Reflexões ecológicas
Publico aqui pequenas sínteses de livros, revistas, jornais e outras mídias; publico reflexões de pensadores como Darwin, Freud, James Lovelock, Jared Diamond, Richard Dawkins e Yuval Harari; publico reflexões sobre o Universo, a Terra, a Natureza, a Vida e o Homem.
Colapsos – Série de GaiaNet nº 22
Colapso nº 13 – Entrevista com Jared Diamond
A magnitude atual das mudanças climáticas ultrapassa muito qualquer variação natural verificada nos últimos milhões de anos
Nos últimos anos temos visto um aumento dos ciclos de calor em certas áreas e o declínio em outras. (…) Como você enxerga essa questão?
A essência da mudança climática é que, no final das contas, o mundo está ficando mais quente. Algumas áreas estão ficando mais frias, porém um número maior delas está mais quente. Ou seja: o mundo está ficando mais variável.
Os céticos dizerem que isto é apenas “um ciclo natural da Terra” é o mesmo que dizer que não deveríamos nos preocupar se 500 pessoas forem assassinadas todos os dias em São Paulo ou Los Angeles porque morrer é parte do ciclo natural da vida. A magnitude atual das mudanças climáticas ultrapassa muito qualquer variação natural verificada nos últimos milhões de anos.
Em uma escala de 0 a 10, qual a chance de entrarmos em colapso?
Eu diria que a chance é de 4,99 (o que é um risco grande) se tivermos políticas sérias [para conter os problemas atuais]. Agora, se não mudarmos nosso estilo de vida, a probabilidade é de 9,99 em 10.
Fonte: Super Interessante, Edição Especial, Apocalipse – O fim do mundo, Edição 291-A, maio de 2011, página 68; foto: Waves.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 29
Áreas vastíssimas do continente europeu eram habitadas por sociedades que muito provavelmente classificaríamos como tribais
Poucas regiões do mundo abrigaram um florescimento antigo e vigoroso de organizações estatais. As principais são velhas conhecidas dos livros de história dos ensinos fundamental e médio: a bacia do Mediterrâneo, a Mesopotâmia, as zonas de influência da Índia e da China (e, é claro, a América Central e os Andes).
Temos outros núcleos, mas quase todos são mais tardios e/ou parecem ter adquirido seus Estados, em larga medida, graças à pressão de sociedades estatais que viraram imperiais nas sua vizinhanças. A hoje desenvolvida Europa, aliás, talvez seja o exemplo mais claro: pouco antes do começo da Era Cristã, áreas vastíssimas do continente, incluindo os atuais territórios de Portugal, da Espanha, da França, do Reino Unido, da Alemanha e da Rússia, eram habitadas por sociedades que muito provavelmente classificaríamos como chefias (organizadas, portanto, de um jeito bastante parecido com o modo de vida de Marajó ou do Xingu antes da conquista europeia).
Foi preciso que a Roma imperial fincasse seu gládio (a espada curta romana) em vários desses territórios para que seus moradores enfim conhecessem a mão pesada do Estado. Em última instância, os Estados nacionais modernos da Europa só surgiram porque decidiram recuperar de vez a herança do Império Romano, após alguns séculos de retorno a uma situação muito próxima à de chefias na Idade Média.
Reinaldo José Lopes, 1499 – O Brasil antes de Cabral, Epílogo – Por que o Brasil pré-histórico foi derrotado, Editora Harper Collins, páginas 223 e 224; foto: Surgiu.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
#OBrasilDepoisdeCabral
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Saúde do Planeta nº 36
74% das emissões do Brasil em 2018 estavam relacionadas à agropecuária
Diante das mudanças climáticas, o Brasil tem um desafio que é também uma oportunidade: adaptar seu modelo de agropecuária e, de quebra, cuidar do meio ambiente.
Três quartos das emissões brasileiras estão relacionadas à agropecuária, principalmente pelo desmatamento gerado para a abertura de novas produções.
Industria, energia (especialmente transporte rodoviário) e resíduos completam essa conta.
Fonte: Galileu, edição 329, dezembro de 2018, O país do futuro, páginas 24 e 25; foto: Aprova Total.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Biodiversidade nº 11
O cérebro humano possui 3.300 tipos de células, 86 bilhões de neurônios e 84 bilhões de outras células
3.300 tipos de células estão presentes no cérebro humano, segundo o Brain Cell Census: um projeto de 375 milhões de dólares que foi iniciado em 2017 pelo National Institutes of Health (NIH), do governo americano, e agora publicou seus primeiros resultados.
A complexidade surpreendeu os cientistas – até então, acreditava-se que o cérebro tivesse algumas centenas de tipos de células, não milhares. Além dos neurônios, 86 bilhões deles, o órgão também possui 84 bilhões de outras células, que desempenham diversas funções.
Super Interessante, edição 457, novembro de 2023, Supernovas, página 13; foto: Microsoft Bing.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Colapsos – Série de GaiaNet nº 22
Colapso nº 12 – Entrevista com Jared Diamond
Más decisões levam certas sociedades ao colapso e boas escolhas permitem a algumas sociedades sobreviver
Colapso foi publicado há seis anos [ em 2005].Você enxerga o mundo de forma mais otimista hoje?
Vejo o mundo de forma similar à que via há seis anos atrás [em 2005]: os mesmos problemas, problemas ficando piores, muitas pessoas fazendo coisas estúpidas e algumas fazendo coisas sensatas.
No livro você cita cinco fatores que levam ao declínio das sociedades. Eles continuam válidos?
Sim. E não irão mudar porque são inerentes ao mundo e à sociedade humana. Impacto no ambiente causado pelo homem, mudanças climáticas, inimigos, amigos e instituições sociais, políticas e econômicas estarão conosco para sempre.
O que podemos aprender com as sociedades que se extinguiram?
[Podemos aprender] Que más decisões levam certas sociedades ao colapso e que boas escolhas permitem a algumas sociedades sobreviver. Podemos então escolher tomar boas ou más decisões, dependendo se queremos ou não entrar em colapso.
Super Interessante, Edição Especial, Apocalipse – O fim do mundo, Edição 291-A, maio de 2011, página 66; foto: Grupo Editorial Record.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 28
As informações a respeito da existência de grandes cidades e impérios do outro lado das montanhas eram vagas e desencontradas
É claro que existiam Estados nas Américas pré-colombianas, mas eles estavam concentrados no México, na América Central e nos Andes. Mais importante ainda, não havia, até onde sabemos, nenhuma conexão diplomática ou política “em tempo real” entre essas entidades estatais. (…)
Do mesmo modo, embora as sociedades indígenas da Amazônia estivessem envolvidas em complexas redes de comércio de longa distância com seus vizinhos andinos a oeste da floresta, as informações que os membros das chefias amazônicas tinham a respeito da existência de grandes cidades e impérios do outro lado das montanhas eram vagas e desencontradas, e ficavam ainda mais genéricas e fantasiosas quando fornecidas pelos grupos Tupi e Guarani do litoral.
Reinaldo José Lopes, 1499 – O Brasil antes de Cabral, Epílogo – Por que o Brasil pré-histórico foi derrotado, Editora Harper Collins, páginas 222 e 223; foto: Zarpo Magazine.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
#OBrasilDepoisdeCabral
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Saúde do Planeta nº 35
Um aumento de 4ºC da temperatura seria suficiente para arrasar a floresta amazônica, transformando-a em cerrado ou deserto
Assim como na superfície do oceano, os organismos podem gostar de calor, mas as propriedades da água impõem um limite de crescimento.
Richard Betts, do Hadley Center, mostrou como as grandes florestas úmidas tropicais superam, em certo grau, essa limitação adaptando-se ao seu meio ambiente quente para conseguir reciclar água. O ecossistema faz isso sustentando as nuvens e a chuva sobre a copa da floresta, mas essa capacidade é limitada.
Ele e Peter Cox afirmam que um aumento de 4ºC da temperatura seria suficiente para arrasar a floresta amazônica, transformando-a em cerrado ou deserto. Este aumento poderia decorrer em parte das consequências locais de evaporação mais rápida da chuva, mas também de mudanças globais nos padrões de vento em um mundo 4ºC mais quente.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, Editora Intrínseca, 2006, página 39; foto: PrePara Enem.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Biodiversidade nº 10
A importância da biodiversidade brasileira
“O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo.”
Jornal Hoje, 8 de dezembro de 2023; foto: Acembra Sincep News.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Colapsos – Série de GaiaNet nº 22
Colapso nº 11 – Entrevista com Jared Diamond
A chance de um colapso é basicamente 100% se continuarmos a adotar nosso estilo de vida atual
Será que a sociedade atual pode ter o mesmo destino de civilizações como a da Ilha de Páscoa, varrida do mapa por suas atitudes pouco sábias? A resposta, segundo o biogeógrafo americano Jared Diamond, é sim.
E a chance é basicamente 100% se continuarmos a adotar nosso estilo de vida atual, que une destruição dos recursos naturais, mudanças bruscas no clima e fatores políticos, econômicos e sociais que dificultam ou impedem a solução de questões ambientais.
Super Interessante, Edição Especial, Apocalipse – O fim do mundo, Edição 291-A, maio de 2011, página 66; foto: Universo Racionalista.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 27
A diferença crucial foi a ausência de Estado centralizado entre os nativos brasileiros
Em última instância, entretanto, as diferenças de potencial tecnológico e bélico entre os ameríndios brasileiros e os invasores europeus começam a parecer relativamente desimportantes diante da principal distinção entre os dois tipos de sociedade: a presença de Estados politicamente centralizados do lado leste do Atlântico versus a ausência desse tipo de entidade política por aqui.
É claro que existiam Estados nas Américas pré-colombianas, mas eles estavam concentrados no México, na América Central e nos Andes. Mais importante ainda, não havia, até onde sabemos, nenhuma conexão diplomática ou política “em tempo real” entre essas entidades estatais.
Reinaldo José Lopes, 1499 – O Brasil antes de Cabral, Epílogo – Por que o Brasil pré-histórico foi derrotado, Editora Harper Collins, página 222; foto: Aventuras da História.
Rui Iwersen, médico, editor de GaiaNet.
#OBrasilDepoisdeCabral
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Combater o aquecimento global não é só uma questão de vontade e esforço
Combater o aquecimento global não é só uma questão de vontade e esforço: também há um problema de escala envolvido. Isso porque, mesmo com todo o crescimento das fontes renováveis nos últimos anos, 80% de toda a energia consumida pela humanidade ainda é de origem fóssil.
Algumas nações, como o Brasil e a França, já têm matrizes energéticas bem limpas; mas as demais, incluindo os países que mais consomem energia no mundo, ainda são totalmente dependentes da queima de carvão e gás.
Descarbonizar tudo isso (ou uma parte grande o suficiente para frear o aquecimento global), com as tecnologias existentes hoje, será bem difícil.
Fonte: texto: Super Interessante, edição 459, janeiro 2024, páginas 26 e 27; foto: Tempo.com
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Biodiversidade nº 9
Abelhas, uma “sociedade de classes”
Uma colmeia tem [cerca de] 50 mil abelhas, organizadas em três categorias de indivíduo – com características e obrigações diferentes.
Trabalhadoras
São fêmeas e fazem todo o trabalho. Vivem 45 dias. (…)
Zangões (drones)
São machos e bem menos numerosos: há 1 deles para cada 100 trabalhadoras. Sua função é reprodutiva, acasalar com a abelha rainha. (…) Vivem 80 dias.
Rainha
É bem maior do que as outras, porque recebeu a “geleia real”. (…) Acasala com vários zangões para fertilizar seus ovos, que produz em grande quantidade: 1500 por dia. Vivem até 7 anos.
Super Interessante, Edição 459, janeiro 2024, A inteligência das abelhas, página 35. Foto: UPF/Universidade de Passo Fundo.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Colapsos – Série de GaiaNet nº 22
Colapso nº 10 – Entrevista com Jared Diamond
A humanidade, tal como a conhecemos, caminha para o colapso
Para Jared Diamond, biogeógrafo americano que estuda a ascensão e queda das civilizações, o futuro da humanidade, tal como a conhecemos, caminha para o colapso.
Para evitar ou reduzir o aquecimento global e a escassez de recursos naturais é necessário mudar completamente nosso modo de vida.
Super Interessante, Edição Especial, Apocalipse – O fim do mundo, Edição 291-A, maio de 2011, página 65; foto: HipeScience.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Saúde do Planeta nº 34
Quando se trata de previsão do clima, é preciso conhecer a natureza da superfície da terra
Mas, quando se trata de previsão do clima, não basta considerar apenas a física da atmosfera. É preciso levar em conta como o oceano armazena calor e dióxido de carbono, e a dinâmica de suas trocas com a atmosfera. É preciso também conhecer a natureza da superfície da terra – se está ou não coberta de neve faz uma enorme diferença, por exemplo.
As florestas agora conhecidas não são áreas passivas em um mapa, com propriedades climáticas fixas, mas protagonistas vivos do sistema climático. O mesmo acontece com a superfície do oceano e os organismos que vivem nele. As nuvens e partículas de poeira suspensas no ar também exercem um efeito poderoso sobre o clima.
Para levar em conta o grande número de variáveis, precisamos de um computador grande.
James Lovelock, A Vingança de Gaia, Editora Intrínseca, 2006, página 57; foto: Geolnova.
Rui Iwersen, editor de GaiaNet.
Série de GaiaNet nº 21
1501 – O Brasil depois de Cabral nº 26
As armas e armaduras de metal europeias fizeram a diferença nos conflitos com os indígenas
O que talvez tenha feito uma diferença significativa [entre os indígenas e os europeus] do ponto de vista do equipamento bélico foi a presença de armas e armaduras de metal do lado ibérico do conflito.
Embora até as armaduras europeias pudessem ser atravessadas pelas flechas dos Tupinambá de vez em quando, conforme relato de cronistas, é difícil imaginar que a maioria dos confrontos não tenha mostrado a superioridade do aço das espadas, lanças e capacetes do Velho Mundo no combate corpo a corpo.
Os próprios Tupinambá do Maranhão teriam reconhecido esse fato, segundo o frade capuchinho Claude D’Abbeville, ao contarem a seus aliados franceses uma narrativa da criação das diferentes raças humanas na qual as armas metálicas desempenham um papel-chave.
Reinaldo José Lopes, 1499 – O Brasil antes de Cabral, Epílogo – Por que o Brasil pré-histórico foi derrotado, Editora Harper Collins, páginas 221 e 222; foto: 123RF.
Rui Iwersen, médico, editor de GaiaNet.
#OBrasilDepoisdeCabral
#SériedeGaiaNet
#IndígenasdoBrasil
#PovosOriginários
Veja mais…
- Published in Reflexão Ecológica