Músicas ecológicas
Nesta página apresento, com som, letra, imagem e informações sobre a música, o autor e o interprete, músicas consideradas ecológicas por GaiaNet, isto é, músicas com mensagens sobre o meio ambiente natural, social e cultural.
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Alô Alô Marciano
| Rita Lee – 1980 |
Nesta música Rita Lee envia uma mensagem a um possível extra terrestre e fala da Terra e da humanidade: “aqui quem fala é da Terra, pra variar estamos em guerra, você não imagina a loucura, o ser humano tá na maior fissura, porque…”
ALÔ ALÔ MARCIANO
Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
A crise tá virando zona
Cada um por si todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
A coisa tá ficando ruça
Muita patrulha, muita bagunça
O muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá pra atola, Alá
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Ui, gente fina é outra coisa, entende?
Down, down, down
High society
Down, down, down, down, down
High society
Hoje não se fazem mais countries como antigamente, não é?
High society, high society, high society, high society
Down, down, down
High society
Down, down, down, down down
High society
Ai que chique é o jazz, meu Deus
Down, down, down
High society
Down, down, down
Ah, Deus
Amazônia
| Roberto Carlos – 1989 |
Nesta música Roberto Carlos fala da “Amazônia, insônia do mundo”, descrevendo uma selva de enganos, uma selva ferida, uma incerteza no futuro devido a absurdos contra o destino da vida; tolices fatais.
AMAZÔNIA
Tanto amor perdido no mundo
Verdadeira selva de enganos
A visão cruel e deserta
De um futuro de poucos ano
sSangue verde derramado
O solo manchado
Feridas na selva
A lei do machado
Avalanches de desatinos
Numa ambição desmedida
Absurdos contra os destinos
De tantas fontes de vida
Quanta falta de juízo
Tolices fatais
Quem desmata, mata
Não sabe o que faz
Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar
Arde nos olhos
De quem pode ver
Terríveis sinais
De alerta
Desperta
Pra selva viver
Amazônia, insônia do mundo
Amazônia, insônia do mundo
Todos os gigantes tombados
Deram suas folhas ao vento
Folhas são bilhetes deixados
Aos homens do nosso tempo
Quantos anjos queridos
Guerreiros de fato
De morte feridos
Caídos no mato
Como dormir e sonhar
Quando a fumaça no ar
Arde nos olhos
De quem pode ver
Terríveis sinais
De alerta
Desperta
Pra selva viver
Amazônia, insônia do mundo
Amazônia, insônia do mundo
A Novidade
| Bi Ribeiro – Gilberto Gil – Herbert Vianna – Joao Barone – 2012 |
Nesta música os autores descrevem um “mundo tão desigual, de um lado este carnaval, do outro a fome total”.
A NOVIDADE
A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de sereia
Metade, o busto de uma deusa maia
Metade, um grande rabo de baleia
A novidade era o máximo
Do paradoxo estendido na areia
Alguns a desejar seus beijos de deusa
Outros a desejar seu rabo pra ceia
Ó, mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Uo-o-o-o-o-o
Ó, de um lado este carnaval
Do outro a fome total
Uo-o-o-o-o-o
E a novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia, ali na areia
A novidade era a guerra
Entre o feliz poeta e o esfomeado
Estraçalhando uma sereia bonita
Despedaçando o sonho pra cada lado
Ó, mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Uo-o-o-o-o-o
Ó, de um lado esse carnaval
Do outro a fome total
Uo-o-o-o-o-o
As baleias
| Roberto Carlos & Erasmo Carlos, 1981 |
Os autores se dirigem aos caçadores de baleias, falam da falta que elas farão aos seus netos, espantam-se com a indiferença ao ver o animal se debater no mar, e mostram esperança que o Homem pare essa matança.
AS BALEIAS
Não é possível que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar se debater o sofrimento
E até sentir-se um vencedor neste momento
Não é possível que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que você deixou manchadas
Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão
O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão
Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro
Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor
Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão
O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e à fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão
Não é possível que você suporte a barra
Balada do Louco
| Arnaldo Batista e Rita Lee, 1972 |
Nesta música dizem os autores, dois componentes da extinta banda Os Mutantes, “se eu sou muito louco por eu ser feliz, mais louco é quem me diz e não é feliz”.
BALADA DO LOUCO
Dizem que sou louco
Por pensar assim
Se sou muito louco
Por eu ser feliz
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Se eles são bonitos
Sou Alain Delon
Se eles são famosos
Sou Napoleão
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar
Que Deus sou eu
Se eles têm três carros
Eu posso voar
Se eles rezam muito
Eu já estou no céu
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus sou eu
Sim, sou muito louco
Não vou me curar
Já não sou o único
Que encontrou a paz
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz
Bié bié Brazil
| Luiz Gonzaga Jr (Gonzaguinha) – 1980 |
Gonzaguinha diz nesta música: “Salve a maravilha eletrônica que já resolveu a fome crônica; mares de antenas de TV pelo país tornam nosso índio mais alegre mais feliz”.
BIÉ BIÉ BRASIL
Bye bye Brasil, adeus
Tanto faz se eu cantar em português ou inglês
Pois se mudou foi Deus, foi Deus
Salve a maravilha eletrônica
Que já resolveu a fome crônica
Mares de antenas de TV pelo país
Tornam nosso índio mais alegre e mais feliz
E ninguém segura esse milagre
Até Frank Sinatra veio à festa
Pois esse é um país que foi pra frente meu bem
E se ele foi, foi Deus, foi Deus
Pois esse é um país que foi pra frente meu bem
E se ele foi, foi Deus, foi Deus
Brasis
| Seu Jorge – 2007 |
Seu Jorge descreve o Brasil, os brasileiros, suas lutas, suas tramoias e seus crimes: “Tem um Brasil que é próspero, outro não muda; um Brasil que investe, outro que suga”.
BRASIS
Tem um Brasil que é próspero
Outro não muda
Um Brasil que investe
Outro que suga…
Um de sunga
Outro de gravata
Tem um que faz amor
E tem o outro que mata
Brasil do ouro
Brasil da prata
Brasil do balacochê
Da mulata…
Tem um Brasil que é lindo
Outro que fede
O Brasil que dá
É igualzinho ao que pede…
Pede paz, saúde
Trabalho e dinheiro
Pede pelas crianças
Do país inteiro
Lararará!…
Tem um Brasil que soca
Outro que apanha
Um Brasil que saca
Outro que chuta
Perde, ganha
Sobe, desce
Vai à luta bate bola
Porém não vai à escola…
Brasil de cobre
Brasil de lata
É negro, é branco, é nissei
É verde, é índio peladão
É mameluco, é cafuso
É confusão
É negro, é branco, é nissei
É verde, é índio peladão
É mameluco, é cafuso
É confusão…
Oh pindorama eu quero
Seu porto seguro
Suas palmeiras
Suas feiras, seu café
Suas riquezas
Praias, cachoeiras
Quero ver o seu povo
De cabeça em pé…(2x)
(Repetir a letra)
Quero ver o seu povo
De cabeça em pé…(final 2x)
Cálice (cale-se)
| Chico Buarque – 1978 |
Durante a ditadura militar Chico Buarque compôs músicas de protesto com letras pouco claras e com metáforas. Nesta música cálice significa cale-se e ele pede: “Pai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue; como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano”.
CÁLICE
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Canção do Novo Mundo
Nesta canção os autores dizem que “as canções em nossa memória vão ficar, a luz das pessoas me faz crer, eu sinto que vamos juntos; nem o tempo nem a força bruta pode um sonho apagar”.
CANÇÃO DO NOVO MUNDO
Quem sonhou
Só vale se já sonhou demais
Vertente de muitas gerações
Gravado em nosso corações
Um nome se escreve fundo
As canções em nossa memória
Vão ficar
Profundas raízes vão crescer
A luz das pessoas
Me faz crer
E eu sinto que vamos juntos
Oh! Nem o tempo amigo
Nem a força bruta
Pode um sonho apagar
Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo
Quem souber dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo
Oh! Minha estrela amiga
Porque você não fez a bala parar
Oh! Nem o tempo amigo
Nem a força bruta
Pode um sonho apagar
Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo
Chega de Mágoa
| Gilberto Gil – Criação Coletiva – 1985 |
A letra da música, interpretada por vários artistas brasileiros, chama a atenção para o povo nordestino que sofre com o clima: “Terra, olha essa terra, raça valente, gente sofrida.”
Chega de Mágoa
Nós não vamos nos dispersar
Juntos, é tão bom saber
Que passado o tormento
Será nosso esse chão
Água, dona da vida
Ouve essa prece tão comovida
Chega, brinca na fonte
Desce do monte, vem como amiga
Te quero água de beber
Um copo d’água
Marola mansa da maré
Mulher amada
Te quero orvalho toda manhã
Terra, olha essa terra
Raça valente, gente sofrida
Chama, tem que ter feira
Tem que ter pressa, vamos pra vida
Te quero terra pra plantar, ah
Te quero verde
Te quero casa pra morar, ah
Te quero rede
Depois da chuva o Sol da manhã
Chega de mágoa
Chega de tanto penar
Canto e o nosso canto
Joga no tempo uma semente
Gente, olha essa gente
Olha essa gente, olha essa gente
Te quero água de beber
Um copo d’água
Marola mansa da maré
Mulher amada
Te quero terra pra plantar
Te quero verde, hum
Te quero casa pra morar
Te quero rede
Depois da chuva o Sol da manhã
Canto (eu canto) e o nosso canto (canto)
Joga no tempo (joga no tempo) uma semente (ye ye ye ye
ye)
Gente (quero te ver crescer bonita)
Olha essa gente (quero te ver crescer feliz)
Olha essa gente (olha essa terra, olha essa gente)
Olha essa gente (Gente pra ser feliz, feliz)
Te quero água de beber (me dê um copo)
Um copo d’água
Marola mansa da maré (ye ye ye ye ye)
Mulher amada (mulher amada)
Te quero terra pra plantar (plantar)
Te quero verde (te quer verde)
Te quero casa pra morar
Te quero rede
Depois da chuva o Sol da manhã
Chega de mágoa
Chega de tanto penar
Chega de mágoa
Chega de tanto penar
Ah!
Coração de Estudante
| Milton Nascimento & Wagner Tiso – 1983 |
Esta música, que foi um hino na luta pelas Eleições Diretas (o fim da ditadura militar) em 1984, diz que “há que se cuidar da vida, há que se cuidar do mundo, tomar conta da amizade”.
CORAÇÃO DE ESTUDANTE
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração
Juventude e fé
De Toda Cor
| Renato Luciano – 2017 |
Nesta bela música o autor fala das cores e diversidades dos pássaros e dos seres humanos.
DE TODA COR
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita como eu sou
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita como eu sou
Eu sou amarelo claro
Sou meio errado
Pra lidar com amor
No mundo tem tantas cores
Sao tantos sabores
Me aceita como eu sou
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita como eu sou
Eu sou ciumento, quente, friorento
Mudo de opinião
Você é a rosa certa
Bonita e esperta
Segura na minha mão
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita como eu sou
Que o mundo é sortido
Toda vida soube
Quantas vezes
Quantos versos de mim em minha alma houve
Árvore, tronco, maré, tufão, capim, madrugada, aurora, sol a pino e poente
Tudo carrega seus tons, seu carmim
O vício, o hábito, o monge
O que dentro de nós se esconde
O amor
O amor
A gente é que é pequeno
E a estrelinha é que é grande
Só que ela tá bem longe
Sei quase nada meu Senhor
Só que sou pétala, espinho, flor
Só que sou fogo, cheiro, tato, plateia e ator
Água, terra, calmaria e fervor
Sou homem, mulher
Igual e diferente de fato
Sou mamífero, sortudo, sortido, mutante, colorido, surpreendente, medroso e estupefato
Sou ser humano, sou inexato
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita com eu sou
Eu sou amarelo claro
Sou meio errado pra lhe dar com amor
No mundo tem tantas cores
São tantos sabores
Me aceita como eu sou
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita como eu sou
Eu sou ciumento, quente, friorento, mudo de opinião
Você é a rosa certa, bonita e esperta
Segura na minha mão
Passarinho de toda cor
Gente de toda cor
Amarelo, rosa e azul
Me aceita como eu sou
Eternas Ondas
| Zé Ramalho – 1982 |
O autor descreve uma ventania que produz ondas, devasta matagais, devora árvores e arrasta multidões.
ETERNAS ONDAS
Quanto tempo temos antes de voltarem aquelas ondas
Que vieram como gotas em silêncio tão furioso;
Derrubando homens entre outros animais,
Devastando a sede desses matagais; (bis)
Devorando árvores, pensamentos seguindo
A linha do que foi escrito pelo mesmo lábio tão furioso.
E se teu amigo vento não te procurar
É porque multidões ele foi arrastar. (bis)
Fora da Ordem
| Caetano Veloso – 2012 |
Nesta música denuncia Caetano diz: Aqui tudo parece Que era ainda construção E já é ruína Tudo é menino, menina No olho da rua; Alguma coisa está fora da ordem
FORA DA ORDEM
Vapor barato
Um mero serviçal
Do narcotráfico
Foi encontrado na ruína
De uma escola em construção
Aqui tudo parece
Que era ainda construção
E já é ruína
Tudo é menino, menina
No olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto
Ganindo pra lua
Nada continua
E o cano da pistola
Que as crianças mordem
Reflete todas as cores
Da paisagem da cidade
Que é muito mais bonita
E muito mais intensa
Do que no cartão postal
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Escuras coxas duras
Tuas duas de acrobata mulata
Tua batata da perna moderna
A trupe intrépida em que fluis
Te encontro em Sampa
De onde mal se vê
Quem sobe ou desce a rampa
Alguma coisa em nossa transa
É quase luz forte demais
Parece pôr tudo à prova
Parece fogo, parece
Parece paz, parece paz
Pletora de alegria
Um show de Jorge Benjor
Dentro de nós
É muito, é grande
É total
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Meu canto esconde-se
Como um bando de Ianomâmis
Na floresta
Na minha testa caem
Vem colocar-se plumas
De um velho cocar
Estou de pé em cima
Do monte de imundo
Lixo baiano
Cuspo chicletes do ódio
No esgoto exposto do Leblon
Mas retribuo a piscadela
Do garoto de frete
Do Trianon
Eu sei o que é bom
Eu não espero pelo dia
Em que todos
Os homens concordem
Apenas sei de diversas
Harmonias bonitas
Possíveis sem juízo final
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa (It’s something)
Está fora da ordem (Out of order)
Out of new order
It’s something
Is going out of order
Out of new order
It’s something
Is going out of order
Out of new order
It’s something
Is going out of order
Fora da nova ordem
Mundial
It’s something
Is going out of order
Fuera de nueva ordem mundial
Algo parece
Estar fuera del ordem
Out of new order
Algo parece
Estar fuera del ordem
Out of new order
Alguma coisa
Está fora da ordem
Out of new order
Algo parece
Estar fuera del ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial
Alguma coisa
Está fora da ordem
新世界秩序
It’s something
Is going out of order
新世界秩序
It’s something
Is going out of order
新世界秩序
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial…
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial…
Alguma coisa
Está fora da ordem
Out of da velha ordem
Mundial…
Alguma coisa
Está fora da ordem
Out of da velha ordem
Mundial…
It’s something
Is going out of order
Out of da velha ordem
Mundial…
It’s something
Is going out of order
Out of new order
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da nova ordem
Mundial…
Alguma coisa
Está fora da ordem
新世界秩序
Out of da velha ordem mundial
Homo sapiens
| Milton Nascimento & Paulo Ricardo – 1987 |
Nesta música os autores nos perguntam: “Que faz você ver só lixo na vida, que faz alguém chorar? Que clima é esse? Chove mas queima, que quase deixa sem ar?
Só lixo na vida
Que faz alguém chorar?
Que clima é esse
Chove, mas queima
Que quase me deixa sem ar
Que te pintaram no coração
Porque procuras ser um bicho em extinção
Não quero o rumo das previsões
Quero futuro, como as dimensões do sonho
Olha esse povo
E sente a criança
Não há lugar pra a dor
Somos da aurora
Não tão distante
Chamada ato de amor
Que vale o hoje
Se atrai o fim
Não pra meu filho
O que não pedi pra mim
Honra de homem, enquanto há luz
Ou tudo cai
No mais escuro dos silêncios
Cai toda a história
Some o pensamento
Dar adeus à raça
Pra que agir assim
Cai toda a história
Some o pensamento
Dar adeus à raça
Pra que agir assim
Que vale o hoje
Se atrai o fim
Não pra meu filho
O que não pedi pra mim
Não quero o rumo das previsões
Ou tudo cai
No mais escuro dos silêncios
Silêncio
Imagine
| John Lennon & Yoko Ono – 1971|
Nesta música os autores nos dizem para imaginar um mundo de paz. Dizem eles:
“Imagine não existir países/ Não é difícil/ Nada pelo que matar ou morrer/ E nenhuma religião também/ Imagine todas as pessoas/ Vivendo a vida em paz.”
IMAGINE
Imagine there’s no heaven
It’s easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today
Imagine there’s no countries
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope some day you’ll join us
And the world will be as one
Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world
You may say I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope some day you’ll join us
And the world will live as one
O dia em que a terra parou
| Raul Seixas – 1977 |
Nesta música de 1977 Raul Seixas nos diz: “maluco que sou eu sonhei com o dia em que a Terra parou, como se fosse combinado em todo o planeta, e acordei no dia em que a Terra parou”, como em 2020, na pandemia do coronavírus. Bem vindo Raul.
O DIA EM QUE A TERRA PAROU
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
Com o dia em que a Terra parou. Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
O planeta
Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém. O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão também não tava lá
E o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar. No dia em que a Terra parou (êêê)
No dia em que a Terra parou (ôôô)
No dia em que a Terra parou (ôôô)
No dia em que a Terra parou
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar
No dia em que a Terra parou (ôôô)
No dia em que a Terra parou (ôôô)
No dia em que a Terra parou (uuu)
No dia em que a Terra parou
O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar
No dia em que a Terra parou (oh, yeah)
No dia em que a Terra parou (foi tudo)
No dia em que a Terra parou (ôôô)
No dia em que a Terra parou
Essa noite, eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei
No dia em que a Terra parou (oh, yeah)
No dia em que a Terra parou (ôôô)
No dia em que a Terra parou (eu acordei)
No dia em que a Terra parou (acordei)
No dia em que a Terra parou (justamente)
No dia em que a Terra parou (eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (êêê)
No dia em que a Terra parou (no dia em que a terra parou)
O Estrangeiro
| Caetano Veloso – 1989 |
Nesta complexa música Caetano Veloso descreve as belezas e as feiuras da Baia de Guanabara, da natureza, da sociedade, da vida.
O ESTRANGEIRO
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara
Pareceu-lhe uma boca banguela
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem
Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro
Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante de areia branca e de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açúcar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açúcar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora
Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(Pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)
E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num sinclavier
É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do Espírito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos)
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela
É um desmascaro
Singelo grito
O rei está nu
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nu
E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo
(Some may like a soft brazilian singer
But I’ve given up all attempts at perfection)
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| Gonzaguinha – 1973 |
Nesta música Gonzaguinha conta a história de um rapaz educado, comportado, trabalhador, mas que matou a mulher e as crianças e se suicidou.
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Até que ele era um rapaz muito bem educado
Até que ele tinha um bom coração
Até que ele era um rapaz muito bem comportado
Até que ele era um poço de boa intenção
Não creio que ele fosse complexado
Meio calado, talvez esquisito, mas batalhador
Eu creio que ele era muito inteligente
Eficiente, honesto, honrado e trabalhador
Por mais de dez anos foi meu excelente vizinho
Subia comigo às vezes no elevador
Por certo sabia direito do seu cantinho
Do escuro, tranquilo, com jeito de sonhador
Até que hoje à noite pegando e relendo o jornal
A foto no canto da esquerda me despertou
Matou a mulher e as crianças a golpes de pau
Sem um bilhete, sem explicações, se suicidou
Se bem que a patroa falava “esse cara não presta”
“Tem cara de ser mal marido, de não ter valor”
Se bem que a patroa falava “esse cara não presta”
“Tem cara de anjo, mas nunca que ele me enganou”
Até que ele era um rapaz muito bem comportado
Mas, não, eu nem sei o seu nome, ele nunca falou
Um preto sereno com jeito de sonhador
Mas, não, eu nem sei o seu nome, ele nunca falou
Palavras
| Gonzaguinha – 1973 |
Nesta música Gonzaguinha diz que podemos cantar tristes ou contentes, em tempo bom e em tempo ruim, como é a vida.
PALAVRAS
Palavras, palavras, palavras
Eu já não aguento mais
Palavras, palavras, palavras
Você só fala, promete e nada faz
Palavras, palavras, palavras
Desde quando sorrir é ser feliz?
Cantar nunca foi só de alegria
Com tempo ruim
Todo mundo também dá bom dia!
Cantar nunca foi só de alegria
Com tempo ruim
todo mundo também dá bom dia!
Passaredo
| Chico Buarque de Holanda – 2005 |
Nesta música o autor alerta os pássaros a tomar cuidado como bicho homem: “bico calado, muito cuidado, que o Homem vem aí”.
PASSAREDO
Ei, pintassilgo
Oi, pintarroxo
Melro, uirapuru
Ai, chega-e-vira
Engole-vento
Saíra, inhambu
Foge asa-branca
Vai, patativa
Tordo, tuju, tuim
Xô, tié-sangue
Xô, tié-fogo
Xô, rouxinol sem fim
Some, coleiro
Anda, trigueiro
Te esconde colibri
Voa, macuco
Voa, viúva
Utiarití
Bico calado
Toma cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí
Ei, quero-quero
Oi, tico-tico
Anum, pardal, chupim
Xô, cotovia
Xô, ave-fria
Xô, pescador-martim
Some, rolinha
Anda, andorinha
Te esconde, bem-te-vi
Voa, bicudo
Voa, sanhaço
Vai, juriti
Bico calado
Muito cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí
Pequena memória para
um tempo sem memória
| Gonzaguinha – 1981 |
Segundo o autor “são tantas lutas inglórias, são histórias que a História qualquer dia contará; memória de um tempo em que lutar por seu direito é um defeito que mata”.
Pequena Memória Para
Um Tempo Sem Memória
A gente nunca torna ao belo olhar
se abraça e fala da vida que foi por ai
e conta os amigos nas pontas dos dedos
pra ver quantos vivem e quem já morreu
amanhã ou depois
Ê ê ê eu
Quem me dirá onde está
Aquele moço fulano de tal
filho, marido, irmão, namorado
que não voltou mais
insiste um anuncio nos nossos jornais
achados perdidos morridos
saudades demais
mas eu pergunto a resposta
ninguém sabe ninguém nunca viu
só sei quão sumido ele foi
sei é que ele sumiu
e quem souber algo acerca do seu paradeiro, beco
das liberdades estreita e esquecida
uma pequena marginal
dessa imensa avenida Brasil
Memória de um tempo onde lutar
Por seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Júlios de Santana
Uma crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens por debaixo das manchetes
São braços esquecidos que fizeram os herois
São forças, são suores que levantam as vedetes
Do teatro de revistas, que é o país de todos nós
São vozes que negaram liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam nosso fogo da esperança
O grito da batalha
Quem espera nunca alcança
Ê ê, quando o Sol nascer
É que eu quero ver quem se lembrará
Ê ê, quando amanhecer
É que eu quero ver quem recordará
Ê ê, não quero esquecer
Essa legião que se entregou por um novo dia
Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta.
Planeta Água
| Guilherme Arantes – 1981 |
Nesta bela música, Guilherme Arantes fala da beleza e da importância da água para o Planeta e para a vida na Terra.
Planeta Água
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem tranquilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos
Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d’água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Plataforma
| João Bosco & Aldir Blanc – 1977 |
Este samba é um hino à luta contra a ditadura militar brasileira (1964 – 1985) com um bloco que não se conforma e derruba as amarras
PLATAFORMA
Não põe corda no meu bloco
Nem vem com teu carro-chefe
Não dá ordem ao pessoal
Não traz lema nem divisa
Que a gente não precisa
Que organizem nosso carnaval
Não sou candidato a nada
Meu negócio é madrugada
Mas meu coração não se conforma
O meu peito é do contra
E por isso mete bronca
Neste samba plataforma
Por um bloco
Que derrube esse coreto
Por passistas à vontade
Que não dancem o minueto
Por um bloco
Sem bandeira ou fingimento
Que balance e abagunce
O desfile e o julgamento
Por um bloco que aumente
O movimento
Que sacuda e arrebente
Pra Não Dizer que Não Falei das Flores
Caminhando
| Geraldo Vandré – 1968 |
Típica “música de protesto” contra a Ditadura Militar dos anos 1960, gravada ao vivo durante o “3º Festival Internacional da Canção” em 1968. A censura militar proibiu seu lançamento até 1979.
Pra não dizer que não falei das flores
Somos todos iguais, braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Sangrando
| Gonzaguinha – 1987 |
Palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando, sangrando e cantando as lutas dessa nossa vida.
SANGRANDO
Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca
Peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo aquilo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda a raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar
Solar
| Milton Nascimento & Fernando Brant – 1987 |
“Sou filho da terra do sol hoje escuro. O meu futuro é luz e calor, de um novo mundo eu sou, e o mundo novo será mais claro. Tudo está por pensar, tudo está por criar”.
SOLAR
Venho do sol
A vida inteira no sol
Sou filha da terra do sol
Hoje escuro
O meu futuro é luz e calor
De um novo mundo eu sou
E o mundo novo será mais claro
Mas é no velho que eu procuro
O jeito mais sábio de usar
A força que o sol me dá
Canto o que eu quero viver
É o sol
Somos crianças ao sol
A aprender e viver e sonhar
E o sonho é belo
Pois tudo ainda faremos
Nada está no lugar?
Tudo está por pensar
Tudo está por criar
Saí de casa para ver outro mundo, conheci
Fiz mil amigos na cidade de lá
Amigo é o melhor lugar
Mas me lembrei do nosso inverno azul
Eu quero é viver o sol
É triste ter pouco sol
É triste não ter o azul todo o dia
A nos alegrar
Nossa energia solar
Irá nos iluminar
O caminho
Verde
| Fagner, Garcia Lorca & José Ortega Heredia – 1981 |
“Verde que te quiero verde; verde viento, verdes ramas. El barco sobre la mar, el caballo en la montaña. Verde, que yo quiero verde”.
VERDE
Verde que te quiero verde
Verde viento verdes ramas
El barco sobre la mar
El caballo en la montaña
Verde, que yo te quiero ver (te camelo verde)
Com a sombra na cintura
Ela sonha na varanda
Verdes olhos negro pelo
Seu corpo de fria prata
Verde, que eu te quero verde, sim
Ah, que te quero verde
Compadre quiero cambiar
Mi caballo por tu casa
Mi montura por tu espejo
Mi cutilo por tu manta
Verde, que yo te quiero verde
Compadre vengo sangrando
Desde los puertos de cabra
Y se yo fuera mocito
Ese trato lo cerraba
Verde, que yo te quiero verde, verde …
Compadre donde está dime
Donde está esa niña amarga
Cuantas veces yo lo espere
Cuantas veces yo lo esperaba
Verde, que te quiero verde …
Verde que te quiero verde …
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