Aquecimento global
A Vingança de Gaia nº 5
Mudanças observáveis e mudanças previsíveis do planeta
As mudanças passíveis de ocorrer serão, à sua maneira diferente, tão grandes quanto ou ainda maiores do que aquela [do fim da última era glacial]. É verdade que o mar não pode subir mais que outros oitenta metros, a quantidade de água extra que seria liberada se o gelo da Groenlândia e Antártida derretesse.
Mas as tórridas condições do mundo reduziriam a produtividade da terra e mar restantes, e a perda de vegetação retardaria o grau de remoção de dióxido de carbono [CO2], sustentando assim a era mais quente por 100 mil anos ou mais.
As maiores mudanças observáveis até agora ocorrem no Ártico, como previsto no primeiro relatório do IPCC em 1990.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, cap. 4 – Previsões para o Século XXI, 2006, Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006, página 60; foto: Águas do Algarve
Rui Iwersen, médico planetário
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Em Defesa da Ciência nº 26
A história do clima e a composição da atmosfera da Terra
Existe agora uma grande variedade de atividades de monitoramento globais. As temperaturas do ar e do mar são medidas continuamente, bem como os gases da atmosfera, a cobertura de nuvens, o gelo flutuante e as geleiras, e a saúde dos ecossistemas no oceano e em terra. (…) Outra fonte importante de informações sobre a causa da mudança climática é o registro geológico a longo prazo. Aprendemos muito sobre a história do clima e a composição da atmosfera da Terra analisando gelo extraído das profundezas das geleiras da Groenlândia e Antártida.
Ao cair sobre as geleiras, a neve carrega ar nos espaços entre os cristais. Cada nova queda de neve soterra a predecessora, de modo que o ar fica preso em pequenas bolhas lacradas compostas de gelo, formando um registro contínuo que retrocede à neve caída há 1 milhão de anos. As bolhas presas no gelo de núcleos perfurados nas geleiras fornecem amostras de atmosferas passadas, e sua análise revela a composição dessas atmosferas passadas.
Esse vasto banco de dados oferece agora um registro não apenas dos gases principais, oxigênio e nitrogênio, mas também de gases residuais, dióxido de carbono e metano. (…) Nesse grande depósito de informações, encontramos indícios que reforçam nossa afirmação de que temperatura e quantidade de dióxido de carbono [CO2] estão estreitamente relacionadas.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, capítulo 4 – Previsões para o Século XXI, páginas 63 e 64; foto: Internacional – Estadão
Rui Iwersen, médico planetário
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Desmatamento, mudanças ambientais e mudanças climáticas
A nuvem de poeira vista ontem nas cidades de Franca e Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, pode retornar quando as chuvas de primavera acabarem, segundo análise de Pedro Cortês, professor do IEE/USP (Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo). O professor explicou que a nuvem que assustou moradores da região se formou pela combinação de “solo muito ressecado, sem umidade que retenha essa poeira na superfície e, quando vem a chuva, o vento tem poder de levantar essa poeira, porque tem circulação vertical intensa”, disse ao UOL News. (…)
“É difícil prever que isso vá acontecer em determinado dia, mas é possível caracterizar possibilidade caso persista a seca e tenhamos avanço de frente fria”, afirmou. Além disso, o professor ressaltou que os prognósticos climáticos não estão favoráveis para reverter o quadro de seca severa no estado. (…)
Ontem, enquanto a nuvem passava pelas cidades de São Paulo, internautas começaram a especular que o fenômeno estava sendo causado pelas mudanças climáticas, o que foi confirmado por Cortês. “Infelizmente há tendência de enfrentar outra seca extrema no futuro, essa é a terceira estiagem grave em São Paulo só nesse século, ou seja, em 20 anos”, falou o professor. (…)
O professor também chamou atenção para o risco de saúde de inalar partículas presentes naquela nuvem, que podem conter outros contaminantes, como restos das queimadas que ocorrem pelo estado. “Esse material fino tem acesso às vias mais profundas do sistema respiratório”, alertou.
Fonte: UOL News; matéria enviada pelo colaborador de GaiaNet Jorge F. Schneider de Florianópolis; foto: Frisson Online
Síntese e título: Rui Iwersen
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Alerta à Humanidade nº 48
Mudanças climáticas: chuvas torrenciais na Europa e China; secas e incêndios nas Américas do Sul e do Norte
Imensa quantidade de água tem causado inundações gigantescas, alagado cidades e derrubado casas em países da Europa Central. É o maior número de mortos na Alemanha desde 1962. (…) As inundações no rio Elba, que em 2002 foram anunciadas como “inundações que acontecem uma vez por século”, mataram centenas de pessoas no leste da Alemanha e em toda a Europa. As chuvas deste ano têm afetado também a Bélgica, e Holanda, França e Luxemburgo em menor intensidade. (1)
Na China, 12 pessoas morreram em uma linha de metrô que foi inundada em Zhengzhou, que registrou as chuvas mais fortes em mil anos, segundo autoridades meteorológicas. (2)
A onda de calor na América do Norte apareceu em junho de 2021 devido a uma crista excepcionalmente forte centrada sobre a área, cuja força foi um efeito das mudanças climáticas. (…) A onda de calor provocou inúmeros e extensos incêndios florestais atingindo centenas de quilômetros quadrados de área, que levaram a uma grande perturbação em diversas estradas. Um deles destruiu em grande parte a vila de Lytton, Columbia Britânica, local onde foi estabelecido o recorde de temperatura na história do Canadá. (…) (3)
O centro e o sul do Brasil enfrentam no momento a pior seca em quase um século, e imagens recentemente capturadas por satélite da NASA na região do Lago das Brisas, no rio Parnaíba, em Minas Gerais, ilustram a gravidade de tal quadro. (…) Dos 14 reservatórios próximos monitorados pela agência americana, 7 apresentaram os níveis mais baixos medidos desde 1999 na região, e nas proximidades da fronteira do Brasil com o Paraguai o Rio Paraná apresenta níveis em 8,5 metros abaixo da média (…) (4)
Artigo publicado na Nature por pesquisadores brasileiros revela que o leste do bioma amazônico já emite mais carbono do que remove da atmosfera, graças ao desmatamento e mudanças climáticas. A Amazônia desempenha um papel crucial para o planeta, absorvendo e concentrando carbono que poderia estar na atmosfera. Mas essa capacidade está sendo reduzida, em decorrência do desmatamento descontrolado e das mudanças climáticas, sobretudo no leste da Amazônia. O bioma está se transformando em emissor de carbono, em vez de um sumidouro. Pesquisadores brasileiros constataram que a intensificação da estação seca e o crescente desmatamento promovem um distúrbio no ecossistema, a ponto de aumentar a incidência de queimadas e das emissões de gases de efeito estufa. (…) (5)
Fontes: (1) e (2) G1; (3) Wikipédia; (4) Hypeness; (5) National Geographic. foto: MetSul Meteorologia
Rui Iwersen, médico planetário
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A alimentação vegana pela preservação do meio ambiente
Uma pesquisa com 6 mil pessoas na Inglaterra e conduzida pela Vegan Society mostrou que 32% dos entrevistados acreditam que o governo britânico deveria promover dietas veganas e à base de plantas para lidar com a atual emergência climática.
Esse levantamento indica que muitos britânicos estão dispostos a apoiar planos e políticas que incentivam a redução do consumo de produtos de origem animal pela preservação do meio ambiente.
Revista dos vegetarianos, ano 15, nº 173, abril/maio de 2021, Notas verdes, A favor da alimentação vegana, página 12; foto: Gazeta do Povo
Rui Iwersen, médico planetário
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Em Defesa da Ciência nº 24
O pai do Greenpeace
[Humboldt] O popstar viajante do século 19 escalou vulcões, foi ídolo de Darwin, fundou a ecologia e anteviu o aquecimento global. (…) Conheça o barão workaholic que explicou a natureza aos europeus.
(…) Hamboldt desembarcou aqui em 1799. Ficou deslumbrado com a natureza sul-americana. E preocupado também. No litoral da Venezuela percebeu que o desflorestamento para abrir espaço para a agricultura, acompanhado de drenagem dos córregos para irrigação, fazia o nível da água do lago Valência cair ano após ano.
Nos Llanos, uma savana similar ao cerrado brasileiro, Humboldt perccebeu que palmeiras chamadas buritis são uma espécie-chave para o ecossistema: os frutos comestíveis atraem pássaros, a terra úmida nos troncos protege insetos e minhocas da aridez. Se elas fossem cortadas, tudo entraria em colapso.
Para um europeu do século 18, essas eram ideias radicais. Os contemporâneos de Humboldt pensavam que cortar árvores era essencial para que o ar se tornasse mais fresco e circulasse melhor. Alexis de Tocqueville disse que a ideia de um homem com um machado tornava bela a paisagem do EUA.
O conde de Buffon descrevia florestas como ambientes decrépitos e úmidos, que precisavam ser subjugados por jardins, hortas e pasto. (…)
Humboldt – ilustre desconhecido, Super Interessante, edição 422, dezembro de 2020, páginas 54 e 57; foto: Revista Pesquisa Fapesp
Rui Iwersen
Em Defesa da Ciência nº 23
A descrença no aumento das temperaturas
Pesquisa do Datafolha mostrou que 15% dos brasileiros não acham que a temperatura do planeta está aumentando. Entre os entrevistados, 28% disseram não acreditar que a ação humana tem a ver com o aquecimento global.
O instituto testou a questão com os que aprovam o governo de Jair Bolsonaro, cujo filho Carlos Bolsonaro recentemente duvidou do aquecimento global, questionando a sua existência em um dia de baixíssima temperatura.
Clima, Revista IstoÉ, ano 42, nº 2588, 07/08/2019, página 25; foto: O Globo
Queimadas no Pantanal têm pior cenário em 22 anos, diz Inpe
Dados do Inpe mostram que, desde janeiro deste ano, bioma teve maior área queimada e maior quantidade de focos de incêndio.
(…) O cenário é grave, tendo em vista que em 16 de julho o governo federal publicou um decreto que proíbe queimadas no Pantanal e na Amazônia por 120 dias. A ação foi uma tentativa de resposta da União a empresários e investidores do Brasil e do exterior que passaram a cobrar de forma mais enfática uma ação por parte do governo para frear o desmatamento e as queimadas no país, em especial na Amazônia Legal (que engloba nove estados).
Especialistas apontam que a redução do volume de chuvas colaborou com o cenário: sem a cheia tradicional do começo do ano no Pantanal, a vegetação ficou bem mais seca, favorecendo as queimadas. Coordenador técnico do MapBiomas, que trabalha em parceria com a ONG SOS Pantanal, Marcos Rosa pondera que existem ciclos climáticos naturais com secas ou chuvas maiores. “A maior preocupação é que a seca que ocorreu neste ano seja o começo de um novo padrão”, diz. (…)
Para evitar novas queimadas de grandes proporções, há ações em três níveis que podem ser adotadas, segundo ele. A primeira é manter o uso tradicional da pastagem natural. “Ação que conserva tanto a vegetação, quanto a cultura do pantaneiro”, pontua Rosa. A segunda é a preservação das matas dos rios que desaguam no Pantanal. Elas funcionam como um filtro dos sedimentos. Sem elas, os rios do bioma ficam mais rasos, inundando áreas que antes ficavam secas. A terceira é a preservação da Amazônia, pois regula o regime hídrico — incluindo de chuvas — de todo o caminho até o Sudeste. (…)
Fonte: O Estado de Minas Nacional; foto: Campo Grande News
Pesquisadores ligam as queimadas no Pantanal ao desmatamento da Amazônia
É da Floresta Amazônica que vem a maior parte da umidade que alimenta o Pantanal, explicam pesquisadores.
Em Mato Grosso do Sul, pesquisadores identificam o desmatamento na Amazônia como um dos principais fatores nos incêndios no Pantanal.
O helicóptero da Marinha lança mais água sobre as chamas. O incêndio está longe de acabar. Em terra, as equipes reviram o solo para evitar o ressurgimento de focos. O horizonte esfumaçado e o Rio Paraguai com o nível de água muito abaixo do normal para essa época preocupam e muito os pesquisadores.
“Essa baixa quantidade de chuvas fez com que nós tivéssemos, este ano, a menor cheia dos últimos 47 anos. E, segundo as nossas estimativas, é bem provável que nós teremos também a maior seca desse mesmo período”, avalia Carlos Padovani, da Embrapa.
(…) E aí que está o problema: com muito fogo, muita fumaça e muito calor, não acontece a evaporação e não tem aquela umidade que fica no ar para formar as nuvens de chuva. E, por isso, continua cada vez pior a seca extrema.
A explicação dos pesquisadores pode estar também na devastação da Floresta Amazônica, porque é de lá que vem a maior parte da umidade que alimenta o Pantanal. A floresta lança no ar a umidade que é levada pelas correntes até esbarrar na Cordilheira do Andes. Volta, então, distribuindo chuva para toda uma região que vai até o Sul do Brasil. Quando esse maciço verde começa a ser fragmentado, não lança tanta umidade assim e falta chuva no Centro-Oeste. (…)
Fonte: G1, Jornal Nacional; foto: IstoÉ
Quarentena diminui poluição do ar ao redor do mundo
O novo coronavírus puxou o freio de atividades humanas. Quem agradece é o ambiente.
Poucos voos, menos carros circulando, industrias produzindo menos. Com o planeta focado em combater a pandemia de Covid-19, a poluição do ar caiu consideravelmente.
Em Nova York, o tráfego diminuiu 35% desde a chegada do novo coronavírus. Isso cortou as emissões de monóxido de carbono por automóveis pela metade, em comparação a 2019. Na china, epicentro inicial da epidemia, as emissões de CO2 caíram 25% em apenas 2 semanas, o que, segundo estimativas, pode resultar numa redução de 1% em 2020.
O total de NO2 na atmosfera também ficou menor de forma repentina no norte da Itália, um dos países mais afetados pela pandemia. Por lá a diferença foi de 40% – a diferença é tão grande que dá pra ver a mancha de poluição diminuindo em imagens de telescópio. O mesmo aconteceu em países como o Reino Unido, Alemanha e Holanda. O Brasil não ficou de fora: segundo a Cetesb, houve queda de 50% da poluição do ar na cidade de São Paulo uma semana após o início da quarentena.
A má notícia é que as reduções podem ser temporárias. Após o fim da crise financeira de 2008, por exemplo, as emissões subiram 5% repentinamente, como resultado dos estímulos financeiros ao setor de combustíveis. O receio é que os esforços para recuperar a economia joguem os ganhos atuais pelo ralo.
Supernovas – Fatos, Super Interessante, Edição 415, maio de 2020, página 11; foto: O Tempo
Rui Iwersen
50 anos do Dia Mundial da Terra
A poluição do Planeta antes e durante o distanciamento social da epidemia de coronavírus.
Foto: Folha de São Paulo
O degelo da Antártida
Um bloco de gelo se desprendeu da terceira maior geleira da Antártida.
Ele pesa cerca de 330 bilhões de toneladas e tem 1.636 quilômetros quadrados – é maior que a cidade de São Paulo.
O bloco, que agora virou iceberg, será monitorado para evitar acidentes marítimos. É o maior pedaço que se desalojou da plataforma nos últimos 50 anos.
Fatos – 3 notícias sobre a Antártida, Super Interessante, edição 409, novembro de 2019, página 14; foto: Britânica
Rui Iwersen
Soluções preconizadas pelo Giec para a degradação ambiental
Quatro grandes categorias de soluções são preconizadas. A primeira engloba as estratégias de evitamento. Trata-se parar de desmatar e de destruir zonas úmidas e outras. É preciso também limitar as perdas agrícolas e o desperdício alimentar que se elevam a mais de 25% da produção no mundo. (…)
A segunda categoria de soluções diz respeito à melhora da gestão dos sistemas agrícolas, dos sistemas pastoris, das florestas. Certas práticas emitem menos gás de efeito estufa que outras e estocam mais CO2. (…) Nós as agrupamos sob os termos de agroecologia, de agroflorestação, etc. Trata-se de levar mais em conta os ecossistemas no seu conjunto, e de misturar, por exemplo, culturas ou pastoreio com plantas arbustivas perenes. (…)
A terceira categoria agrupa os sistemas alerta. Temos sistemas de alerta precoce, que permitem reagir rápido quando um incêndio inicia, que uma inundação se anuncia ou quando uma insto predador penetra numa região e ameaça arruinar as colheitas. Mas Também sistemas de alerta a médio prazo quando terras mostram sinais de degradação extrema ou que espécies são ameaçadas de extinção. (…)
Enfim, a quarta categoria diz respeito aos nossos hábitos alimentares. Os regimes alimentares que incluem uma forte proporção de cereais, de nozes, de legumes e de frutas da estação tem geralmente uma pegada de carbono 10 a 100 vezes menor que o regime da carne. Mais da metade das emissões de metano provém dos ruminantes (bovinos, ovelhas e cabras) e dos arrozais. (…)
La Recherche, nº 553, novembre 2019; Dossier spécial:Climat – faire face à l’urgence; entrevista com Nathalie de Noblet-Ducoudré, páginas 34 e 35; tradução livre de Rui Iwersen; Foto: Bayer Jovens
Rui Iwersen, Oceano Atlântico, aproximando de Salvador.
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2 Comments to “ Aquecimento global”
É de suma importância esse tipo de colocação cronológica, mostrando a clareza dos efeitos das tempestades que assolam nosso pais. Espero que as pessoas tomem consciência do que está acontecendo.
Muito bom ter estas notícias aqui! Eu pesquiso e logo acho! Um beijo, :*