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Antropoceno

terça-feira, 24 julho 2018 by Rui Iwersen

Informações sobre as transformações do planeta Terra produzidas pela espécie humana no último milhão de anos, desde que iniciamos e aprimoramos o controle e o uso do fogo, de ferramentas e de armas – o Antropoceno.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 44

Os Xokleng estão em vias de rápido desaparecimento

A esperança de viver dias melhores já desapareceu para a maioria da população. “A reserva é um desânimo só”, disse-me há alguns dias um regional interessado na situação dos índios.

Em São João dos Pobres, os Xokleng estão em vias de rápido desaparecimento. Vivem sem assistência oficial. São 4 indivíduos apenas. Um homem e  três mulheres. Outrora, em 1920, ano da atração, somavam 50. A terra que ocupam jamais foi regularizada pelos órgãos assistenciais. O precário apoio que recebem é obtido junto aos postos assistenciais dos governos municipais.

O desaparecimento desse grupo, entretanto, está a ocorrer dentro de um quadro muito especial. Trata-se da negativa flagrante dos descendentes mestiços do grupo a assumir a identificação indígena, decorrente dos estereótipos altamente negativos que os regionais mantêm sobre os índios.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, Os Xokleng, página 23; foto: Conselho Indigenista Missionário – Cimi.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 51

Rios brasileiros correm o risco de perder água

Pesquisadores da USP analisaram 17.972 poços localizados a menos de 1 km de rios de todo o Brasil, e encontraram um sinal preocupante: mais da metade deles (55 %) apresentou nível inferior ao do rio mais próximo – indicando que, a longo prazo, os rios podem perder água. (…)

Isso indica que, se existir uma conexão hidráulica entre o rio e o aquífero, esse rio pode estar perdendo água para o aquífero. É um processo natural. Se o nível do aquífero estiver acima do nível do rio, o rio potencialmente está recebendo água do aquífero. Caso contrário, ele está potencialmente perdendo água para o aquífero.

O bombeamento de água subterrânea pode rebaixar o nível do aquífero, fazendo com que um rio que antes recebia água passe a perdê-la para o aquífero. A longo prazo, dependendo das condições geológicas e climáticas, isso pode reduzir a vazão do rio.

Fonte: Super Interessante, edição 474, abril 2025, página 12; foto: Jota 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet


Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 4

As antigas realizações técnicas tinham relações com a defesa, a obtenção e o armazenamento de água

O acúmulo de dezenas de milhares de pessoas num espaço reduzido, depois mesmo de centenas de milhares de pessoas, levou o homem, já na Antiguidade, a se ver confrontado com problemas de defesa ecológica, tal como os conhecemos também nas nossas metrópoles.

De um lado, as águas produzidas por fontes nas proximidades das grandes cidades tinham de ser captadas, armazenadas e conduzidas às povoações. Vincula-se a isso a eliminação das águas servidas, ou seja, os esgotos. Não devemos pois nos admirar de que as antigas realizações técnicas do homem tivessem de manter restritas relações com o desenvolvimento de instalações destinadas à defesa, à obtenção e ao armazenamento de água. Foi no âmbito da economia dos recursos hídricos que primeiro se obtiveram conhecimentos que continuam a ser proveitosos ainda nos nossos dias.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, página 82 ; foto: Guia do Estudante.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 29 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 8

Água em abundância faz toda a diferença do mundo para um império agrário

A sorte de ambas essas potências mesopotâmicas [Assíria e Babilônia] é que, para começo de conversa, elas estavam relativamente longe do Mediterrâneo – e, portanto, fora do alcance direto dos navios dos Povos do Mar. O segundo ingrediente da sobrevivência: liderança com a cabeça no lugar. (…)

E há, é claro, um fator ainda mais crucial: água. Água em abundância faz toda a diferença do mundo para um império agrário. “Assírios e babilônios podiam contar com o Tigre e o Eufrates, que continuavam fornecendo água em quantidades adequadas mesmo durante a grande seca”, diz o arqueólogo americano [Eric Cline]. “Os egípcios tinham o Nilo. Já os hititas não contavam com nenhum rio tão resiliente em seu território.”

Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 39; foto: Facebook. 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 11

Para os índios parecia que os europeus odiavam tudo na natureza 

No continente, os wampanoags de Massasoit e do rei Philip haviam desaparecido, junto com os chesapeakes, os chickahominys e os potomacs da grande confederação Powhatan. (Só Pocahontas era lembrada). Dispersos ou reduzidos a sobreviventes: os pequots, montauks, nanticokes, machapungas, catawbas, cheraws, miamis, hurons, eries, mohawks, senecas e mohegans. (Só Uncas era lembrado). Seus nomes, que se celebrizaram na história da sua pátria, permaneceram para sempre fixados na terra americana; mas seus ossos estavam abandonados, esquecidos em mil aldeias queimadas, perdidos em florestas que logo desapareciam diante dos machados de vinte milhões de invasores.

Os rios, de cujas águas límpidas e cristalinas se serviam eșses povos, a maioria com nomes índios, já estavam turvados pelo lodo e pelos detritos dos intrusos; a própria terra estava sendo devastada e dissipada. Para os índios, parecia que os europeus odiavam tudo na natureza – as florestas vivas e seus pássaros e bichos, as extensões de grama, a água, o solo e o próprio ar.

Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 25; foto: Portal dos Mitos. 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 43

A maioria dos Xokleng hoje sobrevive pela execução de atividades de extração de palmitos em áreas florestais

Orientando o posto indígena desde a pacificação [em 1910] até 1954, Eduardo Hoerhan logrou resguardar a área indígena de Ibirama da exploração dos civilizados regionais. Com a sua destituição, entretanto, esse quadro logo se modificou. Em pouco tempo, os Xokleng passaram a ser utilizados pela sociedade regional em seu potencial de mão de obra e capacidade de consumo, enquanto o potencial florestal da reserva começou a ser sistematicamente explorado.

Sujeitos a situações de trabalho em que predomina a espoliação, a maioria dos Xokleng hoje sobrevive pela execução de atividades de extração de palmitos em áreas florestais localizadas fora do posto indígena. A agricultura é praticada de modo bastante precário, pois não há condição para os índios, isoladamente, dinamizarem tal atividade. A exploração de madeiras que continuamente vem se fazendo na reserva, pela associação da FUNAI com madeireiros regionais, não utiliza em nenhum momento a mão de obra indígena. A prostituição não é desconhecida por muitos dos elementos do sexo feminino. A esperança de viver dias melhores já desapareceu para a maioria da população. “A reserva é um desânimo só”, disse-me há alguns dias um regional interessado na situação dos índios.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 23; foto: BBC News.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 3

O que mais o impressionou um pigmeu que vivia ainda na selva foi a água canalizada de nossas cidades

Quando, há algumas décadas, foi trazido para uma metrópole australiana um pigmeu que vivia ainda na selva, num ambiente da Idade da Pedra, perguntaram-lhe, depois de lhe terem mostrado todas as conquistas da civilização, o que lhe tinha causado maior impressão. Ao contrário do que se esperava, ele não respondeu que tinham sido os “arranha-céus”. O que mais o impressionou foi o fato de que, ao se abrir uma simples torneira, escorria “água” da canalização, em grande quantidade.

Com seu instinto seguro, o pigmeu tinha reconhecido que não invejava o homem civilizado por possuir aquelas torres de cimento e tijolos e suas autoestradas. Portanto, só podia causar-lhe admiração, realmente, o fato de que se podia obter, pela canalização, qualquer quantidade de água, a toda hora do dia ou da noite.

Tratando-se do elemento básico, que é sobreviver na luta pela existência no nosso planeta, a água límpida e potável é mais importante do que o mais rápido e maior dos jatos tipo Jumbo que atravessam os oceanos em tempo recorde.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, página 81 ; foto: Inforpress.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 28 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 7

As potências mesopotâmicas estavam relativamente longe do Mediterrâneo, fora do alcance direto dos navios dos Povos do Mar

Seja como for, o cenário geral da desgraça e suas causas estão ficando razoavelmente claros. O apocalipse da Idade do Bronze está relacionado a guerras e fenômenos climáticos, com suas consequências políticas e econômicas. (…)

Na categoria dos sobreviventes, cada caso é um caso, mas há alguns pontos interessantes em comum. Talvez a situação mais simples de entender seja a da Mesopotâmia (grosso modo, o atual Iraque), onde a Assíria, no norte, e a Babilônia, no sul, mantiveram sua estrutura estatal mais ou menos intacta.

A sorte de ambas essas potências mesopotâmicas é que, para começo de conversa, elas estavam relativamente longe do Mediterrâneo – e, portanto, fora do alcance direto dos navios dos Povos do Mar. O segundo ingrediente da sobrevivência: liderança com a cabeça no lugar. “Eles tiveram os líderes certos na hora certa. Enquanto o Império Hitita, por exemplo, bem no momento em que a grande seca causava seus piores efeitos, acabou dilacerado por uma guerra entre membros da família real.”

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, páginas 36 e 39; foto: Planejativo.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 10

Os europeus que seguiram Colombo destruíram a vegetação e seus habitantes – homens, animais, pássaros e peixes – da ilha de São Salvador 

Mais de três séculos haviam se passado desde que Cristóvão Colombo desembarcara em São Salvador, mais de dois séculos desde que os colonos ingleses haviam chegado à Virginia e à Nova Inglaterra. Nesse espaço de tempo, os amistosos tainos que receberam Colombo na praia haviam sido completamente dizimados.

Bem antes do último dos tainos morrer, a simplicidade de sua cultura de lavoura e artesanato fora destruída e substituída por plantações de algodão onde trabalhavam escravos. Os colonos brancos abateram as florestas tropicais para aumentar seus campos; os algodoeiros cansaram o solo; sem o escudo das florestas, ventos cobriam os campos de areia.

Quando Colombo viu a ilha pela primeira vez, descreveu-a como “muito grande, muito alta e com árvores muito verdes… o conjunto é tão verde que é um prazer olhá-lo”. Os europeus que o seguiram destruíram sua vegetação e seus habitantes – homens, animais, pássaros e peixes – e, depois de a transformarem num deserto, abandonaram-na.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 24 e 25; foto: Mundo Educação – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 42

Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Efetivamente, os Xokleng passaram a enfrentar inimigos mais sutis, mas com maior poder destrutivo. Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos. Os sobreviventes tiveram de se adaptar à vida sedentária, substituindo suas atividades tradicionais de caça e coleta, pelo cultivo de roças. A dieta alimentar foi bruscamente alterada, contribuindo, hoje se sabe, para a disseminação de doenças. O desequilíbrio demográfico, por sua vez, alterou toda a organização tribal, tornando o grupo definitivamente dependente do organismo oficial de proteção.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: Terra.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 2

Nas épocas pré-cristãs das civilizações mediterrâneas existiam metrópoles que já enfrentavam problemas ecológicos

Já há algumas décadas comecei a me conscientizar de que a humanidade se encontra à beira do maior perigo que enfrentou até hoje. Nem a mais devastadora das guerras, nem a destruição de que são capazes as bombas atômicas têm o poder de ameaçar a existência humana na mesma proporção que o fará a catástrofe ecológica que se avizinha. Eis porque surge, óbvia, a indagação: será que os danos ecológicos são um sinal característico da moderna civilização ou também exerceram marcante influência na Antiguidade?

Nas épocas pré-cristãs das civilizações mediterrâneas existiam metrópoles que, certamente, já enfrentavam problemas de defesa ecológica. Como, por essa época, a utilização da técnica ainda não tinha progredido como hoje em dia, podemos excluir a ameaça da poluição atmosférica. Porém, devemos voltar a nossa atenção para os danos ecológicos ocasionados pelo desmatamento, pela erosão do solo, pelos esgotos e pelo lixo doméstico.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, páginas 79 e 80; foto: iStock.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Gelo polar deve seguir derretendo até 2300

Mesmo se a humanidade cortar drasticamente as suas emissões de CO2, em quantidade suficiente para alcançar  o estado de “carbono negativo”(situação em que o carbono da atmosfera começa a diminuir), e fizer isso relativamente rápido, já a partir de 2050, o Círculo Polar Ártico deve continuar derretendo por muito tempo, pelo menos até o ano 2300.

Essa é a conclusão pouco animadora de uma simulação feita por cientistas da Coréia do Sul, que analisaram áreas cobertas por permafrost: regiões polares onde o gelo normalmente nunca derrete, mas devido às mudanças climáticas começou a fazer isso [derreter].

Segundo o estudo, os polos vão continuar descongelando porque o aquecimento global já tomou muito impulso – e também porque, ao derreter, o permafrost libera CO2 e metano, que retêm calor na atmosfera e realimentam o processo [e libera também micro-organismos, talvez nocivos à saúde humana ou de outros animais].

Fonte: Bruno Garattoni, Supernovas, Super Interessante, edição 473, março 2025, página 10; foto: Aventuras no Conhecimento.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 27 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 6

O apocalipse da Idade do Bronze está relacionado a guerras e fenômenos climáticos 

“Dois anos contínuos [de seca] costumam destruir as estratégias de resiliência a longo prazo, fazendo com que, por exemplo, não seja mais possível alimentar animais domésticos nas fazendas. Um terceiro ano consecutivo é muito raro, e muito sério”, afirma Manning [Stuart Manning, da Universidade Cornell (EUA)]. “No mundo pré-moderno, isso acabaria minando a autoridade do rei, tanto pela incapacidade de coletar impostos e alimentar o Exército quanto também do ponto de vista simbólico: claramente os deuses abandonaram e rejeitaram os governantes.” (…)

Por outro lado, as colheitas ruins também podem ter estimulado revoltas internas em vários reinos – até porque, na maioria dos casos, não há indício de que uma população vinda de fora tenha conquistado os domínios palacianos.

Seja como for, o cenário geral da desgraça e suas causas estão ficando razoavelmente claros. O apocalipse da Idade do Bronze está relacionado a guerras e fenômenos climáticos, com suas consequências políticas e econômicas.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 36; foto: Notícias Concursos.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 1 

Apresento, a partir de hoje, esta nova Série de GaiaNet com cerca de 60 pequenos artigos extraídos dos capítulos III – O Meio Ambiente na Antiguidade, IV – O Meio Ambiente na Idade Média e V – Como Escapar da Catástrofe Ecológica do livro Terra -Um Planeta Inabitável? do alemão Hans Liebmann, de 1973.

Estamos fazendo que o nosso planeta acabe por se tornar artificialmente inabitável nas próximas décadas 

A alteração do equilíbrio biológico do nosso meio ambiente e os  tantos focos de perigo que nós próprios criamos  através da poluição do nosso espaço vital, quer terrestre, aquático ou atmosférico – todos esses sinais de alarma e suas consequências para cada um de nós em particular são de tal forma graves que não podemos ficar à espera de medidas legais que possam salvar o nosso planeta. Já tão-somente o nosso instinto de conservação deveria ser suficiente para nos livrar dos terríveis acontecimentos que se anunciam.

No entanto, sabemos todos nós muito bem que isso não acontece e que, a passos de gigante, por nos afastarmos sempre mais da vida natural, estamos fazendo que o nosso planeta acabe por se tornar artificialmente inabitável nas próximas décadas.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, página 79; foto: Dreamstime.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 9

Os holandeses ordenaram o massacre de duas aldeias inteiras enquanto os habitantes dormiam

Quando os holandeses chegaram à ilha de Manhattan, Peter Minuit comprou-a por sessenta florins em anzóis e contas de vidro, mas eles encorajaram os índios a permanecer e continuar trocando suas valiosas peles por tais bugigangas.

Em 1641, Willem Kieft cobrou tributos dos mahicans e enviou soldados à ilha Staten para punir os raritans por ofensas cometidas por colonos brancos, não por eles. Quando os índios revidaram, matando quatro holandeses, Kieft ordenou o massacre de duas aldeias inteiras enquanto os habitantes dormiam. Os holandeses passaram à baioneta homens, mulheres e crianças, cortaram seus corpos em pedaços e arrasaram as aldeias com fogo.

Por mais dois séculos, esses fatos se repetiram, enquanto os colonos europeus deslocavam=se para o interior, através de passagens entre os montes Alleghenies, e para os rios que corriam no rumo oeste, para o Grandes Águas (o Mississippi) e para o Grande Barrento (o Missouri).

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 22; foto: InfoEscola.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 41

O convívio não fez cessar a violência e a dramaticidade das relações entre índios e não-índios

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Assim sendo, compreende-se porque as técnicas de persuasão empregadas pelo novo e vigoroso Serviço de Proteção aos Índios, além da bravura do jovem Eduardo Hoerhan, convenceram a maioria dos Shokleng  sobreviventes ao convívio pacífico. Convívio que entretanto não fez cessar a violência e a dramaticidade das relações entre índios e não-índios. E isto se depreende nitidamente do seguinte depoimento do pacificador:

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morreriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: AgroSaber.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 6   

Podemos transformar em mata mista milhares de hectares dos milhões de hectares de terras improdutivas

Não será através de um reflorestamento geral de uma paisagem, há muito tempo cultivada, que se poderá fomentar a preservação ou a ampliação de uma paisagem de regeneração.

O que mais importa, nessas tradicionais zonas de cultivo, é realizar florestamento limitado, para conservar, por exemplo, os vales relvados dos maciços centrais e os pastos no alto das serras.

Mesmo assim, ainda fica a possibilidade de se transformar numa mata mista milhares de hectares dos milhões de hectares de terras improdutivas que se encontram à disposição.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército, 1979, páginas 174 e 175; foto: Diário do Nordeste.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 26 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 5

Um estudo da Universidade Cornell (EUA) mostrou que todo o século anterior ao colapso do Mediterrâneo Oriental foi marcado por secas

Os palácios luxuosos foram incendiados ou abandonados, a população grega pode ter caído pela metade e até a arte da escrita foi completamente esquecida. Mas os Povos do Mar (quem quer que fossem eles) não podem ser responsabilizados sozinhos por tanta desgraça.

Tudo indica que, para que eles conseguissem causar tanto estrago, foi preciso que boa parte do Mediterrâneo Oriental já tivesse sido desestabilizada por outros fatores, e o principal parece ter sido o clima. Num estudo publicado em 2023 no periódico especializado Nature, uma equipe liderada por Stuart Manning, da Universidade Cornell (EUA), mostrou que todo o século anterior ao colapso foi marcado por condições cada vez mais secas na esfera de influência dos hititas, por exemplo. Situações parecidas podem ter afetado as ilhas do mar Egeu, a Grécia e talvez a Itália.

Por fim, pouco depois de 1200 a.C., três anos consecutivos de seca totalmente fora do comum chegaram, coincidindo, ao que parece, com o abandono de Hattusa, a capital hitita.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, páginas 35 e 36; foto: Escola Kids – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 8

O poder de fogo dos colonos praticamente exterminou os wampanoags e narragansetts 

Na época em que Massasoit, grande chefe dos wampanoags, morreu, em 1602, seu povo estava sendo expulso para as florestas. Seu filho Metacom previu que os índios chegariam ao fim, se não se unissem para resistir aos invasores. Embora os habitantes da Nova Inglaterra tentassem agradar Metacom, coroando-o rei Philip de Pokanoket, ele dedicou a maior parte de seu tempo à formação de alianças com os narradansetts e outras tribos da região.

Em 1675, depois de uma série de ações arrogantes por parte dos colonos, o rei Philip [Metacom] levou sua confederação índia a uma guerra destinada a salvar as tribos da extinção. Os índios atacaram 52 acampamentos, destruíram completamente doze, mas, depois de meses de luta, o poder de fogo dos colonos praticamente exterminou os wampanoags e narragansetts.

O rei Philip foi morto e sua cabeça exibida publicamente em Plymouth por vinte anos. Juntamente com outras mulheres e crianças índias capturadas, sua mulher e seu filho foram vendidos como escravos nas Índias Ocidentais.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 21 e 22; foto: eCycle.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 40

A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos

Um terceiro grupo [indígena], entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

A resistência indígena foi enfrentada pelos governos locais e pelas companhias interessadas nos negócios de colonização, com a organização e estipêndio de grupos de bugreiros. A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos. Mas, segundo o objetivo depoimento de um bugreiro, “o negócio era afugentar pela boca da arma”.

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 21 e 22; foto: Café História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 50

Entre 2022 e 2023 mais de 6 mil escolas sofreram ataques e mais de 10 mil estudantes e professores foram feridos.

Há mais de 120 conflitos armados acontecendo no mundo todo. Muitos nem aparecem nos jornais. Mas em cada um deles há muitas crianças que são obrigadas a viver em meio à violência extrema. (…)

Em zonas de guerras, muitas salas de aula são atingidas por balas e bombardeios, enquanto outras transformam-se em abrigos temporários. Até o caminho torna-se perigoso, e milhões de crianças precisam atravessar campos minados e regiões afetadas por ataques constantes para chegar à sala de aula.

Apenas entre 2022 e 2023, mais de 6 mil escolas sofreram ataques e mais de 10 mil estudantes e professores foram feridos. Em regiões como Gaza, Ucrânia e República Democrática do Congo, centenas de escolas foram ameaçadas ou atingidas por tiros e bombardeios.

Fonte: Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), fevereiro de 2025; foto: Andes – SN

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 5   

É preciso que amplas áreas sejam reservadas à defesa do meio ambiente

Deve-se encarar a paisagem de regeneração como uma nova forma de exploração do solo, que respeita não só a preservação da natureza, mas que também deve servir ao fomento do turismo. Para que seja garantida a preservação ou a regeneração desta paisagem, é preciso que amplas áreas sejam reservadas à defesa do meio ambiente.

Enquanto que nos casos da paisagem da civilização e da de produção agrícola, a ação é dominada pela mentalidade econômica, na paisagem de regeneração é a ecologia que deve ocupar o primeiro plano. É a mentalidade biológica que aqui está a serviço da paisagem considerada globalmente, não importando a rentabilidade que possa ser proporcionada por uma área delimitada. Nos países industrializados, a paisagem de regeneração não mais deve ceder terreno aos outros dois tipos de paisagem.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército, 1979, página 174; foto: Cesan.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 25 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 4

Uma onda de destruição se abateu também na Grécia continental

No litoral dos atuais Síria, Líbano, Israel e Palestina, muitas cidades-estado antigas e poderosas viraram fumaça, entre as quais Ugarit, a grande senhora do comércio do Mediterrâneo Oriental na época.

Por fim, uma onda de destruição se abateu também na Grécia continental. Nessa época, no lugar dos políticos e filósofos que fariam a fama da civilização grega bem mais tarde [após 5 séculos], a região era ocupada por vários pequenos reinos que pareciam “Egitos” em miniatura, na chamada civilização micênica. Os micênicos eram governados por reis extremamente poderosos, cercados de luxo, defendidos por guerreiros que lutavam em carros de guerra (ou bigas, como diriam os romanos). (…)

Quando a poeira do colapso baixou, tudo isso tinha deixado de existir. Os palácios luxuosos foram incendiados ou abandonados, a população grega pode ter caído pela metade e até a arte da escrita foi completamente esquecida.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: cidade de Micenas; fonte: Apaixonados por História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 7

A primeira transferência documentada de terra índia a colonos ingleses

Em Massachusetts, a história começou de modo algo diverso, mas acabou da mesma forma que na Virginia. Depois de os ingleses desembarcarem em Plymouth (1620), a maioria deles teria morrido de fome, não fosse a ajuda que receberam dos nativos amistosos do Novo Mundo. (…)

Por vários anos, esses ingleses e seus vizinhos índios viveram em paz, mas muitas outras levas de homens brancos continuaram a chegar. O barulho dos machados e o estrondo das árvores que caíam ecoavam pelas costas da terra que os homens brancos agora chamavam de Nova Inglaterra. As colônias começaram a se disseminar por toda parte.

Em 1625, alguns dos colonos pediram a Samoset [indígena designado missionário pelos ingleses] mais doze mil acres de terra dos pemaquids. Samoset sabia que a terra vinha do Grande Espírito, era infinita como o céu e não pertencia a homem algum. Para agradar os estrangeiros e seus costumes estranhos, ele participou  de uma cerimônia em que cedeu a terra e colocou sua marca num papel. Era a primeira transferência documentada de terra índia a colonos ingleses.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 21; foto: Dreamstime.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 39

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi dramática

Os Xokleng estão localizados em Santa Catarina (…) Em Ibirama vivem 270 indivíduos. No núcleo de São João dos Pobres, há 4 sobreviventes Xokleng. Seus descendentes, mestiços, não se identificam como indígenas.

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi particularmente dramática. A tribo tradicionalmente mantinha suas atividades de subsistência com base nas atividades de caça e coleta. Divididos em grupos de 50 a 200 pessoas, os Xokleng dominavam toda a área de floresta que encobre a área localizada entre o litoral e a encosta do planalto, desde as proximidades de Porto Alegre (RS) até Paranaguá (PR). Esta área somente começou a ser sistematicamente desbravada a partir do momento em que se iniciou a colonização no sul do País, em 1824.

Como o território ocupado pelos Xokleng, à época da colonização, já estava cercada por propriedades civilizadas, os indígenas não tinham para onde fugir. A resistência que opuseram à penetração dos brancos foi contínua e, somente depois da criação do SPI [Serviço de Proteção aos Índios, em 1910], foi possível o contato pacífico com alguns grupos. Assim, Eduardo Hoerhan, em 1914, contatou com um grupo no Alto Vale do Itajaí. Paralelamente, em 1920, João Gomes Pereira travou relações amistosas com o grupo de São João dos Pobres. Um terceiro grupo, entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 21; foto: Instituto Socioambiental.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 49

Cerca de metade das mortes de crianças menores de 5 anos de idade está relacionada à desnutrição 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de metade das mortes de crianças menores de 5 anos de idade está relacionada à desnutrição, uma doença grave causada pela falta de nutrientes essenciais para a vida saudável.

Estamos diante de uma crise absolutamente assustadora. Só no Sudão, estima-se que quase 5 milhões de crianças e mulheres grávidas ou amamentando estejam com desnutrição grave.

Fonte: Médicos Sem fronteiras, novembro de 2024.

Na República Centro-Africana (RCA), as mulheres são 138 vezes mais propensas a morrer de complicações de gravidez e do parto do que na União Europeia, enquanto uma criança no país tem 25 vezes mais chance de morrer antes do seu primeiro aniversário do que se tivesse nascido na Europa.

Fonte: Médicos Sem Fronteiras, janeiro de 2025.

Foto: Sete Margens.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 4   

É possível criar liames estreitos entre a paisagem de regeneração e os interesses da silvicultura e da defesa ecológica

Se, pois, a paisagem da civilização e a paisagem da produção agrícola quase não concedem possibilidades de regeneração ao solo, elevada significação ganha a terceira forma típica, que é a “paisagem de regeneração”. O que houver de essencial, com relação à defesa ecológica, no sentido de alcançar a regeneração geral de uma paisagem, situa-se, em última análise, neste tipo de paisagem.

Encontra-se a paisagem de regeneração nos lugares em que as grandes concentrações urbanas e industriais não entram em cogitação por motivos geográficos, bem como onde a qualidade do solo não permite uma intensificação das atividades agrícolas. Este tipo de paisagem, que antigamente carregava também o símbolo da presença das chamadas terras improdutivas, transformou-se hoje [1973], sob o signo das ameaças representadas pela poluição ambiental, num sinal positivo.

Uma chance de sobrevivência, só existirá se esse terceiro tipo de paisagem for utilizado conscientemente como centro de regeneração. Dentro desta perspectiva, é possível criar liames bastante estreitos entre a paisagem de regeneração e os interesses da silvicultura e da defesa ecológica.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 173 e 174; foto: Diário do Nordeste.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapso nº 24 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 3

O Egito nunca mais voltou a ser a potência internacional que havia sido na Idade do Bronze

As inscrições egípcias indicam, com segurança, que os Povos do Mar vinham de regiões periféricas dos grandes impérios da Idade do Bronze, e parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados. Atacavam, pilhavam e incendiavam cidades costeiras (…)

No caso do Egito, deu ruim para os Povos do Mar, conforme Ramsés III conta em seus monumentos. O esforço de guerra, porém, drenou tanto os recursos egípcios, além de arrancar outras regiões da esfera de influência dos faraós, que o reino do Nilo nunca mais voltou a ser a potência internacional que havia sido na Idade do Bronze.

E os egípcios até que saíram no lucro. As invasões “bárbaras” parecem ter sido, por exemplo, um fator importante para o completo desaparecimento do Império Hitita, que tinha unificado quase todo o território da atual Turquia sob seu comando nos séculos anteriores. No litoral dos atuais Síria, Líbano, Israel e Palestina, muitas cidades-estado antigas e poderosas viraram fumaça, entre as quais Ugarit, a grande senhora do comércio do Mediterrâneo Oriental na época.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: Escola Kids – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Área queimada no Brasil cresce 79% em 2024

Território devastado pelo fogo no ano passado é maior que o da Itália; Amazônia foi o bioma mais atingido

A área devastada por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024 com relação a 2023, segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Foram queimados 30.867.676 hectares no ano passado –uma área maior que todo o território da Itália.  Desses mais de 30 milhões de hectares, 73% foram de vegetação nativa, sendo 25% em formações florestais. Os fogos em áreas de pastagens somaram 21,9% do total de 2024.

“Chama a atenção a área afetada por incêndios florestais em 2024. Normalmente, na Amazônia, a classe de uso da terra mais afetada pelo fogo tem sido historicamente as pastagens. Em 2024, foi a 1ª vez desde que começamos a monitorar a área queimada que essa lógica se inverteu. A floresta úmida passou a representar a maioria absoluta da área queimada, sem dúvida um fato preocupante visto que uma vez queimada, aumenta a vulnerabilidade e a chance dessa floresta queimar novamente”, disse Ane Alencar, diretora de Ciências do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas.

A Amazônia foi o bioma com o maior número de área devastada pelo fogo: foram 17,9 milhões de hectares incendiados em 2024. É seguida por Cerrado (9,7 milhões), Pantanal (1,9 milhão), Mata Atlântica (1 milhão), Caatinga (330 mil) e Pampa (3.400).  (…)

Fonte: Poder 360; foto: ANDI – Comunicação e Direitos.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 6

Em pouco tempo, os oito mil índios powhatan foram reduzidos a menos de mil

Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.

Eram lentas, naquela época, as comunicações entre as tribos do Novo Mundo, e raramente as notícias das barbaridades dos europeus ultrapassavam a disseminação rápida de novas conquistas e colonizações. Porém, bem antes dos homens brancos que falavam inglês chegarem à Virginia em 1607, os powhatan haviam ouvido algo sobre as técnicas civilizatórias dos espanhóis. Os ingleses passaram a usar métodos mais sutis.

E para garantir a paz por tempo suficiente, enquanto estabeleciam uma colônia em Jamestown, colocaram uma coroa de ouro na cabeça de Wahunsonacook, chamaram-no rei Powhatan e o convenceram de que deveria  pôr seu povo a trabalhar, fornecendo comida para os colonizadores brancos. (…) Depois da morte de Wahunsonacook, os powhatan insurgiram-se para mandar os ingleses de volta ao mar de onde haviam vindo, mas os índios subestimaram o poder das armas inglesas. Em pouco tempo, os oito mil powhatan foram reduzidos a menos de mil.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 20 e 21; foto: InfoEscola.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 38

Os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica

Paralelamente às disputas pelo domínio da terra, os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica. A utilização do indígena como mão de obra, desarticulou rapidamente o sistema econômico tribal, com reflexos diretos em todos os demais aspectos da sociedade, enquanto entidade autônoma.

O mesmo ocorreu em decorrência da utilização sexual da mulher indígena. A contaminação do grupo com doenças até então desconhecidas, e para as quais os indivíduos não apresentavam qualquer resistência biológica, rebentou definitivamente com as possibilidades de o grupo continuar a viver independente. A submissão foi total.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 18 e 19; foto: Mongabay Brasil.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 48

99% do território original do pandas foi perdido devido ao desmatamento e à interferência humana

Os pandas são especialmente sensíveis a mudanças ambientais: qualquer diminuição na área de floresta de bambu pode significar morrer de fome.

Há milhares de anos, a espécie se estendia por todo o sudeste asiático; hoje, 99% de seu território original foi perdido devido ao desmatamento e à interferência humana. Agora, pandas existem em apenas seis pequenas regiões montanhosas no interior da china.

Fonte: Super Interessante, edição 470, dezembro de 2024, A geopolítica dos pandas, página 48; foto: G1 – Globo.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 3   

A estrutura agrícola de hoje tem por objetivo maximizar sua produção

O segundo tipo [de estrutura paisagística] é representado pela “paisagem de produção agrícola”, que hoje tem por objetivo maximizar sua produção por meio de ampla mecanização das empresas de produção agrícola. A paisagem de civilização, devido à sua concentração humana, só pode suprir sua demanda alimentar quando está presente a de produção agrícola.

Embora, nesta, os danos causados à paisagem primitiva local não sejam tão elevados como os ocasionados pela da civilização, continuam a predominar, com vistas à economia da natureza, os sinais negativos. Desmatamentos, monoculturas, o perigo das erosões, a regulagem dos cursos de água, a drenagem e o emprego excessivo de fertilizantes caracterizam este tipo de paisagem.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, página 173; foto: Geo Agri.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapso nº 23 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 2

Os Povos do Mar parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados

As semelhanças entre a Idade do Bronze tardia e o século 21 não podem ser desprezadas. Ambos são mundos fortemente conectados pelo comércio internacional, pela difusão de tecnologias e por relações diplomáticas e de competição entre civilizações. (…)

A globalização da Idade do Bronze não se esfacelou num único ano cabalístico. O processo foi mais gradual. (…) 1177 a.C. corresponde ao oitavo ano do reinado do faraó Ramsés III, devidamente registrado em monumentos construídos por ordem dele próprio. Foi quando o soberano egípcio enfrentou e derrotou duas vezes uma aliança de misteriosos invasores que, ao que tudo indica, já havia tocado o terror em outras áreas do Oriente Próximo algum tempo antes. Esse grupo de agressores costuma ser chamado coletivamente de “Povos do Mar”. (…)

As inscrições egípcias indicam, com segurança, que os Povos do Mar vinham de regiões periféricas dos grandes impérios da Idade do Bronze, e parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados. Atacavam, pilhavam e incendiavam cidades costeiras, mas também levavam consigo suas mulheres, filhos, carroças e animais domésticos, provavelmente com a intenção de se fixar nas terras onde desembarcavam.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: Aventuras na História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 22

Carnes de laboratório

O cultivo de “carne de laboratório” existe desde 2013. Cientistas coletam células de boi ou de frango e as multiplicam em biorreatores (grandes tanques cheios de aminoácidos e nutrientes) para gerar pedaços de carne sem precisar matar nenhum animal.

Fonte: Super Interessante, edição 453, junho de 2023, Supernovas, página 12; foto: Capital Reset – UOL.

Rui Iwersen, editor.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 5

Dez anos após Colombo ter pisado na praia de São Salvador os espanhóis já haviam trucidado centenas de milhares de pessoas e destruído tribos inteiras 

 Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra. (…) Colombo raptou dez de seus amistosos anfitriões tainos e levou-os à Espanha, onde eles poderiam ser apresentados para se adaptarem aos costumes do homem branco. Um deles morreu logo depois de chegar, mas não antes de ser batizado cristão. Os espanhóis gostaram tanto de possibilitar ao primeiro índio a entrada ao céu que se apressaram em espalhar a boa nova pelas Índias Ocidentais.

Os tainos e outros povos arawak não relutaram em se converter aos costumes religiosos europeus, mas resistiram fortemente quando hordas de estrangeiros barbudos começaram a explorar suas ilhas em busca de ouro e pedras preciosas. Os espanhóis saquearam e queimaram aldeias, raptaram centenas de homens e crianças e os mandaram à Europa para serem vendidos como escravos. Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: Humanidades.com.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 37

A frente de expansão portuguesa estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas

No ano de 1728 abriu-se uma picada ligando o morro dos Conventos, ao sul de Santa Catarina, com os campos de Lages e Curitiba. Esse caminho passou a permitir que tropas, formadas com o gado arrebanhado no Rio Grande, fossem levadas diretamente às feiras de São Paulo. E em função desse comércio, altamente estimulado pelo auge da exploração das minas, surgiu a vila de Lages, em 1771. As fazendas de criação foram se instalando, determinando a busca de novas pastagens.

A disputa se faz ao índio. Em 1838, conquistaram-se os campos de Guarapuava. Em 1848, dominam-se os campos de Palmas. (…) A motivação econômica dessa frente de expansão estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas, substituindo-os por cabeças de gado. Nesse objetivo, os componentes da frente de expansão se valeram da experiência que a metrópole portuguesa acumulou durante o rápido período em que se expandiu, dominando e exterminando centenas de povos tribais da África, Ásia e América.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 18; foto: Viktor Walwell.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 47

A humanidade extraiu 2,1 trilhões de toneladas de água do subsolo e deslocou  o eixo rotacional da Terra  

0,8 m foi quanto a humanidade deslocou  o eixo rotacional da Terra entre 1993 e 2010, segundo um novo estudo publicado por cientistas da Universidade Nacional de Seul (Coréia do Sul). Segundo eles, isso aconteceu por causa da extração de água do subsolo.

Nas duas décadas analisadas, a humanidade extraiu 2,1 trilhões de toneladas de água, e a maior parte dela foi parar nos oceanos – o que redistribuiu a massa do planeta, e empurrou o eixo da Terra 80 cm na direção leste.

Fonte: Super Interessante, edição 453, julho de 2023, Supernovas, página 13; foto: Freepik.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 2  

A paisagem de civilização fomenta a alteração do equilíbrio biológico

A alteração do equilíbrio ecológico (…) receberá um ponto final no dia em que se conseguir manter em sua forma original ou fazer retornar a ela as unidades paisagísticas hoje ameaçadas de extinção. (…) A evolução previsível [das terras improdutivas] conduz, mais ou menos, à formação característica de três tipos diferentes de formas ou estruturas paisagísticas [paisagem de civilização, paisagem de produção agrícola e paisagem de regeneração].

O primeiro tipo, a que se pode dar o nome de “paisagem de civilização”, é assinalado pela concentração de pessoas, povoações e distritos industriais. A paisagem de civilização, por estar peculiarmente condicionada à economia, fomenta a alteração do equilíbrio biológico, representando assim um sinal negativo para a economia da natureza. É por isso que, com respeito a esse tipo de paisagem, deve-se prestar especial atenção ao cultivo de áreas verdes e ao plantio de árvores em geral. Essa paisagem não produz qualquer efeito regenerativo sobre a economia primitiva da natureza local.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 172 e 173; foto: Rádio Maringá.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapso nº 22 – O apocalipse da Idade do Bronze

Essa realidade próspera e tranquila veio abaixo em pouco tempo e arrasou civilizações da Grécia à Síria, passando pelo Egito faraônico

Era o ano 1.177 a.C., e o mundo estava acabando. Ou, pelo menos, o mundo que havia sido construído durante séculos (ou até milênios) por reis, guerreiros e burocratas do Mediterrâneo.

Essa gente tinha se acostumado a uma espécie de globalização em pequena escala, graças à qual era possível navegar, comercializar objetos luxuosos e enviar cartas com propostas de casamento, ameaças ou simples saudações a pessoas do outro lado do mar [Mediterrâneo].

Era uma realidade próspera e relativamente tranquila. Mas veio abaixo em pouco tempo – e nunca se reergueu por completo. Trata-se do “apocalipse da Idade do Bronze” [3.3oo a.C. – 1.200 a.C.], um fenômeno histórico que arrasou civilizações da Grécia à Síria, passando pelo Egito faraônico, no século 12 a.C. – e até hoje não foi plenamente esclarecido.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 33; foto: Candeias Mix.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 21

Desde a Idade Média os ingleses cruzam raças de cachorros para produzir cães lutadores

Para criar bons cães lutadores, os ingleses cruzaram buldogues com raças mais ágeis de terrier, um tipo de cachorro usado para caça. Nasciam aí os bull terriers, que dariam origem aos pit bulls – um termo guarda-chuva, que abrange várias raças.

O adestramento era cruel. Os cães de rinha precisavam ser agressivos (para atacar outros cães) e, ao mesmo tempo, subservientes (para não atacar seus donos).

Fonte: Super Interessante, edição 464, junho de 2024, Os pit bulls nascem maus ou a sociedade os corrompe?, página 9; foto: Bnews.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 4

Colombo escreveu ao rei que o povo deveria “ser posto a trabalhar, plantar e fazer tudo que é necessário e adotar nossos costumes”

Tudo começou com Cristóvão Colombo, que deu ao povo o nome de índios. Os europeus, os homens brancos, falavam com dialetos diferentes, e alguns pronunciavam a palavra “indien”, ou “indianer”, ou “indian”. Peaux-rouges, ou “red skins” (peles vermelhas), veio depois. Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra.

“Tão afáveis, tão pacíficos, são eles”, escreveu Colombo ao rei e à rainha da Espanha, “que juro a Vossas Majestades que não há no mundo uma nação melhor. Amam a seus próximos como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil, e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis.”

Claro que tudo isso foi tomado como sinal de fraqueza, senão de barbárie, e Colombo, sendo um europeu bem-intencionado, convenceu-se de que o povo deveria “ser posto a trabalhar, plantar e fazer tudo que é necessário e adotar nossos costumes”. Nos quatro séculos seguintes (1492-1890), vários milhões de europeus e seus descendentes tentaram impor seus costumes ao povo do Novo Mundo.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: MeisterDrucke.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.

 

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Florestas brasileiras

quinta-feira, 26 março 2009 by Rui Iwersen

Nesta página apresento informações, reflexões e ações sobre a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Pantanal, a Caatinga, o Cerrado e o Pampa.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 44

Os Xokleng estão em vias de rápido desaparecimento

A esperança de viver dias melhores já desapareceu para a maioria da população. “A reserva é um desânimo só”, disse-me há alguns dias um regional interessado na situação dos índios.

Em São João dos Pobres, os Xokleng estão em vias de rápido desaparecimento. Vivem sem assistência oficial. São 4 indivíduos apenas. Um homem e  três mulheres. Outrora, em 1920, ano da atração, somavam 50. A terra que ocupam jamais foi regularizada pelos órgãos assistenciais. O precário apoio que recebem é obtido junto aos postos assistenciais dos governos municipais.

O desaparecimento desse grupo, entretanto, está a ocorrer dentro de um quadro muito especial. Trata-se da negativa flagrante dos descendentes mestiços do grupo a assumir a identificação indígena, decorrente dos estereótipos altamente negativos que os regionais mantêm sobre os índios.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, Os Xokleng, página 23; foto: Conselho Indigenista Missionário – Cimi.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 51

Rios brasileiros correm o risco de perder água

Pesquisadores da USP analisaram 17.972 poços localizados a menos de 1 km de rios de todo o Brasil, e encontraram um sinal preocupante: mais da metade deles (55 %) apresentou nível inferior ao do rio mais próximo – indicando que, a longo prazo, os rios podem perder água. (…)

Isso indica que, se existir uma conexão hidráulica entre o rio e o aquífero, esse rio pode estar perdendo água para o aquífero. É um processo natural. Se o nível do aquífero estiver acima do nível do rio, o rio potencialmente está recebendo água do aquífero. Caso contrário, ele está potencialmente perdendo água para o aquífero.

O bombeamento de água subterrânea pode rebaixar o nível do aquífero, fazendo com que um rio que antes recebia água passe a perdê-la para o aquífero. A longo prazo, dependendo das condições geológicas e climáticas, isso pode reduzir a vazão do rio.

Fonte: Super Interessante, edição 474, abril 2025, página 12; foto: Jota 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 43

A maioria dos Xokleng hoje sobrevive pela execução de atividades de extração de palmitos em áreas florestais

Orientando o posto indígena desde a pacificação [em 1910] até 1954, Eduardo Hoerhan logrou resguardar a área indígena de Ibirama da exploração dos civilizados regionais. Com a sua destituição, entretanto, esse quadro logo se modificou. Em pouco tempo, os Xokleng passaram a ser utilizados pela sociedade regional em seu potencial de mão de obra e capacidade de consumo, enquanto o potencial florestal da reserva começou a ser sistematicamente explorado.

Sujeitos a situações de trabalho em que predomina a espoliação, a maioria dos Xokleng hoje sobrevive pela execução de atividades de extração de palmitos em áreas florestais localizadas fora do posto indígena. A agricultura é praticada de modo bastante precário, pois não há condição para os índios, isoladamente, dinamizarem tal atividade. A exploração de madeiras que continuamente vem se fazendo na reserva, pela associação da FUNAI com madeireiros regionais, não utiliza em nenhum momento a mão de obra indígena. A prostituição não é desconhecida por muitos dos elementos do sexo feminino. A esperança de viver dias melhores já desapareceu para a maioria da população. “A reserva é um desânimo só”, disse-me há alguns dias um regional interessado na situação dos índios.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 23; foto: BBC News.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 42

Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Efetivamente, os Xokleng passaram a enfrentar inimigos mais sutis, mas com maior poder destrutivo. Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos. Os sobreviventes tiveram de se adaptar à vida sedentária, substituindo suas atividades tradicionais de caça e coleta, pelo cultivo de roças. A dieta alimentar foi bruscamente alterada, contribuindo, hoje se sabe, para a disseminação de doenças. O desequilíbrio demográfico, por sua vez, alterou toda a organização tribal, tornando o grupo definitivamente dependente do organismo oficial de proteção.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: Terra.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 41

O convívio não fez cessar a violência e a dramaticidade das relações entre índios e não-índios

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Assim sendo, compreende-se porque as técnicas de persuasão empregadas pelo novo e vigoroso Serviço de Proteção aos Índios, além da bravura do jovem Eduardo Hoerhan, convenceram a maioria dos Shokleng  sobreviventes ao convívio pacífico. Convívio que entretanto não fez cessar a violência e a dramaticidade das relações entre índios e não-índios. E isto se depreende nitidamente do seguinte depoimento do pacificador:

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morreriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: AgroSaber.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 6   

Podemos transformar em mata mista milhares de hectares dos milhões de hectares de terras improdutivas

Não será através de um reflorestamento geral de uma paisagem, há muito tempo cultivada, que se poderá fomentar a preservação ou a ampliação de uma paisagem de regeneração.

O que mais importa, nessas tradicionais zonas de cultivo, é realizar florestamento limitado, para conservar, por exemplo, os vales relvados dos maciços centrais e os pastos no alto das serras.

Mesmo assim, ainda fica a possibilidade de se transformar numa mata mista milhares de hectares dos milhões de hectares de terras improdutivas que se encontram à disposição.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército, 1979, páginas 174 e 175; foto: Diário do Nordeste.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 40

A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos

Um terceiro grupo [indígena], entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

A resistência indígena foi enfrentada pelos governos locais e pelas companhias interessadas nos negócios de colonização, com a organização e estipêndio de grupos de bugreiros. A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos. Mas, segundo o objetivo depoimento de um bugreiro, “o negócio era afugentar pela boca da arma”.

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 21 e 22; foto: Café História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 5   

É preciso que amplas áreas sejam reservadas à defesa do meio ambiente

Deve-se encarar a paisagem de regeneração como uma nova forma de exploração do solo, que respeita não só a preservação da natureza, mas que também deve servir ao fomento do turismo. Para que seja garantida a preservação ou a regeneração desta paisagem, é preciso que amplas áreas sejam reservadas à defesa do meio ambiente.

Enquanto que nos casos da paisagem da civilização e da de produção agrícola, a ação é dominada pela mentalidade econômica, na paisagem de regeneração é a ecologia que deve ocupar o primeiro plano. É a mentalidade biológica que aqui está a serviço da paisagem considerada globalmente, não importando a rentabilidade que possa ser proporcionada por uma área delimitada. Nos países industrializados, a paisagem de regeneração não mais deve ceder terreno aos outros dois tipos de paisagem.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército, 1979, página 174; foto: Cesan.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 39

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi dramática

Os Xokleng estão localizados em Santa Catarina (…) Em Ibirama vivem 270 indivíduos. No núcleo de São João dos Pobres, há 4 sobreviventes Xokleng. Seus descendentes, mestiços, não se identificam como indígenas.

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi particularmente dramática. A tribo tradicionalmente mantinha suas atividades de subsistência com base nas atividades de caça e coleta. Divididos em grupos de 50 a 200 pessoas, os Xokleng dominavam toda a área de floresta que encobre a área localizada entre o litoral e a encosta do planalto, desde as proximidades de Porto Alegre (RS) até Paranaguá (PR). Esta área somente começou a ser sistematicamente desbravada a partir do momento em que se iniciou a colonização no sul do País, em 1824.

Como o território ocupado pelos Xokleng, à época da colonização, já estava cercada por propriedades civilizadas, os indígenas não tinham para onde fugir. A resistência que opuseram à penetração dos brancos foi contínua e, somente depois da criação do SPI [Serviço de Proteção aos Índios, em 1910], foi possível o contato pacífico com alguns grupos. Assim, Eduardo Hoerhan, em 1914, contatou com um grupo no Alto Vale do Itajaí. Paralelamente, em 1920, João Gomes Pereira travou relações amistosas com o grupo de São João dos Pobres. Um terceiro grupo, entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 21; foto: Instituto Socioambiental.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Área queimada no Brasil cresce 79% em 2024

Território devastado pelo fogo no ano passado é maior que o da Itália; Amazônia foi o bioma mais atingido

A área devastada por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024 com relação a 2023, segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Foram queimados 30.867.676 hectares no ano passado –uma área maior que todo o território da Itália.  Desses mais de 30 milhões de hectares, 73% foram de vegetação nativa, sendo 25% em formações florestais. Os fogos em áreas de pastagens somaram 21,9% do total de 2024.

“Chama a atenção a área afetada por incêndios florestais em 2024. Normalmente, na Amazônia, a classe de uso da terra mais afetada pelo fogo tem sido historicamente as pastagens. Em 2024, foi a 1ª vez desde que começamos a monitorar a área queimada que essa lógica se inverteu. A floresta úmida passou a representar a maioria absoluta da área queimada, sem dúvida um fato preocupante visto que uma vez queimada, aumenta a vulnerabilidade e a chance dessa floresta queimar novamente”, disse Ane Alencar, diretora de Ciências do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas.

A Amazônia foi o bioma com o maior número de área devastada pelo fogo: foram 17,9 milhões de hectares incendiados em 2024. É seguida por Cerrado (9,7 milhões), Pantanal (1,9 milhão), Mata Atlântica (1 milhão), Caatinga (330 mil) e Pampa (3.400).  (…)

Fonte: Poder 360; foto: ANDI – Comunicação e Direitos.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 38

Os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica

Paralelamente às disputas pelo domínio da terra, os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica. A utilização do indígena como mão de obra, desarticulou rapidamente o sistema econômico tribal, com reflexos diretos em todos os demais aspectos da sociedade, enquanto entidade autônoma.

O mesmo ocorreu em decorrência da utilização sexual da mulher indígena. A contaminação do grupo com doenças até então desconhecidas, e para as quais os indivíduos não apresentavam qualquer resistência biológica, rebentou definitivamente com as possibilidades de o grupo continuar a viver independente. A submissão foi total.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 18 e 19; foto: Mongabay Brasil.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 25

Mensagem de 1973 à COP 30 – nº 3   

A estrutura agrícola de hoje tem por objetivo maximizar sua produção

O segundo tipo [de estrutura paisagística] é representado pela “paisagem de produção agrícola”, que hoje tem por objetivo maximizar sua produção por meio de ampla mecanização das empresas de produção agrícola. A paisagem de civilização, devido à sua concentração humana, só pode suprir sua demanda alimentar quando está presente a de produção agrícola.

Embora, nesta, os danos causados à paisagem primitiva local não sejam tão elevados como os ocasionados pela da civilização, continuam a predominar, com vistas à economia da natureza, os sinais negativos. Desmatamentos, monoculturas, o perigo das erosões, a regulagem dos cursos de água, a drenagem e o emprego excessivo de fertilizantes caracterizam este tipo de paisagem.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, página 173; foto: Geo Agri.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 37

A frente de expansão portuguesa estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas

No ano de 1728 abriu-se uma picada ligando o morro dos Conventos, ao sul de Santa Catarina, com os campos de Lages e Curitiba. Esse caminho passou a permitir que tropas, formadas com o gado arrebanhado no Rio Grande, fossem levadas diretamente às feiras de São Paulo. E em função desse comércio, altamente estimulado pelo auge da exploração das minas, surgiu a vila de Lages, em 1771. As fazendas de criação foram se instalando, determinando a busca de novas pastagens.

A disputa se faz ao índio. Em 1838, conquistaram-se os campos de Guarapuava. Em 1848, dominam-se os campos de Palmas. (…) A motivação econômica dessa frente de expansão estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas, substituindo-os por cabeças de gado. Nesse objetivo, os componentes da frente de expansão se valeram da experiência que a metrópole portuguesa acumulou durante o rápido período em que se expandiu, dominando e exterminando centenas de povos tribais da África, Ásia e América.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 18; foto: Viktor Walwell.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 36 – Grupos tribais sobreviventes

Com 6.616 indivíduos, os Kaingang formam uma das maiores tribos que sobrevivem no Brasil presente

Distribuídos pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, os Kaingang formam uma das maiores tribos que sobrevivem no Brasil presente. Sua população aldeada em postos indígenas atinge 6.616 indivíduos. Um número de indivíduos não conhecido, mas seguramente com certa agressividade, vive disperso nas fazendas e outras  propriedades rurais. (…)

Tudo indica que o território tradicional dos Kaingang era toda a área de campo compreendida entre os rios Uruguai e Iguaçu. Na medida em que os interesses coloniais facilitaram, no século XVII, o aniquilamento das populações Guarani aldeadas pelos jesuítas espanhóis, os Kaingang puderam se expandir para o norte e sul daqueles rios. Conseguiram, assim, temporariamente, o domínio dos campos do planalto, em toda a região sul.

A partir do momento em que os jesuítas e suas reduções foram destruídos, diminuindo os lucros do bandeirantes pela comercialização dos espólios de guerra, especialmente escravos índios, o comércio do gado existente à solta nos campos do sul serviu de motivo para manter o interesse dos paulistas na região. E, aos poucos, o gado tornou-se a razão econômica de contingentes nacionais que logo foram disputar com os Kaingang o domínio dos campos naturais do planalto.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 17; foto: A GRANJA – Total Agro.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 35

Grupos tribais sobreviventes

Prosseguimos esta Série de GaiaNet com artigos extraídos do livro Educação e sociedades tribais, de Silvio Coelho dos Santos, com especial destaque para o capítulo Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil.

A educação vem sendo usada junto às comunidades indígenas para manter os quadros de dominação exercidos pela sociedade nacional  

A escola existente junto às comunidades indígenas, de uma forma ou de outra, compatua como instrumento destinado a manter tal quadro de relacionamento e submissão entre índios e não-índios.

As funções da educação escolar foram destacadas a partir da idéia de que ela é uma agência formal do processo destinado a socializar os membros jovens da sociedade que a patrocina. Foi assim possível detectar como a educação vem sendo usada junto às comunidades indígenas para manter os quadros de dominação exercidos pela sociedade nacional. Essa utilização fica nítida a partir do momento em que a escola se propõe a alfabetizar os indígenas somente em língua portuguesa. Ou quando todos os pontos de referência da atividade escolar são tomados na sociedade nacional.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Introdução, páginas 11 e 12; foto: Portal Gov.br. 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 45

Acredita-se em contaminação por mercúrio a morte de botos e tucuxis na região amazônica do Médio Solimões

As cenas foram de cortar o coração: ao menos 130 botos e tucuxis apareceram mortos em Tefé, na região amazônica do Médio Solimões. As causas ainda estão sendo investigadas, mas acredita-se em contaminação, possivelmente por mercúrio.

A temperatura da água dos rios, que atingiu mais de 40 graus, certamente também contribuiu para a tragédia. Os picos do termômetro provocaram a mais severa seca da história e alguns trechos do Rio Negro ficaram completamente secos. Para além do triste cenário revelado pela fauna – um barco com piscina abrigava os animais resgatados com vida -, há implicações para as populações ribeirinhas, de circulação restrita, sem acesso a escolas e a alimentos que chegam de barcos.

Fonte: Veja, Editora Abril, edição 2862, ano 56, número 40, 6 de outubro de 2023, Tragédia Amazônica, página 23; foto: Projeto Colabora.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 19

Biodiversidade da flora amazônica

“Há cerca de 40 mil espécies vegetais na Amazônia.”

Fonte: Canal Gov; foto: Conhecimento científico.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet

Saúde do Planeta nº 44

53,6% da humanidade não têm acesso a água limpa para beber

4,4 bilhões de pessoas, ou 53,6% da humanidade, não têm acesso a água limpa para beber. Essa é a constatação, alarmante, de um novo estudo publicado por cientistas suíços.

Eles analisaram dados de 135 países em desenvolvimento e descobriram que, em muitos casos, a água que essas populações consomem apresenta níveis inaceitáveis de coliformes fecais.

O número é muito maior que o calculado pela OMS – em 2020, ela estimou que 2 bilhões de pessoas não tinham acesso a água limpa. *

Super Interessante, edição 467, setembro de 2024, Bruno Garattoni, Supernovas, página 13; foto: Águas do Rio. 

* Ver Saúde do Planeta nº 37, de 2/4/2024, onde a OMS nos alertava em 2020: “Agora, se mantivermos nosso padrão de consumo e de devastação do meio ambiente, o quadro irá se agravar muito rapidamente. Em 2025, dois terços da população do planeta (5,5 bilhões de pessoas) poderão ter dificuldade de acesso à água potável.”

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Séries de GaiaNet

Biodiversidade nº 18

Biodiversidade da fauna brasileira

“Em Santa Catarina há 701 espécies de aves registradas, 35% das aves do Brasil.”

Fonte: NSC, Jornal do Almoço, 17 de julho de 2024; foto: Fauna News.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.

 

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Saúde ambiental

terça-feira, 10 março 2009 by Rui Iwersen

Informações sobre as condições de saúde da Terra, um planeta doente, com humanos e outros animais transtornados, solo contaminado e em desertificação, com rios, lagos, mares e atmosfera poluídos e insalubres.

 


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 44

Os Xokleng estão em vias de rápido desaparecimento

A esperança de viver dias melhores já desapareceu para a maioria da população. “A reserva é um desânimo só”, disse-me há alguns dias um regional interessado na situação dos índios.

Em São João dos Pobres, os Xokleng estão em vias de rápido desaparecimento. Vivem sem assistência oficial. São 4 indivíduos apenas. Um homem e  três mulheres. Outrora, em 1920, ano da atração, somavam 50. A terra que ocupam jamais foi regularizada pelos órgãos assistenciais. O precário apoio que recebem é obtido junto aos postos assistenciais dos governos municipais.

O desaparecimento desse grupo, entretanto, está a ocorrer dentro de um quadro muito especial. Trata-se da negativa flagrante dos descendentes mestiços do grupo a assumir a identificação indígena, decorrente dos estereótipos altamente negativos que os regionais mantêm sobre os índios.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, Os Xokleng, página 23; foto: Conselho Indigenista Missionário – Cimi.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 51

Rios brasileiros correm o risco de perder água

Pesquisadores da USP analisaram 17.972 poços localizados a menos de 1 km de rios de todo o Brasil, e encontraram um sinal preocupante: mais da metade deles (55 %) apresentou nível inferior ao do rio mais próximo – indicando que, a longo prazo, os rios podem perder água. (…)

Isso indica que, se existir uma conexão hidráulica entre o rio e o aquífero, esse rio pode estar perdendo água para o aquífero. É um processo natural. Se o nível do aquífero estiver acima do nível do rio, o rio potencialmente está recebendo água do aquífero. Caso contrário, ele está potencialmente perdendo água para o aquífero.

O bombeamento de água subterrânea pode rebaixar o nível do aquífero, fazendo com que um rio que antes recebia água passe a perdê-la para o aquífero. A longo prazo, dependendo das condições geológicas e climáticas, isso pode reduzir a vazão do rio.

Fonte: Super Interessante, edição 474, abril 2025, página 12; foto: Jota 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet


Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 4

As antigas realizações técnicas tinham relações com a defesa, a obtenção e o armazenamento de água

O acúmulo de dezenas de milhares de pessoas num espaço reduzido, depois mesmo de centenas de milhares de pessoas, levou o homem, já na Antiguidade, a se ver confrontado com problemas de defesa ecológica, tal como os conhecemos também nas nossas metrópoles.

De um lado, as águas produzidas por fontes nas proximidades das grandes cidades tinham de ser captadas, armazenadas e conduzidas às povoações. Vincula-se a isso a eliminação das águas servidas, ou seja, os esgotos. Não devemos pois nos admirar de que as antigas realizações técnicas do homem tivessem de manter restritas relações com o desenvolvimento de instalações destinadas à defesa, à obtenção e ao armazenamento de água. Foi no âmbito da economia dos recursos hídricos que primeiro se obtiveram conhecimentos que continuam a ser proveitosos ainda nos nossos dias.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, página 82 ; foto: Guia do Estudante.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 29 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 8

Água em abundância faz toda a diferença do mundo para um império agrário

A sorte de ambas essas potências mesopotâmicas [Assíria e Babilônia] é que, para começo de conversa, elas estavam relativamente longe do Mediterrâneo – e, portanto, fora do alcance direto dos navios dos Povos do Mar. O segundo ingrediente da sobrevivência: liderança com a cabeça no lugar. (…)

E há, é claro, um fator ainda mais crucial: água. Água em abundância faz toda a diferença do mundo para um império agrário. “Assírios e babilônios podiam contar com o Tigre e o Eufrates, que continuavam fornecendo água em quantidades adequadas mesmo durante a grande seca”, diz o arqueólogo americano [Eric Cline]. “Os egípcios tinham o Nilo. Já os hititas não contavam com nenhum rio tão resiliente em seu território.”

Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 39; foto: Facebook. 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 11

Para os índios parecia que os europeus odiavam tudo na natureza 

No continente, os wampanoags de Massasoit e do rei Philip haviam desaparecido, junto com os chesapeakes, os chickahominys e os potomacs da grande confederação Powhatan. (Só Pocahontas era lembrada). Dispersos ou reduzidos a sobreviventes: os pequots, montauks, nanticokes, machapungas, catawbas, cheraws, miamis, hurons, eries, mohawks, senecas e mohegans. (Só Uncas era lembrado). Seus nomes, que se celebrizaram na história da sua pátria, permaneceram para sempre fixados na terra americana; mas seus ossos estavam abandonados, esquecidos em mil aldeias queimadas, perdidos em florestas que logo desapareciam diante dos machados de vinte milhões de invasores.

Os rios, de cujas águas límpidas e cristalinas se serviam eșses povos, a maioria com nomes índios, já estavam turvados pelo lodo e pelos detritos dos intrusos; a própria terra estava sendo devastada e dissipada. Para os índios, parecia que os europeus odiavam tudo na natureza – as florestas vivas e seus pássaros e bichos, as extensões de grama, a água, o solo e o próprio ar.

Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 25; foto: Portal dos Mitos. 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 43

A maioria dos Xokleng hoje sobrevive pela execução de atividades de extração de palmitos em áreas florestais

Orientando 0 posto indígena desde a pacificação [em 1910] até 1954, Eduardo Hoerhan logrou resguardar a área indígena de Ibirama da exploração dos civilizados regionais. Com a sua destituição, entretanto, esse quadro logo se modificou. Em pouco tempo, os Xokleng passaram a ser utilizados pela sociedade regional em seu potencial de mão de obra e capacidade de consumo, enquanto o potencial florestal da reserva começou a ser sistematicamente explorado.

Sujeitos a situações de trabalho em que predomina a espoliação, a maioria dos Xokleng hoje sobrevive pela execução de atividades de extração de palmitos em áreas florestais localizadas fora do posto indígena. A agricultura é praticada de modo bastante precário, pois não há condição para os índios, isoladamente, dinamizarem tal atividade. A exploração de madeiras que continuamente vem se fazendo na reserva, pela associação da FUNAI com madeireiros regionais, não utiliza em nenhum momento a mão de obra indígena. A prostituição não é desconhecida por muitos dos elementos do sexo feminino. A esperança de viver dias melhores já desapareceu para a maioria da população. “A reserva é um desânimo só”, disse-me há alguns dias um regional interessado na situação dos índios.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 23; foto: BBC News.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 3

O que mais o impressionou um pigmeu que vivia ainda na selva foi a água canalizada de nossas cidades

Quando, há algumas décadas, foi trazido para uma metrópole australiana um pigmeu que vivia ainda na selva, num ambiente da Idade da Pedra, perguntaram-lhe, depois de lhe terem mostrado todas as conquistas da civilização, o que lhe tinha causado maior impressão. Ao contrário do que se esperava, ele não respondeu que tinham sido os “arranha-céus”. O que mais o impressionou foi o fato de que, ao se abrir uma simples torneira, escorria “água” da canalização, em grande quantidade.

Com seu instinto seguro, o pigmeu tinha reconhecido que não invejava o homem civilizado por possuir aquelas torres de cimento e tijolos e suas autoestradas. Portanto, só podia causar-lhe admiração, realmente, o fato de que se podia obter, pela canalização, qualquer quantidade de água, a toda hora do dia ou da noite.

Tratando-se do elemento básico, que é sobreviver na luta pela existência no nosso planeta, a água límpida e potável é mais importante do que o mais rápido e maior dos jatos tipo Jumbo que atravessam os oceanos em tempo recorde.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, página 81 ; foto: Inforpress.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 28 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 7

As potências mesopotâmicas estavam relativamente longe do Mediterrâneo, fora do alcance direto dos navios dos Povos do Mar

Seja como for, o cenário geral da desgraça e suas causas estão ficando razoavelmente claros. O apocalipse da Idade do Bronze está relacionado a guerras e fenômenos climáticos, com suas consequências políticas e econômicas. (…)

Na categoria dos sobreviventes, cada caso é um caso, mas há alguns pontos interessantes em comum. Talvez a situação mais simples de entender seja a da Mesopotâmia (grosso modo, o atual Iraque), onde a Assíria, no norte, e a Babilônia, no sul, mantiveram sua estrutura estatal mais ou menos intacta.

A sorte de ambas essas potências mesopotâmicas é que, para começo de conversa, elas estavam relativamente longe do Mediterrâneo – e, portanto, fora do alcance direto dos navios dos Povos do Mar. O segundo ingrediente da sobrevivência: liderança com a cabeça no lugar. “Eles tiveram os líderes certos na hora certa. Enquanto o Império Hitita, por exemplo, bem no momento em que a grande seca causava seus piores efeitos, acabou dilacerado por uma guerra entre membros da família real.”

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, páginas 36 e 39; foto: Planejativo.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 10

Os europeus que seguiram Colombo destruíram a vegetação e seus habitantes – homens, animais, pássaros e peixes – da ilha de São Salvador 

Mais de três séculos haviam se passado desde que Cristóvão Colombo desembarcara em São Salvador, mais de dois séculos desde que os colonos ingleses haviam chegado à Virginia e à Nova Inglaterra. Nesse espaço de tempo, os amistosos tainos que receberam Colombo na praia haviam sido completamente dizimados.

Bem antes do último dos tainos morrer, a simplicidade de sua cultura de lavoura e artesanato fora destruída e substituída por plantações de algodão onde trabalhavam escravos. Os colonos brancos abateram as florestas tropicais para aumentar seus campos; os algodoeiros cansaram o solo; sem o escudo das florestas, ventos cobriam os campos de areia.

Quando Colombo viu a ilha pela primeira vez, descreveu-a como “muito grande, muito alta e com árvores muito verdes… o conjunto é tão verde que é um prazer olhá-lo”. Os europeus que o seguiram destruíram sua vegetação e seus habitantes – homens, animais, pássaros e peixes – e, depois de a transformarem num deserto, abandonaram-na.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 24 e 25; foto: Mundo Educação – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 42

Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Efetivamente, os Xokleng passaram a enfrentar inimigos mais sutis, mas com maior poder destrutivo. Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos. Os sobreviventes tiveram de se adaptar à vida sedentária, substituindo suas atividades tradicionais de caça e coleta, pelo cultivo de roças. A dieta alimentar foi bruscamente alterada, contribuindo, hoje se sabe, para a disseminação de doenças. O desequilíbrio demográfico, por sua vez, alterou toda a organização tribal, tornando o grupo definitivamente dependente do organismo oficial de proteção.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: Terra.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 2

Nas épocas pré-cristãs das civilizações mediterrâneas existiam metrópoles que já enfrentavam problemas ecológicos

Já há algumas décadas comecei a me conscientizar de que a humanidade se encontra à beira do maior perigo que enfrentou até hoje. Nem a mais devastadora das guerras, nem a destruição de que são capazes as bombas atômicas têm o poder de ameaçar a existência humana na mesma proporção que o fará a catástrofe ecológica que se avizinha. Eis porque surge, óbvia, a indagação: será que os danos ecológicos são um sinal característico da moderna civilização ou também exerceram marcante influência na Antiguidade?

Nas épocas pré-cristãs das civilizações mediterrâneas existiam metrópoles que, certamente, já enfrentavam problemas de defesa ecológica. Como, por essa época, a utilização da técnica ainda não tinha progredido como hoje em dia, podemos excluir a ameaça da poluição atmosférica. Porém, devemos voltar a nossa atenção para os danos ecológicos ocasionados pelo desmatamento, pela erosão do solo, pelos esgotos e pelo lixo doméstico.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, páginas 79 e 80; foto: iStock.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Gelo polar deve seguir derretendo até 2300

Mesmo se a humanidade cortar drasticamente as suas emissões de CO2, em quantidade suficiente para alcançar  o estado de “carbono negativo”(situação em que o carbono da atmosfera começa a diminuir), e fizer isso relativamente rápido, já a partir de 2050, o Círculo Polar Ártico deve continuar derretendo por muito tempo, pelo menos até o ano 2300.

Essa é a conclusão pouco animadora de uma simulação feita por cientistas da Coréia do Sul, que analisaram áreas cobertas por permafrost: regiões polares onde o gelo normalmente nunca derrete, mas devido às mudanças climáticas começou a fazer isso [derreter].

Segundo o estudo, os polos vão continuar descongelando porque o aquecimento global já tomou muito impulso – e também porque, ao derreter, o permafrost libera CO2 e metano, que retêm calor na atmosfera e realimentam o processo [e libera também micro-organismos, talvez nocivos à saúde humana ou de outros animais].

Fonte: Bruno Garattoni, Supernovas, Super Interessante, edição 473, março 2025, página 10; foto: Aventuras no Conhecimento.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 27 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 6

O apocalipse da Idade do Bronze está relacionado a guerras e fenômenos climáticos 

“Dois anos contínuos [de seca] costumam destruir as estratégias de resiliência a longo prazo, fazendo com que, por exemplo, não seja mais possível alimentar animais domésticos nas fazendas. Um terceiro ano consecutivo é muito raro, e muito sério”, afirma Manning [Stuart Manning, da Universidade Cornell (EUA)]. “No mundo pré-moderno, isso acabaria minando a autoridade do rei, tanto pela incapacidade de coletar impostos e alimentar o Exército quanto também do ponto de vista simbólico: claramente os deuses abandonaram e rejeitaram os governantes.” (…)

Por outro lado, as colheitas ruins também podem ter estimulado revoltas internas em vários reinos – até porque, na maioria dos casos, não há indício de que uma população vinda de fora tenha conquistado os domínios palacianos.

Seja como for, o cenário geral da desgraça e suas causas estão ficando razoavelmente claros. O apocalipse da Idade do Bronze está relacionado a guerras e fenômenos climáticos, com suas consequências políticas e econômicas.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 36; foto: Notícias Concursos.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 26

A Trajetória Poluidora da Humanidade nº 1 

Apresento, a partir de hoje, esta nova Série de GaiaNet com cerca de 60 pequenos artigos extraídos dos capítulos III – O Meio Ambiente na Antiguidade, IV – O Meio Ambiente na Idade Média e V – Como Escapar da Catástrofe Ecológica do livro Terra -Um Planeta Inabitável? do alemão Hans Liebmann, de 1973.

Estamos fazendo que o nosso planeta acabe por se tornar artificialmente inabitável nas próximas décadas 

A alteração do equilíbrio biológico do nosso meio ambiente e os  tantos focos de perigo que nós próprios criamos  através da poluição do nosso espaço vital, quer terrestre, aquático ou atmosférico – todos esses sinais de alarma e suas consequências para cada um de nós em particular são de tal forma graves que não podemos ficar à espera de medidas legais que possam salvar o nosso planeta. Já tão-somente o nosso instinto de conservação deveria ser suficiente para nos livrar dos terríveis acontecimentos que se anunciam.

No entanto, sabemos todos nós muito bem que isso não acontece e que, a passos de gigante, por nos afastarmos sempre mais da vida natural, estamos fazendo que o nosso planeta acabe por se tornar artificialmente inabitável nas próximas décadas.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável? – Da antiguidade até os nossos dias toda a trajetória poluidora da humanidade, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, Capítulo III – O meio ambiente na Antiguidade, página 79; foto: Dreamstime.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 9

Os holandeses ordenaram o massacre de duas aldeias inteiras enquanto os habitantes dormiam

Quando os holandeses chegaram à ilha de Manhattan, Peter Minuit comprou-a por sessenta florins em anzóis e contas de vidro, mas eles encorajaram os índios a permanecer e continuar trocando suas valiosas peles por tais bugigangas.

Em 1641, Willem Kieft cobrou tributos dos mahicans e enviou soldados à ilha Staten para punir os raritans por ofensas cometidas por colonos brancos, não por eles. Quando os índios revidaram, matando quatro holandeses, Kieft ordenou o massacre de duas aldeias inteiras enquanto os habitantes dormiam. Os holandeses passaram à baioneta homens, mulheres e crianças, cortaram seus corpos em pedaços e arrasaram as aldeias com fogo.

Por mais dois séculos, esses fatos se repetiram, enquanto os colonos europeus deslocavam=se para o interior, através de passagens entre os montes Alleghenies, e para os rios que corriam no rumo oeste, para o Grandes Águas (o Mississippi) e para o Grande Barrento (o Missouri).

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 22; foto: InfoEscola.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 6   

Podemos transformar em mata mista milhares de hectares dos milhões de hectares de terras improdutivas

Não será através de um reflorestamento geral de uma paisagem, há muito tempo cultivada, que se poderá fomentar a preservação ou a ampliação de uma paisagem de regeneração.

O que mais importa, nessas tradicionais zonas de cultivo, é realizar florestamento limitado, para conservar, por exemplo, os vales relvados dos maciços centrais e os pastos no alto das serras.

Mesmo assim, ainda fica a possibilidade de se transformar numa mata mista milhares de hectares dos milhões de hectares de terras improdutivas que se encontram à disposição.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército, 1979, páginas 174 e 175; foto: Diário do Nordeste.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 26 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 5

Um estudo da Universidade Cornell (EUA) mostrou que todo o século anterior ao colapso do Mediterrâneo Oriental foi marcado por secas

Os palácios luxuosos foram incendiados ou abandonados, a população grega pode ter caído pela metade e até a arte da escrita foi completamente esquecida. Mas os Povos do Mar (quem quer que fossem eles) não podem ser responsabilizados sozinhos por tanta desgraça.

Tudo indica que, para que eles conseguissem causar tanto estrago, foi preciso que boa parte do Mediterrâneo Oriental já tivesse sido desestabilizada por outros fatores, e o principal parece ter sido o clima. Num estudo publicado em 2023 no periódico especializado Nature, uma equipe liderada por Stuart Manning, da Universidade Cornell (EUA), mostrou que todo o século anterior ao colapso foi marcado por condições cada vez mais secas na esfera de influência dos hititas, por exemplo. Situações parecidas podem ter afetado as ilhas do mar Egeu, a Grécia e talvez a Itália.

Por fim, pouco depois de 1200 a.C., três anos consecutivos de seca totalmente fora do comum chegaram, coincidindo, ao que parece, com o abandono de Hattusa, a capital hitita.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, páginas 35 e 36; foto: Escola Kids – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 8

O poder de fogo dos colonos praticamente exterminou os wampanoags e narragansetts 

Na época em que Massasoit, grande chefe dos wampanoags, morreu, em 1602, seu povo estava sendo expulso para as florestas. Seu filho Metacom previu que os índios chegariam ao fim, se não se unissem para resistir aos invasores. Embora os habitantes da Nova Inglaterra tentassem agradar Metacom, coroando-o rei Philip de Pokanoket, ele dedicou a maior parte de seu tempo à formação de alianças com os narradansetts e outras tribos da região.

Em 1675, depois de uma série de ações arrogantes por parte dos colonos, o rei Philip [Metacom] levou sua confederação índia a uma guerra destinada a salvar as tribos da extinção. Os índios atacaram 52 acampamentos, destruíram completamente doze, mas, depois de meses de luta, o poder de fogo dos colonos praticamente exterminou os wampanoags e narragansetts.

O rei Philip foi morto e sua cabeça exibida publicamente em Plymouth por vinte anos. Juntamente com outras mulheres e crianças índias capturadas, sua mulher e seu filho foram vendidos como escravos nas Índias Ocidentais.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 21 e 22; foto: eCycle.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 40

A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos

Um terceiro grupo [indígena], entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

A resistência indígena foi enfrentada pelos governos locais e pelas companhias interessadas nos negócios de colonização, com a organização e estipêndio de grupos de bugreiros. A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos. Mas, segundo o objetivo depoimento de um bugreiro, “o negócio era afugentar pela boca da arma”.

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 21 e 22; foto: Café História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 50

Entre 2022 e 2023 mais de 6 mil escolas sofreram ataques e mais de 10 mil estudantes e professores foram feridos.

Há mais de 120 conflitos armados acontecendo no mundo todo. Muitos nem aparecem nos jornais. Mas em cada um deles há muitas crianças que são obrigadas a viver em meio à violência extrema. (…)

Em zonas de guerras, muitas salas de aula são atingidas por balas e bombardeios, enquanto outras transformam-se em abrigos temporários. Até o caminho torna-se perigoso, e milhões de crianças precisam atravessar campos minados e regiões afetadas por ataques constantes para chegar à sala de aula.

Apenas entre 2022 e 2023, mais de 6 mil escolas sofreram ataques e mais de 10 mil estudantes e professores foram feridos. Em regiões como Gaza, Ucrânia e República Democrática do Congo, centenas de escolas foram ameaçadas ou atingidas por tiros e bombardeios.

Fonte: Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), fevereiro de 2025; foto: Andes – SN

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 5   

É preciso que amplas áreas sejam reservadas à defesa do meio ambiente

Deve-se encarar a paisagem de regeneração como uma nova forma de exploração do solo, que respeita não só a preservação da natureza, mas que também deve servir ao fomento do turismo. Para que seja garantida a preservação ou a regeneração desta paisagem, é preciso que amplas áreas sejam reservadas à defesa do meio ambiente.

Enquanto que nos casos da paisagem da civilização e da de produção agrícola, a ação é dominada pela mentalidade econômica, na paisagem de regeneração é a ecologia que deve ocupar o primeiro plano. É a mentalidade biológica que aqui está a serviço da paisagem considerada globalmente, não importando a rentabilidade que possa ser proporcionada por uma área delimitada. Nos países industrializados, a paisagem de regeneração não mais deve ceder terreno aos outros dois tipos de paisagem.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército, 1979, página 174; foto: Cesan.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 25 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 4

Uma onda de destruição se abateu também na Grécia continental

No litoral dos atuais Síria, Líbano, Israel e Palestina, muitas cidades-estado antigas e poderosas viraram fumaça, entre as quais Ugarit, a grande senhora do comércio do Mediterrâneo Oriental na época.

Por fim, uma onda de destruição se abateu também na Grécia continental. Nessa época, no lugar dos políticos e filósofos que fariam a fama da civilização grega bem mais tarde [após 5 séculos], a região era ocupada por vários pequenos reinos que pareciam “Egitos” em miniatura, na chamada civilização micênica. Os micênicos eram governados por reis extremamente poderosos, cercados de luxo, defendidos por guerreiros que lutavam em carros de guerra (ou bigas, como diriam os romanos). (…)

Quando a poeira do colapso baixou, tudo isso tinha deixado de existir. Os palácios luxuosos foram incendiados ou abandonados, a população grega pode ter caído pela metade e até a arte da escrita foi completamente esquecida.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: cidade de Micenas; fonte: Apaixonados por História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 7

A primeira transferência documentada de terra índia a colonos ingleses

Em Massachusetts, a história começou de modo algo diverso, mas acabou da mesma forma que na Virginia. Depois de os ingleses desembarcarem em Plymouth (1620), a maioria deles teria morrido de fome, não fosse a ajuda que receberam dos nativos amistosos do Novo Mundo. (…)

Por vários anos, esses ingleses e seus vizinhos índios viveram em paz, mas muitas outras levas de homens brancos continuaram a chegar. O barulho dos machados e o estrondo das árvores que caíam ecoavam pelas costas da terra que os homens brancos agora chamavam de Nova Inglaterra. As colônias começaram a se disseminar por toda parte.

Em 1625, alguns dos colonos pediram a Samoset [indígena designado missionário pelos ingleses] mais doze mil acres de terra dos pemaquids. Samoset sabia que a terra vinha do Grande Espírito, era infinita como o céu e não pertencia a homem algum. Para agradar os estrangeiros e seus costumes estranhos, ele participou  de uma cerimônia em que cedeu a terra e colocou sua marca num papel. Era a primeira transferência documentada de terra índia a colonos ingleses.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 21; foto: Dreamstime.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 39

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi dramática

Os Xokleng estão localizados em Santa Catarina (…) Em Ibirama vivem 270 indivíduos. No núcleo de São João dos Pobres, há 4 sobreviventes Xokleng. Seus descendentes, mestiços, não se identificam como indígenas.

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi particularmente dramática. A tribo tradicionalmente mantinha suas atividades de subsistência com base nas atividades de caça e coleta. Divididos em grupos de 50 a 200 pessoas, os Xokleng dominavam toda a área de floresta que encobre a área localizada entre o litoral e a encosta do planalto, desde as proximidades de Porto Alegre (RS) até Paranaguá (PR). Esta área somente começou a ser sistematicamente desbravada a partir do momento em que se iniciou a colonização no sul do País, em 1824.

Como o território ocupado pelos Xokleng, à época da colonização, já estava cercada por propriedades civilizadas, os indígenas não tinham para onde fugir. A resistência que opuseram à penetração dos brancos foi contínua e, somente depois da criação do SPI [Serviço de Proteção aos Índios, em 1910], foi possível o contato pacífico com alguns grupos. Assim, Eduardo Hoerhan, em 1914, contatou com um grupo no Alto Vale do Itajaí. Paralelamente, em 1920, João Gomes Pereira travou relações amistosas com o grupo de São João dos Pobres. Um terceiro grupo, entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 21; foto: Instituto Socioambiental.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 49

Cerca de metade das mortes de crianças menores de 5 anos de idade está relacionada à desnutrição 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de metade das mortes de crianças menores de 5 anos de idade está relacionada à desnutrição, uma doença grave causada pela falta de nutrientes essenciais para a vida saudável.

Estamos diante de uma crise absolutamente assustadora. Só no Sudão, estima-se que quase 5 milhões de crianças e mulheres grávidas ou amamentando estejam com desnutrição grave.

Fonte: Médicos Sem fronteiras, novembro de 2024.

Na República Centro-Africana (RCA), as mulheres são 138 vezes mais propensas a morrer de complicações de gravidez e do parto do que na União Europeia, enquanto uma criança no país tem 25 vezes mais chance de morrer antes do seu primeiro aniversário do que se tivesse nascido na Europa.

Fonte: Médicos Sem Fronteiras, janeiro de 2025.

Foto: Sete Margens.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 4   

É possível criar liames estreitos entre a paisagem de regeneração e os interesses da silvicultura e da defesa ecológica

Se, pois, a paisagem da civilização e a paisagem da produção agrícola quase não concedem possibilidades de regeneração ao solo, elevada significação ganha a terceira forma típica, que é a “paisagem de regeneração”. O que houver de essencial, com relação à defesa ecológica, no sentido de alcançar a regeneração geral de uma paisagem, situa-se, em última análise, neste tipo de paisagem.

Encontra-se a paisagem de regeneração nos lugares em que as grandes concentrações urbanas e industriais não entram em cogitação por motivos geográficos, bem como onde a qualidade do solo não permite uma intensificação das atividades agrícolas. Este tipo de paisagem, que antigamente carregava também o símbolo da presença das chamadas terras improdutivas, transformou-se hoje [1973], sob o signo das ameaças representadas pela poluição ambiental, num sinal positivo.

Uma chance de sobrevivência, só existirá se esse terceiro tipo de paisagem for utilizado conscientemente como centro de regeneração. Dentro desta perspectiva, é possível criar liames bastante estreitos entre a paisagem de regeneração e os interesses da silvicultura e da defesa ecológica.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 173 e 174; foto: Diário do Nordeste.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapso nº 24 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 3

O Egito nunca mais voltou a ser a potência internacional que havia sido na Idade do Bronze

As inscrições egípcias indicam, com segurança, que os Povos do Mar vinham de regiões periféricas dos grandes impérios da Idade do Bronze, e parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados. Atacavam, pilhavam e incendiavam cidades costeiras (…)

No caso do Egito, deu ruim para os Povos do Mar, conforme Ramsés III conta em seus monumentos. O esforço de guerra, porém, drenou tanto os recursos egípcios, além de arrancar outras regiões da esfera de influência dos faraós, que o reino do Nilo nunca mais voltou a ser a potência internacional que havia sido na Idade do Bronze.

E os egípcios até que saíram no lucro. As invasões “bárbaras” parecem ter sido, por exemplo, um fator importante para o completo desaparecimento do Império Hitita, que tinha unificado quase todo o território da atual Turquia sob seu comando nos séculos anteriores. No litoral dos atuais Síria, Líbano, Israel e Palestina, muitas cidades-estado antigas e poderosas viraram fumaça, entre as quais Ugarit, a grande senhora do comércio do Mediterrâneo Oriental na época.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: Escola Kids – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 23

O panda se separou mais cedo do ancestral comum do grupo de ursos

Oito espécies de ursos compõem a família Ursidae. Entre todas, a Ailuropoda melanoleuca – o panda – foi a que se separou mais cedo do ancestral comum do grupo, há milhões de anos.

Por isso, os comedores de bambu pretos e brancos são bastante diferentes de seus primos polares, pardos ou negros.

Fonte: Super Interessante, edição 470, setembro de 2024, A geopolítica dos pandas, página 48; foto: UOL.

Rui Iwersen, editor.


Área queimada no Brasil cresce 79% em 2024

Território devastado pelo fogo no ano passado é maior que o da Itália; Amazônia foi o bioma mais atingido

A área devastada por queimadas no Brasil cresceu 79% em 2024 com relação a 2023, segundo dados do Monitor do Fogo, do MapBiomas. Foram queimados 30.867.676 hectares no ano passado –uma área maior que todo o território da Itália.  Desses mais de 30 milhões de hectares, 73% foram de vegetação nativa, sendo 25% em formações florestais. Os fogos em áreas de pastagens somaram 21,9% do total de 2024.

“Chama a atenção a área afetada por incêndios florestais em 2024. Normalmente, na Amazônia, a classe de uso da terra mais afetada pelo fogo tem sido historicamente as pastagens. Em 2024, foi a 1ª vez desde que começamos a monitorar a área queimada que essa lógica se inverteu. A floresta úmida passou a representar a maioria absoluta da área queimada, sem dúvida um fato preocupante visto que uma vez queimada, aumenta a vulnerabilidade e a chance dessa floresta queimar novamente”, disse Ane Alencar, diretora de Ciências do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas.

A Amazônia foi o bioma com o maior número de área devastada pelo fogo: foram 17,9 milhões de hectares incendiados em 2024. É seguida por Cerrado (9,7 milhões), Pantanal (1,9 milhão), Mata Atlântica (1 milhão), Caatinga (330 mil) e Pampa (3.400).  (…)

Fonte: Poder 360; foto: ANDI – Comunicação e Direitos.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 6

Em pouco tempo, os oito mil índios powhatan foram reduzidos a menos de mil

Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.

Eram lentas, naquela época, as comunicações entre as tribos do Novo Mundo, e raramente as notícias das barbaridades dos europeus ultrapassavam a disseminação rápida de novas conquistas e colonizações. Porém, bem antes dos homens brancos que falavam inglês chegarem à Virginia em 1607, os powhatan haviam ouvido algo sobre as técnicas civilizatórias dos espanhóis. Os ingleses passaram a usar métodos mais sutis.

E para garantir a paz por tempo suficiente, enquanto estabeleciam uma colônia em Jamestown, colocaram uma coroa de ouro na cabeça de Wahunsonacook, chamaram-no rei Powhatan e o convenceram de que deveria  pôr seu povo a trabalhar, fornecendo comida para os colonizadores brancos. (…) Depois da morte de Wahunsonacook, os powhatan insurgiram-se para mandar os ingleses de volta ao mar de onde haviam vindo, mas os índios subestimaram o poder das armas inglesas. Em pouco tempo, os oito mil powhatan foram reduzidos a menos de mil.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 20 e 21; foto: InfoEscola.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 38

Os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica

Paralelamente às disputas pelo domínio da terra, os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica. A utilização do indígena como mão de obra, desarticulou rapidamente o sistema econômico tribal, com reflexos diretos em todos os demais aspectos da sociedade, enquanto entidade autônoma.

O mesmo ocorreu em decorrência da utilização sexual da mulher indígena. A contaminação do grupo com doenças até então desconhecidas, e para as quais os indivíduos não apresentavam qualquer resistência biológica, rebentou definitivamente com as possibilidades de o grupo continuar a viver independente. A submissão foi total.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 18 e 19; foto: Mongabay Brasil.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 48

99% do território original do pandas foi perdido devido ao desmatamento e à interferência humana

Os pandas são especialmente sensíveis a mudanças ambientais: qualquer diminuição na área de floresta de bambu pode significar morrer de fome.

Há milhares de anos, a espécie se estendia por todo o sudeste asiático; hoje, 99% de seu território original foi perdido devido ao desmatamento e à interferência humana. Agora, pandas existem em apenas seis pequenas regiões montanhosas no interior da china.

Fonte: Super Interessante, edição 470, dezembro de 2024, A geopolítica dos pandas, página 48; foto: G1 – Globo.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 3   

A estrutura agrícola de hoje tem por objetivo maximizar sua produção

O segundo tipo [de estrutura paisagística] é representado pela “paisagem de produção agrícola”, que hoje tem por objetivo maximizar sua produção por meio de ampla mecanização das empresas de produção agrícola. A paisagem de civilização, devido à sua concentração humana, só pode suprir sua demanda alimentar quando está presente a de produção agrícola.

Embora, nesta, os danos causados à paisagem primitiva local não sejam tão elevados como os ocasionados pela da civilização, continuam a predominar, com vistas à economia da natureza, os sinais negativos. Desmatamentos, monoculturas, o perigo das erosões, a regulagem dos cursos de água, a drenagem e o emprego excessivo de fertilizantes caracterizam este tipo de paisagem.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, página 173; foto: Geo Agri.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 22

Carnes de laboratório

O cultivo de “carne de laboratório” existe desde 2013. Cientistas coletam células de boi ou de frango e as multiplicam em biorreatores (grandes tanques cheios de aminoácidos e nutrientes) para gerar pedaços de carne sem precisar matar nenhum animal.

Fonte: Super Interessante, edição 453, junho de 2023, Supernovas, página 12; foto: Capital Reset – UOL.

Rui Iwersen, editor.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 5

Dez anos após Colombo ter pisado na praia de São Salvador os espanhóis já haviam trucidado centenas de milhares de pessoas e destruído tribos inteiras 

 Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra. (…) Colombo raptou dez de seus amistosos anfitriões tainos e levou-os à Espanha, onde eles poderiam ser apresentados para se adaptarem aos costumes do homem branco. Um deles morreu logo depois de chegar, mas não antes de ser batizado cristão. Os espanhóis gostaram tanto de possibilitar ao primeiro índio a entrada ao céu que se apressaram em espalhar a boa nova pelas Índias Ocidentais.

Os tainos e outros povos arawak não relutaram em se converter aos costumes religiosos europeus, mas resistiram fortemente quando hordas de estrangeiros barbudos começaram a explorar suas ilhas em busca de ouro e pedras preciosas. Os espanhóis saquearam e queimaram aldeias, raptaram centenas de homens e crianças e os mandaram à Europa para serem vendidos como escravos. Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: Humanidades.com.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 47

A humanidade extraiu 2,1 trilhões de toneladas de água do subsolo e deslocou  o eixo rotacional da Terra  

0,8 m foi quanto a humanidade deslocou  o eixo rotacional da Terra entre 1993 e 2010, segundo um novo estudo publicado por cientistas da Universidade Nacional de Seul (Coréia do Sul). Segundo eles, isso aconteceu por causa da extração de água do subsolo.

Nas duas décadas analisadas, a humanidade extraiu 2,1 trilhões de toneladas de água, e a maior parte dela foi parar nos oceanos – o que redistribuiu a massa do planeta, e empurrou o eixo da Terra 80 cm na direção leste.

Fonte: Super Interessante, edição 453, julho de 2023, Supernovas, página 13; foto: Freepik.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 2  

A paisagem de civilização fomenta a alteração do equilíbrio biológico

A alteração do equilíbrio ecológico (…) receberá um ponto final no dia em que se conseguir manter em sua forma original ou fazer retornar a ela as unidades paisagísticas hoje ameaçadas de extinção. (…) A evolução previsível [das terras improdutivas] conduz, mais ou menos, à formação característica de três tipos diferentes de formas ou estruturas paisagísticas [paisagem de civilização, paisagem de produção agrícola e paisagem de regeneração].

O primeiro tipo, a que se pode dar o nome de “paisagem de civilização”, é assinalado pela concentração de pessoas, povoações e distritos industriais. A paisagem de civilização, por estar peculiarmente condicionada à economia, fomenta a alteração do equilíbrio biológico, representando assim um sinal negativo para a economia da natureza. É por isso que, com respeito a esse tipo de paisagem, deve-se prestar especial atenção ao cultivo de áreas verdes e ao plantio de árvores em geral. Essa paisagem não produz qualquer efeito regenerativo sobre a economia primitiva da natureza local.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 172 e 173; foto: Rádio Maringá.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22 

Colapso nº 22 – O apocalipse da Idade do Bronze

Essa realidade próspera e tranquila veio abaixo em pouco tempo e arrasou civilizações da Grécia à Síria, passando pelo Egito faraônico

Era o ano 1.177 a.C., e o mundo estava acabando. Ou, pelo menos, o mundo que havia sido construído durante séculos (ou até milênios) por reis, guerreiros e burocratas do Mediterrâneo.

Essa gente tinha se acostumado a uma espécie de globalização em pequena escala, graças à qual era possível navegar, comercializar objetos luxuosos e enviar cartas com propostas de casamento, ameaças ou simples saudações a pessoas do outro lado do mar [Mediterrâneo].

Era uma realidade próspera e relativamente tranquila. Mas veio abaixo em pouco tempo – e nunca se reergueu por completo. Trata-se do “apocalipse da Idade do Bronze” [3.3oo a.C. – 1.200 a.C.], um fenômeno histórico que arrasou civilizações da Grécia à Síria, passando pelo Egito faraônico, no século 12 a.C. – e até hoje não foi plenamente esclarecido.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 33; foto: Candeias Mix.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 21

Desde a Idade Média os ingleses cruzam raças de cachorros para produzir cães lutadores

Para criar bons cães lutadores, os ingleses cruzaram buldogues com raças mais ágeis de terrier, um tipo de cachorro usado para caça. Nasciam aí os bull terriers, que dariam origem aos pit bulls – um termo guarda-chuva, que abrange várias raças.

O adestramento era cruel. Os cães de rinha precisavam ser agressivos (para atacar outros cães) e, ao mesmo tempo, subservientes (para não atacar seus donos).

Fonte: Super Interessante, edição 464, junho de 2024, Os pit bulls nascem maus ou a sociedade os corrompe?, página 9; foto: Bnews.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 4

Colombo escreveu ao rei que o povo deveria “ser posto a trabalhar, plantar e fazer tudo que é necessário e adotar nossos costumes”

Tudo começou com Cristóvão Colombo, que deu ao povo o nome de índios. Os europeus, os homens brancos, falavam com dialetos diferentes, e alguns pronunciavam a palavra “indien”, ou “indianer”, ou “indian”. Peaux-rouges, ou “red skins” (peles vermelhas), veio depois. Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra.

“Tão afáveis, tão pacíficos, são eles”, escreveu Colombo ao rei e à rainha da Espanha, “que juro a Vossas Majestades que não há no mundo uma nação melhor. Amam a seus próximos como a si mesmos, e sua conversação é sempre suave e gentil, e acompanhada de sorrisos; embora seja verdade que andam nus, suas maneiras são decentes e elogiáveis.”

Claro que tudo isso foi tomado como sinal de fraqueza, senão de barbárie, e Colombo, sendo um europeu bem-intencionado, convenceu-se de que o povo deveria “ser posto a trabalhar, plantar e fazer tudo que é necessário e adotar nossos costumes”. Nos quatro séculos seguintes (1492-1890), vários milhões de europeus e seus descendentes tentaram impor seus costumes ao povo do Novo Mundo.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: MeisterDrucke.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 36 – Grupos tribais sobreviventes

Com 6.616 indivíduos, os Kaingang formam uma das maiores tribos que sobrevivem no Brasil presente

Distribuídos pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, os Kaingang formam uma das maiores tribos que sobrevivem no Brasil presente. Sua população aldeada em postos indígenas atinge 6.616 indivíduos. Um número de indivíduos não conhecido, mas seguramente com certa agressividade, vive disperso nas fazendas e outras  propriedades rurais. (…)

Tudo indica que o território tradicional dos Kaingang era toda a área de campo compreendida entre os rios Uruguai e Iguaçu. Na medida em que os interesses coloniais facilitaram, no século XVII, o aniquilamento das populações Guarani aldeadas pelos jesuítas espanhóis, os Kaingang puderam se expandir para o norte e sul daqueles rios. Conseguiram, assim, temporariamente, o domínio dos campos do planalto, em toda a região sul.

A partir do momento em que os jesuítas e suas reduções foram destruídos, diminuindo os lucros do bandeirantes pela comercialização dos espólios de guerra, especialmente escravos índios, o comércio do gado existente à solta nos campos do sul serviu de motivo para manter o interesse dos paulistas na região. E, aos poucos, o gado tornou-se a razão econômica de contingentes nacionais que logo foram disputar com os Kaingang o domínio dos campos naturais do planalto.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 17; foto: A GRANJA – Total Agro.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 46

Os desertos surgem do esgotamento lento do solo através de uma exploração crescente de seus recursos

Quando a erosão do solo alcança determinados níveis, a terra se torna estéril. Os efeitos dos desmatamentos podem ser detectados em todo o mundo, nas suas consequências mais devastadoras.

Sobre isso escrevem, por exemplo, Jacks e White: “Os desertos da China Setentrional, Pérsia, Mesopotâmia e da África do Norte contam, todos eles, a mesma história do esgotamento lento do solo através de uma exploração crescente de seus recursos, determinada por uma civilização que foi se expandindo. Ele foi explorado de tal forma que não lhe restou força alguma para se recuperar. Naturalmente, à exaustão do solo seguiu-se – um fato que hoje se pode constatar – a erosão. (…)”

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, página 33; foto: Freepik.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 25

Mensagem à COP 30 – nº 1  

A sobrevivência de uma humanidade sadia custa dinheiro, muito dinheiro

O problema principal da defesa ecológica é que, em se tratando do nosso meio ambiente, cada indivíduo deve se conscientizar de que tem de modificar, a esse respeito, seus conceitos e sua mentalidade. Quanto a isso, é preciso que se diga claramente que a sobrevivência de uma humanidade sadia custa dinheiro, muito dinheiro.  Cada membro de uma sociedade que se baseia no bem-estar social deverá estar disposto, para que isso se concretize, a grandes sacrifícios.

Muitas das coisas que hoje deixamos de fazer, no sentido de uma estruturação do meio ambiente, não poderão ser recuperadas amanhã, pois terão de ser consideradas como irremediavelmente perdidas.

Pode-se afirmar, com certeza, que o dinheiro que “hoje” se colocar à disposição da preservação do meio ambiente será menor do que o montante que se exigirá dentro de poucos anos. Se não se levar em consideração as exigências atuais da defesa ecológica, a soma a ser despendida crescerá dia a dia.

Fonte: Hans Liebmann, Terra – um planeta inabitável?, 1973, Biblioteca do Exército Editora, 1979, páginas 153 e 154; foto: Portal Gov.br.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 3

Os que lerem este livro poderão aprender algo sobre sua própria relação com a terra, com um povo que era de conservacionistas verdadeiros 

Este não é um livro alegre, mas a história tem um jeito de se introduzir no presente, e talvez os que o lerem tenham uma compreensão mais clara do que é um índio americano, sabendo o que ele foi. Poderão surpreender-se ao ouvir que palavras gentis e ponderadas saem da boca de índios estereotipados no mito americano como selvagens impiedosos. Poderão aprender algo sobre sua própria relação com a terra, com um povo que era de conservacionistas verdadeiros.

Os índios sabiam que a vida equivale à terra e seus recursos, que a América era um paraíso, e não podiam compreender por que os invasores do Leste estavam decididos a destruir tudo que era índio e a própria América.

E se os leitores deste livro alguma vez puderem ver a pobreza, a desesperança e a miséria de uma reserva índia moderna, acharão possível compreender realmente as razões disso.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Introdução, página 17; foto: Toda Matéria.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 20

Pelo menos nos mamíferos, o comportamento homossexual pode ter surgido por razões sociais

Recentemente, um grupo de biólogos propôs uma terceira hipótese: pelo menos nos mamíferos, o comportamento homossexual pode ter surgido por razões sociais, e não puramente reprodutivas.

Em um artigo de 2023, esses pesquisadores analisaram a prevalência das relações em mais de 260 espécies de mamíferos – e notaram que a homossexualidade era especialmente comum nos que vivem em sociedade, com destaque para os primatas: 51 espécies, de lêmures a gorilas, apresentam o comportamento.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, As origens biológicas da Homossexualidade, página 43; foto: DCM.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 2

Esta série mostra o Capitalismo maquiavélico dos colonizadores europeus da América do Norte, como ocorreu na América do Sul (como veremos futuramente na Série de GaiaNet nº 21: “1501 – O Brasil depois de Cabral”).

Enterrem meu coração na curva do rio é um livro de advertência sobre o problema das minorias raciais em confronto com uma cultura tecnologicamente adiantada

O livro de Dee Brown chegou à lista de best-sellers e passou mais de um ano sacudindo consciências e revelando uma face triste da formação dos Estados Unidos, reabilitando os pobres subumanos mostrados pelo cinema e pela televisão de massas. Revela outro aspecto importante dessas décadas impiedosas: o papel do homem branco como o agente poluidor da natureza exuberante da região habitada pelos índios. Os brancos introduziram a fumaça dos trens, o uísque, as doenças infecciosas e acabaram com as florestas e a vida selvagem. (…)

[Dee Brown] Foi um pesquisador nato e provou isso em Enterrem meu coração na curva do rio, revelando uma quantidade imensa de material original e desconhecido sobre os índios. (…)

No Brasil, além do interesse natural por uma obra sobre o assunto, Enterrem meu coração na curva do rio é um livro de advertência, profundamente atual, sobre o problema das minorias raciais em confronto com uma cultura tecnologicamente adiantada.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, Coleção L&PM Pocket, 2003; Geraldo Galvão Ferraz, Apresentação, páginas 6 e 7; foto: Facebook – Buenas ideias.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 20 

Saúde do Planeta nº 45

Acredita-se em contaminação por mercúrio a morte de botos e tucuxis na região amazônica do Médio Solimões

As cenas foram de cortar o coração: ao menos 130 botos e tucuxis apareceram mortos em Tefé, na região amazônica do Médio Solimões. As causas ainda estão sendo investigadas, mas acredita-se em contaminação, possivelmente por mercúrio.

A temperatura da água dos rios, que atingiu mais de 40 graus, certamente também contribuiu para a tragédia. Os picos do termômetro provocaram a mais severa seca da história e alguns trechos do Rio Negro ficaram completamente secos. Para além do triste cenário revelado pela fauna – um barco com piscina abrigava os animais resgatados com vida -, há implicações para as populações ribeirinhas, de circulação restrita, sem acesso a escolas e a alimentos que chegam de barcos.

Fonte: Veja, Editora Abril, edição 2862, ano 56, número 40, 6 de outubro de 2023, Tragédia Amazônica, página 23; foto: Projeto Colabora.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

Esta nova Série de GaiaNet mostra o Capitalismo maquiavélico dos colonizadores europeus da América do Norte. Esta ideologia foi descrita em 1532 por Nicolau Maquiavel no livro O Príncipe, e é apresentada atualmente na Série de GaiaNet nº21: 1501 – O Brasil depois de Cabral.

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 1

Dee Brown conseguiu mostrar a grande tragédia dos índios norte-americanos

Enterrem meu coração na curva do rio

Enterrem meu coração na curva do rio (Bury my Heart at Wounded Knee), o best-seller de Dee Brown, conta o outro lado da história, a história índia do Oeste Americano. (…) A tal gente pintada que berrava é um povo altivo, nobre, com uma cultura própria, que só entra em guerra defendendo o direito de viver nas terras que sempre foram suas. (…)

Os brancos guardam a memória dos massacres Fatterman e de Little Big Horn, onde morreu o general Custer. Ficou relegado aos livros especializados e a documentos de difícil acesso o grande número de massacres de aldeias índias, com morte a sangue frio de velhos, mulheres e crianças. (…)

Dee Brown, nesta sua obra que veio na hora certa, quando a consciência do povo norte-americano estava sendo incomodada pela guerra vietnamita e pela questão racial, conseguiu mostrar, em primeiro lugar, a grande tragédia do índio, uma minoria incômoda para a expressão desenvolvimentista de uma nação em progresso, que precisava de terras para ampliar seu território, para fazer estradas e colonizar o interior.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio (A dramática história dos índios norte-americanos), Coleção L&PM Pocket, 2003; Geraldo Galvão Ferraz, Apresentação, páginas 5 e 6; foto: Dois Pontos.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 19

Biodiversidade da flora amazônica

“Há cerca de 40 mil espécies vegetais na Amazônia.”

Fonte: Canal Gov; foto: Conhecimento científico.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 44

53,6% da humanidade não têm acesso a água limpa para beber

4,4 bilhões de pessoas, ou 53,6% da humanidade, não têm acesso a água limpa para beber. Essa é a constatação, alarmante, de um novo estudo publicado por cientistas suíços.

Eles analisaram dados de 135 países em desenvolvimento e descobriram que, em muitos casos, a água que essas populações consomem apresenta níveis inaceitáveis de coliformes fecais.

O número é muito maior que o calculado pela OMS – em 2020, ela estimou que 2 bilhões de pessoas não tinham acesso a água limpa. *

Super Interessante, edição 467, setembro de 2024, Bruno Garattoni, Supernovas, página 13; foto: Águas do Rio. 

* Ver “Saúde do Planeta nº 37” de 2/4/24 onde a ONU nos alertava na época: “Agora, se mantivermos nosso padrão de consumo e de devastação do meio ambiente, o quadro irá se agravar muito rapidamente. Em 2025, dois terços da população do planeta (5,5 bilhões de pessoas) poderão ter dificuldade de acesso à água potável.”

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Séries de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 18

Biodiversidade da fauna brasileira

“Em Santa Catarina há 701 espécies de aves registradas, 35% das aves do Brasil.”

Fonte: NSC, Jornal do Almoço, 17 de julho de 2024; foto: Fauna News.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº20

Saúde do Planeta nº 43

O Brasil registrou 68.635 focos de queimadas em agosto

O Brasil registrou 68.635 focos de queimadas em agosto, de acordo com dados do “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

É o pior resultado para o mês desde 2010, quando 90.444 focos ativos foram detectados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Considerando os dados históricos coletados pelo Inpe desde 1998, os números do governo federal colocam o período como o quinto pior mês de agosto no total de focos de queimadas para o Brasil.

A taxa também mais que dobrou na comparação com o ano passado, quando o país teve 28.056 focos no mesmo período. A média de queimadas para o mês é de 46.529 focos. Já o mínimo de focos registrado pelo Inpe aconteceu em 2013, quando cerca de 21 mil foram contabilizados em todo o país. Ainda segundo o Inpe, mais de 80% desses focos ocorreram na Amazônia e no Cerrado.

Na Amazônia, a temporada de incêndios geralmente ocorre entre junho e outubro, mas fazendeiros, garimpeiros e grileiros derrubam a floresta e se preparam para queimá-la durante todo o ano. E de acordo com o Programa Queimadas, o bioma registrou 65.667 focos de fogo desde janeiro até agora (1º setembro). O número representa um aumento de 104% quando comparado com o mesmo período do ano passado, quando 32.145 focos foram contados pelo instituto. (…)

Fonte: G1; Foto: Blog Nossa Voz.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Séries de GaiaNet nº23

Biodiversidade nº 17

Brasil tem mais gado que gente

“O Brasil tem 240 milhões de cabeças de gado.”

Fonte: Globo News, Prejuízo na Agropecuária [dos incêndios florestais], 7 de maio de 2024; foto: Animal Business Brasil.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


A desertificação e a seca ameaçam vidas e meios de subsistência em todo o planeta

Mais de 2 bilhões de hectares das terras do mundo estão degradados, afetando mais de 3 bilhões de pessoas.
A desertificação e a seca ameaçam vidas e meios de subsistência em todo o planeta. Ecossistemas vitais e inúmeras espécies estão sob ameaça.
Em face de secas mais severas e prolongadas, tempestades de areia e aumento das temperaturas, é fundamental encontrar maneiras de impedir que a terra seca se transforme em deserto, que as fontes de água doce evaporem e que o solo fértil se transforme em pó.
De empresas e governos a indivíduos, todos podem ajudar a acabar com a degradação da terra, restaurar paisagens destruídas e criar um planeta habitável para as próximas gerações.
Fonte: Programa da ONU para o meio ambiente.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 42

Dia da Sobrecarga da Terra, indicador calculado desde 1971, mostra que em 2023 usamos 75% mais recursos do que o planeta pode suportar

Hoje, o aquecimento global e outros problemas ambientais são temas dominantes – e urgentes. Todo ano, a ong americana Global Footprint Network calcula o chamado Dia da Sobrecarga da Terra, a data em que ultrapassamos a capacidade do planeta de reequilibrar seus sistemas ecológicos e regenerar recursos naturais.

Esse indicador é calculado desde 1971; naquele ano, a humanidade atravessou o limite em dezembro. Já em 2023, isso aconteceu no dia 2 de agosto. Isso significa que, no ano passado, usamos 75% mais recursos do que o planeta pode suportar.

Fonte: Super Interessante, edição 459, janeiro de 2024, O fim da superpopulação, página 22; foto: A Terra é Redonda.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Séries de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 16

Refugiados políticos e refugiados do clima no Planeta  

“Existem 100 milhões de refugiados no mundo”.

Fonte: COI, Abertura dos jogos Olímpicos de Paris; foto: Conexão UFRJ. 

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 41

Modelo teórico mostra a dinâmica do colapso ambiental 

Os vínculos intrincados entre algas que vivem nos oceanos, produção de gás enxofre, química atmosférica, física das nuvens e clima vêm, aos poucos, sendo descobertos em dezenas de laboratórios ao redor do mundo. (…)

Quando executamos nosso modelo aumentando gradualmente a entrada de calor do Sol, ou  mantendo o Sol constante mas aumentando a entrada de dióxido de carbono, como estamos fazendo agora no mundo real, o modelo mostrou um bom equilíbrio, com os ecossistemas oceânico e terrestre desempenhando seus papéis. Mas, quando a quantidade de dióxido de carbono se aproximou de 500 ppm, o equilíbrio começou a falhar, e ocorreu um súbito aumento de temperatura. A causa foi o colapso do ecossistema oceânico. Com o aquecimento do mundo, a expansão da superfície morna dos oceanos privou as algas de nutrientes, até que elas se extinguissem. Com a diminuição da área de oceano coberta por algas, seu efeito resfriador diminuiu e a temperatura disparou.

James Lovelock, A Vingança de Gaia, Editora Intrínseca, 2006, páginas 40 e 41; foto: Olhar Digital.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Séries de GaiaNet nº 23

Biodiversidade nº 15

Sete em cada dez brasileiros têm animal de estimação 

  • 94% dos brasileiros têm ou já tiveram algum animal de estimação.
  • 72% dos brasileiros têm algum animal de estimação.
  • Brasil é o 3º país do mundo com a maior população de pets, 149 milhões, atrás da China e Estados Unidos.

Fonte: GloboNews, edição das 18h, 2 de julho de 2024; foto: Jornal Imparcial.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Colapsos – Série de GaiaNet nº 22

Colapso nº 16 – Apocalipse bíblico

O primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe 

O próprio Apocalípse de João, apesar de todo o sofrimento que prevê para a parte pecadora não arrependida da humanidade, deixa esperanças no final. O homem, enfim, viverá em comunhão com Deus e todas as dores terão acabado. O ciclo se fecha.

“Vi então um novo céu e uma nova terra”, escreve o profeta. “Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu esposo. Então, ouvi uma voz forte que saía do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus com os homens. Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus com eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram.”

Fonte: Super Interessante, Edição Especial, Apocalipse – O fim do mundo, Edição 291-A, maio de 2011, página 13, Apocalipse bíblico; foto: Central da Oração.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.

 

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Saúde mental e meio ambiente

terça-feira, 10 março 2009 by Rui Iwersen

Nesta página refletimos sobre as repercussões psicológicas e psiquiátricas dos fenômenos e desastres naturais e sociais.

Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 42

Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Efetivamente, os Xokleng passaram a enfrentar inimigos mais sutis, mas com maior poder destrutivo. Epidemias grassaram no grupo, ceifando a maior parte dos índios que haviam sido atraídos. Os sobreviventes tiveram de se adaptar à vida sedentária, substituindo suas atividades tradicionais de caça e coleta, pelo cultivo de roças. A dieta alimentar foi bruscamente alterada, contribuindo, hoje se sabe, para a disseminação de doenças. O desequilíbrio demográfico, por sua vez, alterou toda a organização tribal, tornando o grupo definitivamente dependente do organismo oficial de proteção.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: Terra.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 9

Os holandeses ordenaram o massacre de duas aldeias inteiras enquanto os habitantes dormiam

Quando os holandeses chegaram à ilha de Manhattan, Peter Minuit comprou-a por sessenta florins em anzóis e contas de vidro, mas eles encorajaram os índios a permanecer e continuar trocando suas valiosas peles por tais bugigangas.

Em 1641, Willem Kieft cobrou tributos dos mahicans e enviou soldados à ilha Staten para punir os raritans por ofensas cometidas por colonos brancos, não por eles. Quando os índios revidaram, matando quatro holandeses, Kieft ordenou o massacre de duas aldeias inteiras enquanto os habitantes dormiam. Os holandeses passaram à baioneta homens, mulheres e crianças, cortaram seus corpos em pedaços e arrasaram as aldeias com fogo.

Por mais dois séculos, esses fatos se repetiram, enquanto os colonos europeus deslocavam=se para o interior, através de passagens entre os montes Alleghenies, e para os rios que corriam no rumo oeste, para o Grandes Águas (o Mississippi) e para o Grande Barrento (o Missouri).

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 22; foto: InfoEscola.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 41

O convívio não fez cessar a violência e a dramaticidade das relações entre índios e não-índios

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Assim sendo, compreende-se porque as técnicas de persuasão empregadas pelo novo e vigoroso Serviço de Proteção aos Índios, além da bravura do jovem Eduardo Hoerhan, convenceram a maioria dos Shokleng  sobreviventes ao convívio pacífico. Convívio que entretanto não fez cessar a violência e a dramaticidade das relações entre índios e não-índios. E isto se depreende nitidamente do seguinte depoimento do pacificador:

” (…) se pudesse prever que iria vê-los morrer tão miseravelmente, os teria deixado na mata, onde ao menos morreriam mais felizes e defendendo-se de armas nas mãos contra os bugreiros que os assaltavam.”

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 22; foto: AgroSaber.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 8

O poder de fogo dos colonos praticamente exterminou os wampanoags e narragansetts 

Na época em que Massasoit, grande chefe dos wampanoags, morreu, em 1602, seu povo estava sendo expulso para as florestas. Seu filho Metacom previu que os índios chegariam ao fim, se não se unissem para resistir aos invasores. Embora os habitantes da Nova Inglaterra tentassem agradar Metacom, coroando-o rei Philip de Pokanoket, ele dedicou a maior parte de seu tempo à formação de alianças com os narradansetts e outras tribos da região.

Em 1675, depois de uma série de ações arrogantes por parte dos colonos, o rei Philip [Metacom] levou sua confederação índia a uma guerra destinada a salvar as tribos da extinção. Os índios atacaram 52 acampamentos, destruíram completamente doze, mas, depois de meses de luta, o poder de fogo dos colonos praticamente exterminou os wampanoags e narragansetts.

O rei Philip foi morto e sua cabeça exibida publicamente em Plymouth por vinte anos. Juntamente com outras mulheres e crianças índias capturadas, sua mulher e seu filho foram vendidos como escravos nas Índias Ocidentais.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 21 e 22; foto: eCycle.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 40

A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos

Um terceiro grupo [indígena], entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

A resistência indígena foi enfrentada pelos governos locais e pelas companhias interessadas nos negócios de colonização, com a organização e estipêndio de grupos de bugreiros. A ordem era de afugentar os índios para lugar onde não mais pudessem incomodar os brancos. Mas, segundo o objetivo depoimento de um bugreiro, “o negócio era afugentar pela boca da arma”.

As pressões exercidas pela frente de expansão sobre o território ocupado pelos Xokleng foi de tal ordem que, em vários episódios onde os índios assaltaram os brancos, evidencia-se claramente que a fome era a razão do ataque.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 21 e 22; foto: Café História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 50

Entre 2022 e 2023 mais de 6 mil escolas sofreram ataques e mais de 10 mil estudantes e professores foram feridos.

Há mais de 120 conflitos armados acontecendo no mundo todo. Muitos nem aparecem nos jornais. Mas em cada um deles há muitas crianças que são obrigadas a viver em meio à violência extrema. (…)

Em zonas de guerras, muitas salas de aula são atingidas por balas e bombardeios, enquanto outras transformam-se em abrigos temporários. Até o caminho torna-se perigoso, e milhões de crianças precisam atravessar campos minados e regiões afetadas por ataques constantes para chegar à sala de aula.

Apenas entre 2022 e 2023, mais de 6 mil escolas sofreram ataques e mais de 10 mil estudantes e professores foram feridos. Em regiões como Gaza, Ucrânia e República Democrática do Congo, centenas de escolas foram ameaçadas ou atingidas por tiros e bombardeios.

Fonte: Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), fevereiro de 2025; foto: Andes – SN

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapsos nº 25 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 4

Uma onda de destruição se abateu também na Grécia continental

No litoral dos atuais Síria, Líbano, Israel e Palestina, muitas cidades-estado antigas e poderosas viraram fumaça, entre as quais Ugarit, a grande senhora do comércio do Mediterrâneo Oriental na época.

Por fim, uma onda de destruição se abateu também na Grécia continental. Nessa época, no lugar dos políticos e filósofos que fariam a fama da civilização grega bem mais tarde [após 5 séculos], a região era ocupada por vários pequenos reinos que pareciam “Egitos” em miniatura, na chamada civilização micênica. Os micênicos eram governados por reis extremamente poderosos, cercados de luxo, defendidos por guerreiros que lutavam em carros de guerra (ou bigas, como diriam os romanos). (…)

Quando a poeira do colapso baixou, tudo isso tinha deixado de existir. Os palácios luxuosos foram incendiados ou abandonados, a população grega pode ter caído pela metade e até a arte da escrita foi completamente esquecida.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: cidade de Micenas; fonte: Apaixonados por História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 7

A primeira transferência documentada de terra índia a colonos ingleses

Em Massachusetts, a história começou de modo algo diverso, mas acabou da mesma forma que na Virginia. Depois de os ingleses desembarcarem em Plymouth (1620), a maioria deles teria morrido de fome, não fosse a ajuda que receberam dos nativos amistosos do Novo Mundo. (…)

Por vários anos, esses ingleses e seus vizinhos índios viveram em paz, mas muitas outras levas de homens brancos continuaram a chegar. O barulho dos machados e o estrondo das árvores que caíam ecoavam pelas costas da terra que os homens brancos agora chamavam de Nova Inglaterra. As colônias começaram a se disseminar por toda parte.

Em 1625, alguns dos colonos pediram a Samoset [indígena designado missionário pelos ingleses] mais doze mil acres de terra dos pemaquids. Samoset sabia que a terra vinha do Grande Espírito, era infinita como o céu e não pertencia a homem algum. Para agradar os estrangeiros e seus costumes estranhos, ele participou  de uma cerimônia em que cedeu a terra e colocou sua marca num papel. Era a primeira transferência documentada de terra índia a colonos ingleses.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, página 21; foto: Dreamstime.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral – nº 39

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi dramática

Os Xokleng estão localizados em Santa Catarina (…) Em Ibirama vivem 270 indivíduos. No núcleo de São João dos Pobres, há 4 sobreviventes Xokleng. Seus descendentes, mestiços, não se identificam como indígenas.

A história do contato entre os Xokleng e componentes da sociedade nacional foi particularmente dramática. A tribo tradicionalmente mantinha suas atividades de subsistência com base nas atividades de caça e coleta. Divididos em grupos de 50 a 200 pessoas, os Xokleng dominavam toda a área de floresta que encobre a área localizada entre o litoral e a encosta do planalto, desde as proximidades de Porto Alegre (RS) até Paranaguá (PR). Esta área somente começou a ser sistematicamente desbravada a partir do momento em que se iniciou a colonização no sul do País, em 1824.

Como o território ocupado pelos Xokleng, à época da colonização, já estava cercada por propriedades civilizadas, os indígenas não tinham para onde fugir. A resistência que opuseram à penetração dos brancos foi contínua e, somente depois da criação do SPI [Serviço de Proteção aos Índios, em 1910], foi possível o contato pacífico com alguns grupos. Assim, Eduardo Hoerhan, em 1914, contatou com um grupo no Alto Vale do Itajaí. Paralelamente, em 1920, João Gomes Pereira travou relações amistosas com o grupo de São João dos Pobres. Um terceiro grupo, entretanto, continuou perambulando nas florestas do sul do estado de Santa Catarina. Descendentes desse grupo, segundo tudo indica, ainda vagam nas escassas pontas de floresta que cobrem a serra do Taboleiro.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 21; foto: Instituto Socioambiental.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Série de GaiaNet nº 20

Saúde do Planeta nº 49

Cerca de metade das mortes de crianças menores de 5 anos de idade está relacionada à desnutrição 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de metade das mortes de crianças menores de 5 anos de idade está relacionada à desnutrição, uma doença grave causada pela falta de nutrientes essenciais para a vida saudável.

Estamos diante de uma crise absolutamente assustadora. Só no Sudão, estima-se que quase 5 milhões de crianças e mulheres grávidas ou amamentando estejam com desnutrição grave.

Fonte: Médicos Sem fronteiras, novembro de 2024.

Na República Centro-Africana (RCA), as mulheres são 138 vezes mais propensas a morrer de complicações de gravidez e do parto do que na União Europeia, enquanto uma criança no país tem 25 vezes mais chance de morrer antes do seu primeiro aniversário do que se tivesse nascido na Europa.

Fonte: Médicos Sem Fronteiras, janeiro de 2025.

Foto: Sete Margens.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 22

Colapso nº 24 – O apocalipse da Idade do Bronze nº 3

O Egito nunca mais voltou a ser a potência internacional que havia sido na Idade do Bronze

As inscrições egípcias indicam, com segurança, que os Povos do Mar vinham de regiões periféricas dos grandes impérios da Idade do Bronze, e parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados. Atacavam, pilhavam e incendiavam cidades costeiras (…)

No caso do Egito, deu ruim para os Povos do Mar, conforme Ramsés III conta em seus monumentos. O esforço de guerra, porém, drenou tanto os recursos egípcios, além de arrancar outras regiões da esfera de influência dos faraós, que o reino do Nilo nunca mais voltou a ser a potência internacional que havia sido na Idade do Bronze.

E os egípcios até que saíram no lucro. As invasões “bárbaras” parecem ter sido, por exemplo, um fator importante para o completo desaparecimento do Império Hitita, que tinha unificado quase todo o território da atual Turquia sob seu comando nos séculos anteriores. No litoral dos atuais Síria, Líbano, Israel e Palestina, muitas cidades-estado antigas e poderosas viraram fumaça, entre as quais Ugarit, a grande senhora do comércio do Mediterrâneo Oriental na época.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: Escola Kids – UOL.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 6

Em pouco tempo, os oito mil índios powhatan foram reduzidos a menos de mil

Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.

Eram lentas, naquela época, as comunicações entre as tribos do Novo Mundo, e raramente as notícias das barbaridades dos europeus ultrapassavam a disseminação rápida de novas conquistas e colonizações. Porém, bem antes dos homens brancos que falavam inglês chegarem à Virginia em 1607, os powhatan haviam ouvido algo sobre as técnicas civilizatórias dos espanhóis. Os ingleses passaram a usar métodos mais sutis.

E para garantir a paz por tempo suficiente, enquanto estabeleciam uma colônia em Jamestown, colocaram uma coroa de ouro na cabeça de Wahunsonacook, chamaram-no rei Powhatan e o convenceram de que deveria  pôr seu povo a trabalhar, fornecendo comida para os colonizadores brancos. (…) Depois da morte de Wahunsonacook, os powhatan insurgiram-se para mandar os ingleses de volta ao mar de onde haviam vindo, mas os índios subestimaram o poder das armas inglesas. Em pouco tempo, os oito mil powhatan foram reduzidos a menos de mil.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 20 e 21; foto: InfoEscola.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 38

Os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica

Paralelamente às disputas pelo domínio da terra, os brancos submeteram os indígenas a um contínuo processo de desintegração social, cultural e biológica. A utilização do indígena como mão de obra, desarticulou rapidamente o sistema econômico tribal, com reflexos diretos em todos os demais aspectos da sociedade, enquanto entidade autônoma.

O mesmo ocorreu em decorrência da utilização sexual da mulher indígena. A contaminação do grupo com doenças até então desconhecidas, e para as quais os indivíduos não apresentavam qualquer resistência biológica, rebentou definitivamente com as possibilidades de o grupo continuar a viver independente. A submissão foi total.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, páginas 18 e 19; foto: Mongabay Brasil.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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Colapso nº 23 – O apocalipse da Idade do Bronze nº2

Os Povos do Mar parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados

As semelhanças entre a Idade do Bronze tardia e o século 21 não podem ser desprezadas. Ambos são mundos fortemente conectados pelo comércio internacional, pela difusão de tecnologias e por relações diplomáticas e de competição entre civilizações. (…)

A globalização da Idade do Bronze não se esfacelou num único ano cabalístico. O processo foi mais gradual. (…) 1177 a.C. corresponde ao oitavo ano do reinado do faraó Ramsés III, devidamente registrado em monumentos construídos por ordem dele próprio. Foi quando o soberano egípcio enfrentou e derrotou duas vezes uma aliança de misteriosos invasores que, ao que tudo indica, já havia tocado o terror em outras áreas do Oriente Próximo algum tempo antes. Esse grupo de agressores costuma ser chamado coletivamente de “Povos do Mar”. (…)

As inscrições egípcias indicam, com segurança, que os Povos do Mar vinham de regiões periféricas dos grandes impérios da Idade do Bronze, e parecem ter operado como uma mescla de piratas e refugiados armados. Atacavam, pilhavam e incendiavam cidades costeiras, mas também levavam consigo suas mulheres, filhos, carroças e animais domésticos, provavelmente com a intenção de se fixar nas terras onde desembarcavam.

Fonte: Super Interessante, edição 466, agosto de 2024, O apocalipse da Idade do Bronze, página 35; foto: Aventuras na História.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 24

A dramática história dos índios norte-americanos – nº 5

Dez anos após Colombo ter pisado na praia de São Salvador os espanhóis já haviam trucidado centenas de milhares de pessoas e destruído tribos inteiras 

 Como era costume do povo ao receber estrangeiros, os tainos da ilha de São Salvador [ilha de Guanahani, atual Bahamas] presentearam generosamente Colombo e seus homens com dádivas e os trataram com honra. (…) Colombo raptou dez de seus amistosos anfitriões tainos e levou-os à Espanha, onde eles poderiam ser apresentados para se adaptarem aos costumes do homem branco. Um deles morreu logo depois de chegar, mas não antes de ser batizado cristão. Os espanhóis gostaram tanto de possibilitar ao primeiro índio a entrada ao céu que se apressaram em espalhar a boa nova pelas Índias Ocidentais.

Os tainos e outros povos arawak não relutaram em se converter aos costumes religiosos europeus, mas resistiram fortemente quando hordas de estrangeiros barbudos começaram a explorar suas ilhas em busca de ouro e pedras preciosas. Os espanhóis saquearam e queimaram aldeias, raptaram centenas de homens e crianças e os mandaram à Europa para serem vendidos como escravos. Porém a resistência dos arawak deu origem a que os invasores fizessem uso de armas de fogo e sabres, trucidando centenas de milhares de pessoas e destruindo tribos inteiras, em menos de uma década após Colombo ter pisado na praia de São Salvador, a 12 de outubro de 1492.

Fonte: Dee Brown, Enterrem meu coração na curva do rio – A dramática história dos índios norte-americanos, 1970, Coleção L&PM Pocket, 2003; Capítulo I, páginas 19 e 20; foto: Humanidades.com.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet.


Série de GaiaNet nº 21

1501 – O Brasil depois de Cabral nº 37

A frente de expansão portuguesa estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas

No ano de 1728 abriu-se uma picada ligando o morro dos Conventos, ao sul de Santa Catarina, com os campos de Lages e Curitiba. Esse caminho passou a permitir que tropas, formadas com o gado arrebanhado no Rio Grande, fossem levadas diretamente às feiras de São Paulo. E em função desse comércio, altamente estimulado pelo auge da exploração das minas, surgiu a vila de Lages, em 1771. As fazendas de criação foram se instalando, determinando a busca de novas pastagens.

A disputa se faz ao índio. Em 1838, conquistaram-se os campos de Guarapuava. Em 1848, dominam-se os campos de Palmas. (…) A motivação econômica dessa frente de expansão estimulava a expulsão dos campos dos contingentes indígenas, substituindo-os por cabeças de gado. Nesse objetivo, os componentes da frente de expansão se valeram da experiência que a metrópole portuguesa acumulou durante o rápido período em que se expandiu, dominando e exterminando centenas de povos tribais da África, Ásia e América.

Fonte: Silvio Coelho dos Santos, Educação e sociedades tribais, Editora Movimento, 1975, Capítulo I – Grupos tribais sobreviventes no sul do Brasil, página 18; foto: Viktor Walwell.

Rui Iwersen, editor de GaiaNet. 

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