem ser desprezadas. Ambos são mundos fortemente conectados pelo comércio internacional, pela difusão de tecnologias e por relações diplomáticas e de competição entre civilizações. (…)
A globalização da Idade do Bronze não se esfacelou num único ano cabalístico. O processo foi mais gradual. (…) 1177 a.C. corresponde ao oitavo ano do reinado do faraó Ramsés III, devidamente registrado em monumentos construídos por ordem dele próprio. Foi quando o soberano egípcio enfrentou e derrotou duas vezes uma aliança de misteriosos invasores que, ao que tudo indica, já havia tocado o terror em outras áreas do Oriente Próximo algum tempo antes. Esse grupo de agressores costuma ser chamado coletivamente de “Povos do Mar”. (…)
As inscrições egípcias indicam, com segurança, que os Povos do Mar vinham de regiões periféricas dos grandes impérios da Idade do Bronze, e parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados. Atacavam, pilhavam e incendiavam cidades costeiras, mas também levavam consigo suas mulheres, filhos, carroças e animais domésticos, provavelmente com a intenção de se fixar nas terras onde desembarcavam.
Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: Aventuras na História.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 23
Biodiversidade nº 22
Carnes de laboratório
O cultivo de “carne de laboratório” existe desde 2013. Cientistas coletam células de boi ou de frango e as multiplicam em biorreatores (grandes tanques cheios de aminoácidos e nutrientes) para gerar pedaços de carne sem precisar matar nenhum animal.
Fonte: Super Interessante, edição 453, junho de 2023, Supernovas, página 12; foto: Capital Reset – UOL.
Rui Iwersen, editor.
Série de GaiaNet nº 24
A dramática história dos índios norte-americanos – nº 5
Dez anos após Colombo ter pisado na praia de São Salvador os espanhóis já haviam trucidado centenas de milhares de pessoas e destruído tribos inteiras
Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra. (…) Colombo raptou dez de seus amistosos anfitriões tainos e levou-os à Espanha, onde eles poderiam ser apresentados para se adaptarem aos costumes do homem branco. Um deles morreu logo depois de chegar, mas não antes de ser batizado cristão. Os espanhóis gostaram tanto de possibilitar ao primeiro índio a entrada ao céu que se apressaram em espalhar a boa nova pelas Índias Ocidentais.
Os tainos e outros povos arawak não relutaram em se converter aos costumes religiosos europeus, mas resistiram fortemente quando hordas de estrangeiros barbudos começaram a explorar suas ilhas em busca de ouro e pedras preciosas. Os espanhóis saquearam e queimaram aldeias, raptaram centenas de homens e crianças e os mandaram à Europa para serem vendidos como escravos. Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.
Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: Humanidades.com.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 37
A frente de expansão portuguesa estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas
No ano de 1728 abriu-se uma picada ligando o morro dos Conventos, ao sul de Santa Catarina, com os campos de Lages e Curitiba. Esse caminho passou a permitir que tropas, formadas com o gado arrebanhado no Rio Grande, fossem levadas diretamente às feiras de São Paulo. E em função desse comércio, altamente estimulado pelo auge da exploração das minas, surgiu a vila de Lages, em 1771. As fazendas de criação foram se instalando, determinando a busca de novas pastagens.
A disputa se faz ao índio. Em 1838, conquistaram-se os campos de Guarapuava. Em 1848, dominam-se os campos de Palmas. (…) A motivação econômica dessa frente de expansão estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas, substituindo-os por cabeças de gado. Nesse objetivo, os componentes da frente de expansão se valeram da experiência que a metrópole portuguesa acumulou durante o rápido período em que se expandiu, dominando e exterminando centenas de povos tribais da África, Ásia e América.
Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 18; foto: Viktor Walwell.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
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Série de GaiaNet nº 20
Saúde do Planeta nº 47
A humanidade extraiu 2,1 trilhões de toneladas de água do subsolo e deslocou o eixo rotacional da Terra
0,8 m foi quanto a humanidade deslocou o eixo rotacional da Terra entre 1993 e 2010, segundo um novo estudo publicado por cientistas da Universidade Nacional de Seul (Coréia do Sul). Segundo eles, isso aconteceu por causa da extração de água do subsolo.
Nas duas décadas analisadas, a humanidade extraiu 2,1 trilhões de toneladas de água, e a maior parte dela foi parar nos oceanos – o que redistribuiu a massa do planeta, e empurrou o eixo da Terra 80 cm na direção leste.
Fonte: Super Interessante, edição 453, julho de 2023, Supernovas, página 13; foto: Freepik.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 25
Mensagem de 1973 a nós e à COP 30 – nº 2
A paisagem de civilização fomenta a alteração do equilíbrio biológico
A alteração do equilíbrio ecológico (…) receberá um ponto final no dia em que se conseguir manter em sua forma original ou fazer retornar a ela as unidades paisagísticas hoje ameaçadas de extinção. (…) A evolução previsível [das terras improdutivas] conduz, mais ou menos, à formação característica de três tipos diferentes de formas ou estruturas paisagísticas [paisagem de civilização, paisagem de produção agrícola e paisagem de regeneração].
O primeiro tipo, a que se pode dar o nome de “paisagem de civilização”, é assinalado pela concentração de pessoas, povoações e distritos industriais. A paisagem de civilização, por estar peculiarmente condicionada à economia, fomenta a alteração do equilíbrio biológico, representando assim um sinal negativo para a economia da natureza. É por isso que, com respeito a esse tipo de paisagem, deve-se prestar especial atenção ao cultivo de áreas verdes e ao plantio de árvores em geral. Essa paisagem não produz qualquer efeito regenerativo sobre a economia primitiva da natureza local.
Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 172 e 173; foto: Rádio Maringá.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 22
Colapso nº 22 – O apocalipse da Idade do Bronze
Essa realidade próspera e tranquila veio abaixo em pouco tempo e arrasou civilizações da Grécia à Síria, passando pelo Egito faraônico
Era o ano 1.177 a.C., e o mundo estava acabando. Ou, pelo menos, o mundo que havia sido construído durante séculos (ou até milênios) por reis, guerreiros e burocratas do Mediterrâneo.
Essa gente tinha se acostumado a uma espécie de globalização em pequena escala, graças à qual era possível navegar, comercializar objetos luxuosos e enviar cartas com propostas de casamento, ameaças ou simples saudações a pessoas do outro lado do mar [Mediterrâneo].
Era uma realidade próspera e relativamente tranquila. Mas veio abaixo em pouco tempo – e nunca se reergueu por completo. Trata-se do “apocalipse da Idade do Bronze” [3.3oo a.C. – 1.200 a.C.], um fenômeno histórico que arrasou civilizações da Grécia à Síria, passando pelo Egito faraônico, no século 12 a.C. – e até hoje não foi plenamente esclarecido.
Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 33; foto: Candeias Mix.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 23
Biodiversidade nº 21
Desde a Idade Média os ingleses cruzam raças de cachorros para produzir cães lutadores
Para criar bons cães lutadores, os ingleses cruzaram buldogues com raças mais ágeis de terrier, um tipo de cachorro usado para caça. Nasciam aí os bull terriers, que dariam origem aos pit bulls – um termo guarda-chuva, que abrange várias raças.
O adestramento era cruel. Os cães de rinha precisavam ser agressivos (para atacar outros cães) e, ao mesmo tempo, subservientes (para não atacar seus donos).
Fonte: Super Interessante, edição 464, junho de 2024, Os pit bulls nascem maus ou a sociedade os corrompe?, página 9; foto: Bnews.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 24
A dramática história dos índios norte-americanos – nº 4
Colombo escreveu ao rei que o povo deveria “ser posto a trabalhar, plantar e fazer tudo que é necessário e adotar nossos costumes”
Tudo começou com Cristóvão Colombo, que deu ao povo o nome de índios. Os europeus, os homens brancos, falavam com dialetos diferentes, e alguns pronunciavam a palavra “indien”, ou “indianer”, ou “indian”. Peaux-rouges, ou “red skins” (peles vermelhas), veio depois. Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra.
“Tão afáveis, tão pacíficos, são eles”, escreveu Colombo ao rei e à rainha da Espanha, “que juro a Vossas Majestades que não há no mundo uma nação melhor. Amam a seus próximos como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil, e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis.”
Claro que tudo isso foi tomado como sinal de fraqueza, senão de barbárie, e Colombo, sendo um europeu bem-intencionado, convenceu-se de que o povo deveria “ser posto a trabalhar, plantar e fazer tudo que é necessário e adotar nossos costumes”. Nos quatro séculos seguintes (1492-1890), vários milhões de europeus e seus descendentes tentaram impor seus costumes ao povo do Novo Mundo.
Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: MeisterDrucke.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 36 – Grupos tribais sobreviventes
Com 6.616 indivíduos, os Kaingang formam uma das maiores tribos que sobrevivem no Brasil presente
Distribuídos pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, os Kaingang formam uma das maiores tribos que sobrevivem no Brasil presente. Sua população aldeada em postos indígenas atinge 6.616 indivíduos. Um número de indivíduos não conhecido, mas seguramente com certa agressividade, vive disperso nas fazendas e outras propriedades rurais. (…)
Tudo indica que o território tradicional dos Kaingang era toda a área de campo compreendida entre os rios Uruguai e Iguaçu. Na medida em que os interesses coloniais facilitaram, no século XVII, o aniquilamento das populações Guarani aldeadas pelos jesuítas espanhóis, os Kaingang puderam se expandir para o norte e sul daqueles rios. Conseguiram, assim, temporariamente, o domínio dos campos do planalto, em toda a região sul.
A partir do momento em que os jesuítas e suas reduções foram destruídos, diminuindo os lucros do bandeirantes pela comercialização dos espólios de guerra, especialmente escravos índios, o comércio do gado existente à solta nos campos do sul serviu de motivo para manter o interesse dos paulistas na região. E, aos poucos, o gado tornou-se a razão econômica de contingentes nacionais que logo foram disputar com os Kaingang o domínio dos campos naturais do planalto.
Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 17; foto: A GRANJA – Total Agro.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
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Série de GaiaNet nº 20
Saúde do Planeta nº 46
Os desertos surgem do esgotamento lento do solo através de uma exploração crescente de seus recursos
Quando a erosão do solo alcança determinados níveis, a terra se torna estéril. Os efeitos dos desmatamentos podem ser detectados em todo o mundo, nas suas consequências mais devastadoras.
Sobre isso escrevem, por exemplo, Jacks e White: “Os desertos da China Setentrional, Pérsia, Mesopotâmia e da África do Norte contam, todos eles, a mesma história do esgotamento lento do solo através de uma exploração crescente de seus recursos, determinada por uma civilização que foi se expandindo. Ele foi explorado de tal forma que não lhe restou força alguma para se recuperar. Naturalmente, à exaustão do solo seguiu-se – um fato que hoje se pode constatar – a erosão. (…)”
Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, página 33; foto: Freepik.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 25
Mensagem de 1973 a nós e à COP 30 – nº 1
A sobrevivência de uma humanidade sadia custa dinheiro, muito dinheiro
O problema principal da defesa ecológica é que, em se tratando do nosso meio ambiente, cada indivíduo deve se conscientizar de que tem de modificar, a esse respeito, seus conceitos e sua mentalidade. Quanto a isso, é preciso que se diga claramente que a sobrevivência de uma humanidade sadia custa dinheiro, muito dinheiro. Cada membro de uma sociedade que se baseia no bem-estar social deverá estar disposto, para que isso se concretize, a grandes sacrifícios.
Muitas das coisas que hoje deixamos de fazer, no sentido de uma estruturação do meio ambiente, não poderão ser recuperadas amanhã, pois terão de ser consideradas como irremediavelmente perdidas.
Pode-se afirmar, com certeza, que o dinheiro que “hoje” se colocar à disposição da preservação do meio ambiente será menor do que o montante que se exigirá dentro de poucos anos. Se não se levar em consideração as exigências atuais da defesa ecológica, a soma a ser despendida crescerá dia a dia.
Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 153 e 154; foto: Portal Gov.br.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 24
A dramática história dos índios norte-americanos – nº 3
Os que lerem este livro poderão aprender algo sobre sua própria relação com a terra, com um povo que era de conservacionistas verdadeiros
Este não é um livro alegre, mas a história tem um jeito de se introduzir no presente, e talvez os que o lerem tenham uma compreensão mais clara do que é um índio americano, sabendo o que ele foi. Poderão surpreender-se ao ouvir que palavras gentis e ponderadas saem da boca de índios estereotipados no mito americano como selvagens impiedosos. Poderão aprender algo sobre sua própria relação com a terra, com um povo que era de conservacionistas verdadeiros.
Os índios sabiam que a vida equivale à terra e seus recursos, que a América era um paraíso, e não podiam compreender por que os invasores do Leste estavam decididos a destruir tudo que era índio e a própria América.
E se os leitores deste livro alguma vez puderem ver a pobreza, a desesperança e a miséria de uma reserva índia moderna, acharão possível compreender realmente as razões disso.
Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Introdução, página 17; foto: Toda Matéria.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 35
Grupos tribais sobreviventes
Prosseguimos esta Série de GaiaNet com artigos extraídos do livro Educação e sociedades tribais, de Silvio Coelho dos Santos, com especial destaque para o capítulo Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil.
A educação vem sendo usada junto às comunidades indígenas para manter os quadros de dominação exercidos pela sociedade nacional
A escola existente junto às comunidades indígenas, de uma forma ou de outra, compatua como instrumento destinado a manter tal quadro de relacionamento e submissão entre índios e não-índios.
As funções da educação escolar foram destacadas a partir da idéia de que ela é uma agência formal do processo destinado a socializar os membros jovens da sociedade que a patrocina. Foi assim possível detectar como a educação vem sendo usada junto às comunidades indígenas para manter os quadros de dominação exercidos pela sociedade nacional. Essa utilização fica nítida a partir do momento em que a escola se propõe a alfabetizar os indígenas somente em língua portuguesa. Ou quando todos os pontos de referência da atividade escolar são tomados na sociedade nacional.
Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Introdução, páginas 11 e 12; foto: Portal Gov.br.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
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Série de GaiaNet nº 24
A dramática história dos índios norte-americanos – nº 2
Esta série mostra o “Capitalismo maquiavélico” dos colonizadores europeus da América do Norte, como ocorreu na América do Sul (como veremos na Série de GaiaNet nº 21: “1501 – O Brasil depois de Cabral”).
Enterrem meu coração na curva do rio é um livro de advertência sobre o problema das minorias raciais em confronto com uma cultura tecnologicamente adiantada
O livro de Dee Brown chegou à lista de best-sellers e passou mais de um ano sacudindo consciências e revelando uma face triste da formação dos Estados Unidos, reabilitando os pobres subumanos mostrados pelo cinema e pela televisão de massas. Revela outro aspecto importante dessas décadas impiedosas: o papel do homem branco como o agente poluidor da natureza exuberante da região habitada pelos índios. Os brancos introduziram a fumaça dos trens, o uísque, as doenças infecciosas e acabaram com as florestas e a vida selvagem. (…)
[Dee Brown] Foi um pesquisador nato e provou isso em Enterrem meu coração na curva do rio, revelando uma quantidade imensa de material original e desconhecido sobre os índios. (…)No Brasil, além do interesse natural por uma obra sobre o assunto, Enterrem meu coração na curva do rio é um livro de advertência, profundamente atual, sobre o problema das minorias raciais em confronto com uma cultura tecnologicamente adiantada.
Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, Coleção L&PM Pocket, 2003; Geraldo Galvão Ferraz, Apresentação, páginas 6 e 7; foto: Facebook – Buenas ideias.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
- Published in Informação Ecológica